Cap. 101

Ponto de vista maya.

Parei onde estava, o corpo inteiro em alerta, como se cada músculo soubesse que algo prestes a sair da boca dele poderia ser de alguma descoberta relevante.

Kan me soltou devagar, como se pesar fosse inútil, e voltou a se sentar à mesa.

Ele abaixou os olhos, pensativo, e ficou em silêncio por um tempo que pareceu maior do que o mundo inteiro.

Minha Luna… vai passar alguns dias na empresa — disse por fim. A voz dele parecia neutra, mas eu sentia o veneno por trás. — Mas não vai durar muito. Ela só decidiu… fazer alguma coisa.

Ele respirou, cansado.

— E eu não quero brigar com ela agora. Não com a gestação tão adiantada.

Senti meus ombros caírem, como se eu carregasse uma mala de pedra. Evitei encará-lo.

— Tudo bem… Eu só quero continuar trabalhando. Você deve cuidar da sua família. Eu não quero causar problemas.

Mas eu sabia que era mentira — para mim mesma, principalmente.

Ele franziu o cenho, descontente com a resposta.

— Isso não é por sua causa, Maya.