Cap. 100Maya estava com a pilha de pastas nas mãos quando a porta se abriu.Lana entrou, com o ventre pesado, anunciando suas últimas semanas de gestação.O olhar de Maya congelou.Dei um passo para trás, instintivamente, o coração batendo forte. Pensei, por um breve momento, que Lana não se lembraria de mim.— Quem diria… — disse Lana, com um sorriso enviesado. — Você voltou.Permaneci imóvel, tentando entender o que estava acontecendo.Lana riu baixo, com escárnio.— Mas ele nem mesmo se lembra de você, não é? Por que decidiu voltar?— Eu… não sei do que você está falando — respondi, sentindo minha voz hesitar.— Ah, claro que sabe. — Lana se aproximou, dando voltas em torno de mim como uma predadora. — E como está sendo… se aproximar de um homem casado?Não respondi. Recuo mais um passo, abraçando a pilha de pastas contra o peito, como se isso pudesse me proteger.Lana parecia se divertir com o peso da tensão.— Não vai dizer nada? — inclinou a cabeça, a voz impregnada de falsa cu

Cap. 102A tarde caiu pesada sobre os ombros de Maya.Sentada em sua cadeira, ela manteve a coluna ereta enquanto lia contratos densos, repletos de cláusulas e termos jurídicos que exigiam atenção total.A ponta da caneta arranhava o papel com pequenas correções.As letras dançavam à sua frente, mas ela não podia se dar ao luxo de parar — mesmo que, a cada segundo, parecesse que Lana ia invadir a sala com mais alguma surpresa — enquanto sua mente fervilhava pensando em seus trigêmeos e como eles estavam se saindo na escola, receando que Lana tentasse algo, já que ela já havia tentado tirá-los.O ar-condicionado zumbia ao fundo.Maya saiu por um instante apenas para entregar alguns documentos a Soraya, após ela ligar pedindo, mas — como esperado — os funcionários do andar superior já estavam a massacrando, e ela sabia que isso já tinha corrido até o último andar da empresa. Sua imagem estava sendo cada vez mais denegrida.— Vamos mesmo deixar ela passar impune? — dizia uma voz abafada

Cap. 104Matheo foi arrancado de cima dela com a força de um vendaval. Voou pela sala como um boneco de pano, colidindo com a parede e caindo de joelhos. Maya ofegou, livre, caindo para frente e se apoiando nos cotovelos, o corpo ainda fraco.Ela ergueu o olhar.Ali estava Kan.O alfa irradiava raiva silenciosa, o maxilar travado, os olhos brilhando com um dourado animalesco. Seu peito subia e descia com a respiração pesada, o terno amassado, os punhos fechados. Era o lobo. Era o homem. Era a tempestade.Matheo tremia diante dele, com o rosto marcado pelo impacto.— P-perdão, alfa... eu não sabia... eu não...!— Você se atreve a tocar na parceira de outro lobo? — o alfa rosnou para Matheo, os olhos ainda mais ameaçadores. — Você deveria morrer. Agora.A sala estava em silêncio absoluto, exceto pelo som abafado da respiração frágil de Maya e o tremor nos ossos de Matheo.Ele deu um passo adiante. Maya achou que ele realmente fosse acabar com tudo ali. Mas, ao invés disso, ele parou ao

Cap. 106— Mas que diabos estou vendo? Eu não quebrei a maldição? — ele se perguntou, curioso, desviando o olhar como se tivesse visto algum pecado.Mas, quando olhou novamente para ela… congelou.A expressão dele mudou ao confirmar a similaridade perfeita.— Pelo inferno… — sussurrou.Seus olhos se arregalaram ao reconhecer algo que não esperava.— Então é por isso que Lana conseguiu enganar Kan no início.A verdadeira. A mulher que aquela impostora tentou substituir.Um sorriso cresceu nos lábios dele.— Astuta. Muito astuta mesmo. Aquela maldita estava, todo esse tempo, tirando tudo de você... Então, se você é a mesma mulher da época em que Kan iria se casar... que ele insistia ser Nova... você pode ser ela? — ele se perguntou, sentindo o coração gelar. Mas ele não conseguia sentir a adaga. Ainda assim... ainda assim...Todo desejo se transformou em algo muito mais desesperador para Gaunch, que engoliu em seco, apertando Maya em seus braços com pesar.— Por favor... — ele sussurrou

Cap.108— Eu não sei do que você está falando, e eu não sou essa Nova. Tenho certeza. Eu nem mesmo tenho qualquer dom… sou uma loba que, desde o nascimento, é inútil. Ainda assim... mesmo com esse vínculo, você é diferente do Kan — ela disse, quase num sussurro.— Diferente bom ou diferente ruim? — ele perguntou, arqueando uma sobrancelha, a voz carregada de charme tranquilo.Maya riu, corando. Ela ficava surpresa com o quanto simpatizava com ele com uma facilidade nunca vista. Por alguma razão, ela não resistia ao vínculo dele como resistia ao vínculo com Samuel Kan. Qual era a diferença entre os dois?— Só… diferente. Você é mais fácil de lidar. Mais… aberto e sincero.Ele se inclinou um pouco, o rosto mais próximo do dela.— Eu sou seu parceiro, e um lobo sem feridas, Maya. Acha que eu vou dificultar a nossa vida se você escolhesse ficar ao meu lado? Eu te manteria comigo… sem medo de soltar sua mão no momento certo.Ela piscou, o coração acelerando.— Você parece tão… gentil. Aind