Helena baixou o olhar e viu o olhar de Bruno sobre ela, terno e profundo.Ela não se deixou comover, pelo contrário, havia uma tristeza amarga em seu peito. Ela levantou levemente o queixo, controlando as lágrimas, e a voz saiu rouca:— Bruno, como é que eu posso perdoar? Como podemos ainda ser marido e mulher? Todas aquelas noites, já estou seca de tanto chorar, meu coração se quebrou tanto que nem eu mesma consigo mais juntar os pedaços. Se não fosse a minha paixão por você naquela época, a minha avó ainda estaria bem... Ela ainda estaria bem.Helena abaixou os olhos, as lágrimas brilhavam no canto deles.Bruno sentiu o coração amolecer imediatamente. Ele compreendeu o que se passava na mente de Helena: ela se culpava profundamente, atribuía a si mesma o maior erro, e por isso não conseguia perdoar.Com a ponta dos dedos ásperos, ele limpou suavemente suas lágrimas, mas a pele dela era tão delicada que logo se avermelhou, despertando ainda mais ternura. Bruno não resistiu e se inclin

Quando ela acordou, não estava mais na Mansão Torrente, mas na sala de descanso do escritório do Grupo Glory. Era a primeira vez que Helena vinha ali. Mesmo quando foi esposa de Bruno, nunca tiveram momentos íntimos nesse lugar.O espaço tinha cerca de 60 m², limpo e elegante, com tons de preto e cinza. O estilo característico de Bruno.Helena se levantou e percebeu que seu conjunto de roupa havia sido substituído por uma camisa preta e um short esportivo masculino, provavelmente algo que Bruno deixou ali anos atrás. A cintura estava um pouco folgada, mas, com o cordão, dava para usar.Ela não se preocupou em adivinhar quem tinha trocado, o importante era que se sentia confortável. Helena desceu da cama e foi até a janela de vidro, pegando um porta-retrato da estante.Era uma foto dela com Bruno de quase quatro anos atrás, sentados em um banco debaixo da roda-gigante. Ela estava grávida de Gonçalo e Bella. Naquele dia, Bruno passou por lá devido a um evento, se agachou ao seu lado no c

A cozinha estava silenciosa, havia apenas Bruno na bancada, organizando os ingredientes. Ele vestia uma camisa preta e calça social preta, realçando seus ombros largos e a cintura estreita. Uma figura alta e imponente.Suas costas eram atraentes, perfeitas para uma mulher se aconchegar. Helena, parada à porta, se lembrou de como já desejou isso intensamente no passado. Agora, só havia suspiros e melancolia.Ela ficou quieta, observando Bruno cortar os legumes. Parecia estar preparando uma salada, macarrão e costeletas assadas ao estilo italiano. Mesmo manuseando tudo com uma mão, Bruno mostrava habilidade, estava claramente acostumado a cozinhar para Gonçalo. Suas sobrancelhas suavemente curvadas, os olhos baixos, a expressão gentil... Comparado ao Bruno de anos atrás, era outro homem. Agora, não mais preso à fama e ao poder, parecia um marido dedicado.Helena não quis interrompê-lo e se afastou silenciosamente, mas Bruno percebeu sua presença. Olhou para ela e disse, com a voz masculi

— Solta...Mas o homem não se importou com seu pedido. Seus olhos negros estavam cheios de intensidade, segurando o rosto dela com uma mão como se quisesse engoli-la por completo. Ele ainda agarrou os braços de Helena, puxando-os para seu pescoço.Ele queria que ela o olhasse, queria que ela visse como ele a beijaria.Tudo ficou confuso. Aqueles sentimentos reprimidos de amor e ódio irromperam, se transformando em um corpo colado ao toque apertado.Lá fora, a chuva fina caía sem cessar.No limite entre razão e desejo, eles ainda se controlaram para não chegar ao último passo. Helena se apoiou no ombro dele, a voz saindo leve e desesperada:— Bruno, eu ainda te odeio.A camisa de Bruno estava solta. Ele segurava o corpo macio da mulher, a voz úmida e rouca ao responder:— Eu sei! Helena, eu sei!Lágrimas quentes escorriam pelo rosto dela, mas Helena não deixava Bruno vê-las. Aquele era o seu momento mais vulnerável....À noite, Bruno voltou para a suíte principal.A mala estava jogada

A mulher amada, macia e delicada, colada ao seu peito... Como Bruno poderia não se comover?Mas ele não podia ceder. Com voz suave, acalmou Helena, lembrando-a de que Gonçalo ainda tinha tempo, que ela acabava de passar pelo procedimento de fertilização in vitro, e que seu corpo não estava pronto para intimidade.Helena foi se acalmando aos poucos.O sol poente laranja refletia nas vidraças, como chamas lambendo o vidro. No quarto, a luz quente tingia tudo, como um vitral âmbar, envolvendo o casal.Helena não se afastou, seus braços ainda envolviam o pescoço dele.Na verdade, ela estava com medo. Sendo uma mãe, como poderia não ter medo?Depois de anos de casamento, Bruno a conhecia bem, ele percebeu que Helena havia chorado. Segurando seu corpo, suas mãos deslizando suavemente pelas costas, ele a acalmava com ternura:— Estou aqui, o Gonçalo vai ficar bem.Helena ergueu a cabeça e olhou para ele.Naquele momento, ela estava completamente submissa, na primeira intimidade deles depois d