Ainda ajoelhados, rindo e chorando, Max me envolveu num abraço como se tivesse esperado por aquilo por uma vida inteira.— Eu achei que você fosse desmaiar — ele sussurrou, rindo contra o meu pescoço.— Eu quase desmaiei — confessei, rindo também, com a voz embargada pela emoção.As luzes do jardim pareciam mais vivas. A noite mais quente. O coração, mais cheio. Quando nos levantamos, Clara veio correndo com Giovanni no colo. Ele dormia, sereno, com os dedinhos agarrados na blusa dela. Ela me entregou nosso menino com o maior dos sorrisos.— Seu noivo está oficialmente perdoado por tudo agora?Ri e abracei os dois.— Ele já estava perdoado há muito tempo. Só que ele não sabia.Clara piscou.— Eu sabia.Ricardo se aproximou logo depois, e nos puxou num abraço coletivo.— Agora vocês não têm mais desculpa pra não fazerem um festão — disse, bem-humorado. — Porque eu já comecei a planejar, e aviso logo: quero ser padrinho.— Eu também! — gritou Clara, fazendo todo mundo rir.E então, para

MaxO apartamento estava silencioso. Giovanni tinha saído com Charlotte e Clara para ver mais detalhes do buffet, e Matteo tinha dado uma desculpa qualquer para “resolver uma coisa no centro”, o que eu sabia que era código para: “Vou mandar fazer mais lembrancinhas sem ninguém me impedir.”Era minha chance.Estava sentado à mesa do escritório com um caderno aberto, duas canecas de café frias, três folhas amassadas no chão e quatro frases que eu odiava escritas à minha frente.Suspirei e cocei a nuca. Meus votos.Tantas palavras no mundo, e nenhuma parecia boa o suficiente pra ela.— "Desde que te conheci, minha vida mudou..." — li em voz alta e imediatamente fiz uma careta. — Pior que cartão de Dia dos Namorados.Risquei a frase e recomecei.— "Você me salvou." Simples. Verdadeiro. Mas... vazio demais. Como se faltasse o coração batendo ali dentro.Suspirei, frustrado, e comecei a bater o lápis contra o caderno. Giovanni faria melhor. Ele apontaria para Charlotte, gritaria “mamã!” e p

Na véspera do casamento, a ansiedade estava no ar, mas havia algo de diferente naquela noite. Era como se o tempo, por alguns instantes, tivesse decidido desacelerar, permitindo que eu respirasse com mais calma, sentisse os detalhes e me perdesse no significado de tudo aquilo.Eu estava sentada na cama, Giovanni dormindo tranquilamente ao meu lado. O quarto estava silencioso, exceto pelo som suave da brisa batendo nas cortinas. As luzes da cidade, lá fora, piscavam suavemente, como se também estivessem esperando pelo grande dia.Enquanto eu me preparava para dormir, uma leve batida na porta me fez levantar. Max apareceu, com um sorriso tímido, um tanto quanto misterioso. Ele me entregou um envelope, o papel grosso e de cor creme estava lacrado com cuidado.— Isso é para você, Charlotte. — Ele sorriu suavemente e, antes que eu pudesse perguntar, ele já estava indo embora, deixando o ambiente com aquele ar de expectativa.Fiquei ali, olhando para o envelope, sentindo algo em meu peito a

MaxEu estava nervoso. Era uma sensação estranha, porque eu nunca fui de me entregar à ansiedade. Sempre controlei tudo, cada detalhe, cada passo. Mas hoje… hoje era diferente. Hoje era o dia em que eu não tinha controle nenhum. O dia em que eu estava prestes a dar um passo em um território desconhecido, um passo em direção a algo que, por mais que eu quisesse, eu não poderia manipular, nem prever os resultados. Eu estava a ponto de casar com Charlotte, e tudo dentro de mim queria que fosse perfeito. Mas, ao mesmo tempo, me dava conta de que, se havia uma coisa que eu não poderia controlar, era o que estava por trás desse amor. Esse amor, que parecia ter uma força própria, maior do que eu jamais poderia entender.Estava ali, no camarim, tentando ajeitar a gravata pela milésima vez, e mesmo assim, sentia como se ela estivesse torta, como se nada estivesse no lugar. O olhar no espelho me fazia pensar que eu nunca seria capaz de parecer o suficiente para ela. Eu estava a ponto de perder

Eu nunca soube o que esperar daquele momento. Mas, quando olhei para Charlotte, com seus olhos marejados e o sorriso mais lindo que eu já vi, as palavras vieram como se sempre tivessem estado ali, esperando para ser ditas.Eu podia ver as mesmas emoções brilhando nos olhos dela, e aquilo fez o peso do que eu ia dizer parecer menor. Eu não precisava me preocupar com o que ela pensava. Eu só precisava ser eu, com todas as minhas falhas e erros, mas também com tudo o que sou agora, graças a ela.Então, com a voz firme, mas carregada de toda a verdade que eu sentia, comecei a falar.— Charlotte, — minha voz saiu rouca, e eu precisei respirar fundo para continuar. — Eu não sabia que era possível amar alguém assim.Eu olhei para ela, realmente a vi naquele instante. Como se tudo ao meu redor tivesse se apagado e ela fosse a única coisa que existisse. Ela me fazia sentir mais do que eu jamais imaginei que poderia ser. Eu não sabia o que era amor até ela.— Você não só mudou a forma como eu v