Os olhares se cruzaram, mas Sombra continuou andando, e cada passo era como um prego sendo fincado no peito de Endi.Assistiu o pai ajeitar a jaqueta como sempre fazia antes de uma luta. Lembrou de como ele o colocava sobre os ombros, corria atrás dele para forçá-lo a pentear os cabelos.Por fora, ele permaneceu imóvel, os braços cruzados, os olhos frios, como sempre.Mas por dentro, tudo parecia trincar. E em pensamento repetia o pedido que o coração gritava. “Para pai, eu te amo, para, por favor.”Endi respirou fundo, mas o ar como se o cortasse por dentro.— NÃO!Sombra o encarou, mas continuou andando, os soldados pararam vários metros atrás, o único que ainda o seguiu mais alguns passos foi Ivan, apesar disso, tudo o que Fera enxergava era o homem que havia dado a vida pela sua filha.Não era medo, mas vê-lo ali o fez parar.— Pai. Eu dei uma ordem.A frase saiu como se rasgasse sua garganta.Sombra ouviu e a voz do filho o fez se lembrar do garotinho que implorava para que ele n

Três alvos completamente destruídos e o coração de Killer ainda estava apertado, não se sentia no direito de ir ao centro médico, o lugar estava lotado, a família de Sombra era enorme e os soldados mais próximos também se aglomeraram ali.Voltou para casa e encontrou Polaco sentado na cadeira de balanço que ela deixava ali.Nem olhou para o executor.Passou por ele e assim que abriu a porta avisou.— Levanta daí, foi presente do Dragon, se quebrar eu te mato!Polaco se levantou e estendeu um caixa que estava em seu colo.— Queria te dar isso, não gosta de flores, mas disse eu sei que vai gostar.Killer olhou de lado, mas decidiu aceitar. Abriu a caixa e realmente se apaixonou pelo presente.Dentro da caixa havia uma faca tática, a lâmina em aço negro e o cabo esculpido trazia a inscrição do que ela sempre dizia quando se armava.“Para quando as palavras falharem” Não soube o que dizer, mas os olhos brilharam. A faca antiga foi substituída imediatamente na bota dela e quando se levant

Esperas podem ser frustrantes, a sensação estranha de que a vida fica suspensa até que o esperado momento finalmente se apresente.Longe dali, Hope esperava o momento do parto, cheia de cuidados que vinham de todas as partes, a médica também estava ansiosa, ela receberia em seus braços um presente que desde que recebeu o diagnóstico de MRKH, a síndrome com o nome tão longo que era quase impossível falar sem usar a sigla, também determinou o destino da ginecologista.Descobriu ainda na infância que não possuía um útero viável para gerar vida, mas o pior ela descobriu quando tentou ter sua primeira relação sexual, a vagina também era reduzida, pequena demais para que ela pudesse se relacionar dessa forma, a menos, é claro que ela passasse por uma cirurgia.O tempo passou e a médica escondeu sua condição de todos, se especializou em ginecologia na esperança de um dia conseguir encontrar soluções viáveis para aquela síndrome.No entanto, a solução não veio da medicina e sim daquele casal

Júlia estava de costas lavando os cabelos, não tinha a menor pretensão de provocar o marido, mas sempre provocava.Ethan era o tipo de homem que gostava do simples, ele não pedia para que ela dançasse para ele, nem que usasse roupas diferentes, mas se excitava sempre que ela secava o cabelo perto da janela, ou aparecia em casa com as unhas dos pés com florezinhas.Nada programado, só a vida acontecendo, era isso que o enlouquecia, ver a beleza de Júlia no cotidiano, ela não percebeu que o marido trancou a porta do banheiro.Só se virou quando sentiu o calor do corpo dele atrás do seu.— Eu amo isso.A pele quente, colada na dela, as mãos do marido que passeavam de um jeito perfeito. Ele não tinha mudado nada, cada detalhe ainda era idêntico ao passado.Ele não respondeu. Só segurou a cintura da esposa com as duas mãos e colou o peito nas costas dela. Sem cerimônia. Sem pedido de permissão. Ela era dele, e ele era dela, e ambos sabiam disso.— ViraEla obedeceu, mas não por desejo, só

Sombra saiu do quarto correndo, tropeçando nas coisas que ele mesmo deixou jogadas. Foi parado na escada pela esposa que correu atrás dele enrolada em um lençol.— ETHAN FOSTER!Sombra parou e até endireitou a postura antes de olhar para trás com os olhos arregalados.— Esquisita?Júlia não gritava, nunca gritava!— Nem pense em sair assim.Ela falou olhando para baixo, para uma região que tinha acabado de sair do parquinho e que adoraria voltar para lá.— Com ciúme?Júlia colou o corpo no dele e sussurrou com aquele jeitinho que só ela tinha.— Medo de você ficar gripado. Quero você igualzinho está agora, sem nenhum detalhe a menos.Sombra olhou para baixo e viu que poderia voltar com ela para o quarto sem problemas.— Vou só achar a Amara e o Théo. Me espera no quarto? Assim, com esse lençol. Não muda nada.Ela puxou o marido de volta para o quarto, ajudou ele a se vestir e colocou a roupa também.— Ah.— Ah, nada. Você vai procurar o Théo e a namorada, eu vou preparar alguma coisa