Bridget se afastou do balcão para conferir algo próximo à vitrine da livraria, ainda sentindo o coração aquecido pelas palavras de sua mãe. Lá fora, a cidade seguia seu ritmo apressado. Pessoas passavam de um lado para o outro, carros buzinavam ao longe, e o céu começava a ganhar tons dourados do fim de tarde.Ela se aproximou do vidro para observar melhor a fachada recém-pintada da livraria. Sorriu com orgulho. Estava ficando do jeitinho que ela imaginava.Foi então que sentiu de novo.Aquela sensação inquietante... Como se olhos invisíveis acompanhassem cada um de seus movimentos. Um arrepio percorreu sua nuca.Ela olhou ao redor da loja — tudo normal. Letícia mexia em um bloco de anotações enquanto Melinda conversava com ela. E mesmo assim... o incômodo não passava.Bridget então olhou para fora.Foi rápido.Um vulto escuro, do outro lado da rua, parado por um segundo entre duas pessoas que caminhavam apressadas. Alto. De postura rígida. Aparentemente um homem. Ele parecia olhá-la

Bridget saiu da delegacia com o coração acelerado e os pensamentos em turbilhão. O céu da cidade estava nublado, como se até ele carregasse o peso do que ela acabara de descobrir.Agnes havia espionado sua família por anos. Todos os passos, todas as conversas. Nenhum segredo estava realmente seguro.Ela entrou no carro do policial que a levara e, no caminho de volta à Livraria-Café Tulipa, permaneceu em silêncio. A cada esquina, lembranças surgiam em flashes – o casamento forçado, as manipulações de Agnes, a dor nos olhos da mãe, os segredos que sufocaram sua juventude.Assim que o carro parou, ela agradeceu e desceu devagar, seus passos firmes, mas seus olhos perdidos. Ainda segurava a pasta com os documentos que Taylor havia entregue – parte do inquérito e alguns prints das imagens coletadas.Quando estava prestes a entrar, seu celular vibrou. Era Andrew.Ela hesitou. Respirou fundo e atendeu.— Oi? — sua voz saiu contida.Do outro lado, Andrew pareceu surpreso com o tom dela.— Bri

— Vou pedir para reforçarem a segurança ao redor da casa. E talvez... você devesse conversar com Maxwell sobre isso. Ele tem um faro excelente para ameaças veladas.Bridget a olhou com surpresa, como se esperasse resistência vinda da sogra.Elizabeth sorriu levemente, como quem compreende mais do que deixa transparecer.— Sei que meu desejo inicial era ver você e Andrew se acertarem. Ainda acredito no valor da família... mas acima disso, acredito em você. E confio no meu irmão. Maxwell sempre soube proteger o que importa.O nome dele fez o coração de Bridget acelerar. Quase como se o tivesse invocado, o celular vibrou com uma mensagem:Maxwell: Já estou no aeroporto. Decidi antecipar o voo. Queria te fazer uma surpresa, mas não consegui esperar. Nos vemos daqui a pouco. Bridget sorriu pela primeira vez em horas. A presença dele era sempre um alívio, uma âncora.Minutos depois, o som de pneus na entrada da mansão chamou a atenção. Ela se levantou num salto e correu para a porta. Quand

A manhã da reinauguração da Livraria-Café Tulipa começou com um céu limpo e uma leve brisa que carregava o aroma doce das tulipas recém-arranjadas nas jardineiras da entrada. Bridget estava exausta, mas feliz. Os últimos dias têm sido um turbilhão de revelações, encontros e desconfianças, e ela esperava que aquela noite marcasse um novo começo.A livraria estava impecável, decorada com luzes delicadas e arranjos florais nos tons da marca. Autores convidados já estavam acomodados, e Maxwell, como prometido, se destacava entre eles, distribuindo autógrafos e sorrisos cúmplices a cada fã que se aproximava.No meio da movimentação, Camila, Vitória e Callie circulavam entre os convidados, todas visivelmente emocionadas por estarem ali celebrando com Bridget. Foi quando Callie, ao ver Bridget mais afastada perto do balcão de cafés, se aproximou com um olhar hesitante.— Bridget? — ela chamou, segurando uma taça de espumante sem álcool. — Posso falar com você um minutinho?Bridget, que conve

Laura havia recebido alta naquela manhã ensolarada. Vestida com um vestido fluido claro, um pouco mais solta que o habitual por conta da barriguinha começando a surgir, ela segurava o braço de Andrew com delicadeza.— Amor... é horrível voltar para aquele hospital. A mansão Miller sempre me trouxe conforto. Podemos ir para lá? — disse ela com voz suave, quase infantil, enquanto caminhavam pelo corredor da ala obstétrica.Andrew, dividido entre memórias confusas e o sentimento de responsabilidade, assentiu com um leve suspiro. — Claro. Vai ser melhor pra você e para o bebê.A chegada à mansão não foi como Laura esperava. Elizabeth, que estava organizando alguns papéis na biblioteca, levantou as sobrancelhas ao ver a nora entrar pela porta com malas e sorrisos forçados.— Laura... o que você está fazendo aqui?— Vim me recuperar ao lado do Andrew. Afinal, carrego o herdeiro Miller, não? — respondeu com um sorriso forçado.Elizabeth não disfarçou o desconforto.— Você poderia ter me avisa