A chuva ainda caía intensamente, e a água sobre minha cabeça parecia ainda mais densa, as gotas finas e constantes me envolvendo por completo, a ponto de até respirar começar a se tornar difícil.O rosto de Bruno estava imerso em uma expressão de total inocência.— Se ficar aqui com você, sob a chuva, puder te mostrar a minha sinceridade, eu ficarei.Sinceridade? Como alguém poderia ser tão sem vergonha, a ponto de usar uma criança para me ameaçar e ainda falar de sinceridade dessa forma?— Bruno, vai embora! Nos olhos de Bruno, uma sombra de tristeza passou rapidamente.— Para onde você quer que eu vá? Esta é a Mansão à beira-mar, é a nossa casa. Se alguém tem que ir embora, somos nós dois, mas eu não vou te deixar aqui sozinha.Através da cortina de chuva, eu levantei um pouco a cabeça e encarei o homem à minha frente. Meus olhos ardiam como se estivessem sendo perfurados.Não sabia se era por causa da chuva ou se era pelos meus olhos vermelhos de tanto chorar, mas só de olhar para

Aquela noite não foi das mais tranquilas. Eu sentia como se o barulho do lado de fora do quarto nunca cessasse.No meio da escuridão total, forcei os olhos a se abrirem e, depois de alguns segundos, percebi que não estava apenas sonhando realmente o som lá fora era ensurdecedor.Ao meu lado, Dayane também não parecia estar dormindo profundamente. Eu não pude deixar de sentir uma pontada de irritação. Será que os empregados que Bruno contratou tinham esse tipo de comportamento? Não conseguiam nem manter silêncio enquanto dormiam? Será que Dayane estava vivendo nesse ambiente tão barulhento nos últimos dias?A raiva foi crescendo dentro de mim. Ao pensar em Bruno, minha frustração aumentou ainda mais. Ele que contratou essas pessoas tinha a sua parcela de responsabilidade! E a lembrança daquela imagem que avistei apressadamente antes de dormir, da chuva caindo lá fora, só fez aumentar a minha indignação!Sentei-me na cama, com vontade de sair e mandar que parassem com o barulho, mas log

Bruno ainda tentava se explicar, sua voz baixa e trêmula. — Eu realmente sei que errei. Eu quase parei de respirar, como se meu coração tivesse cessado seu ritmo por um instante. Forçando um sorriso, tentei disfarçar o turbilhão dentro de mim. — Então você pode me deixar levar a Dayane embora? Bruno, com a febre que turvava seus pensamentos, demorou a entender o que eu estava dizendo. Ele não compreendia porque, sempre que nos encontrávamos, a única opção era partir. Ou ele ia embora, ou eu iria. Ele apertou os lábios, sacudiu a cabeça com força, tentando clarear a mente, mas, no fim, nada disse. Ele não conseguia expressar nada, estava mudo, como se cada palavra que saísse de sua boca fosse difícil demais para ser dita. E, de fato, como poderia ele deixar-me ir depois de finalmente ter me trazido de volta? Enquanto eu estivesse ao seu lado, ele acreditava que ainda teria uma chance de reparar os erros... Observando sua expressão silenciosa, senti um nó se apertando n

No momento em que Bruno se virou para me chamar, uma barra de ferro voou em sua direção. Ele não teve tempo de desviar e só conseguiu proteger a cabeça com o braço. O som metálico e estridente ecoou, e só de ouvir já dava para sentir a dor.O suor frio começou a brotar na testa de Bruno. Quando a barra de ferro o atingiu, o braço dele tremeu involuntariamente.— Estão batendo nele!Não sei quem gritou, mas o pânico logo se espalhou pela multidão ao redor, e as pessoas que antes não haviam notado o que estava acontecendo, agora viram tudo. Nas proximidades da escola infantil, a maioria das pessoas eram mães levando seus filhos para a aula. Elas começaram a fugir, tentando se proteger, e em um instante, fui a única a permanecer ali, perto da confusão.Os três homens violentos estavam com os olhos cheios de raiva, e logo mudaram seu alvo para mim.Bruno percebeu e rapidamente agarrou a gola de um dos agressores que se aproximava de mim, puxando ele e jogando ele na direção dos outros do

Eu e Bruno voltamos para a Mansão à beira-mar, entrando pela porta em uma ordem bem definida, um atrás do outro.Os empregados da casa perceberam imediatamente que o clima estava estranho, ao ponto de não se atreverem a respirar com força.Eu me sentia um pouco tonta. No caminho de volta, Bruno tinha acelerado o carro sem nenhum cuidado, tudo por causa de uma única frase minha.— Você sabe o que eu quis dizer. Eu não queria mais pensar nisso. Fui direto para o quarto de Dayane descansar, enquanto Bruno seguiu diretamente para o escritório.Após descansar um pouco, fui chamada por dona Rose para almoçar. Eu praticamente não tinha comido nada ontem, e depois dos acontecimentos dessa manhã, com as emoções oscilando tanto, não tinha fome, então comi só um pouco.Enquanto eu conversava com dona Rose à mesa, uma das empregadas, com uma expressão preocupada, apareceu trazendo uma bandeja e, ao se aproximar de dona Rose, balançou a cabeça em sinal de desaprovação.Olhei para a bandeja que ela