Chelsea chegou em casa com os olhos inchados e o rosto ainda marcado pelas lágrimas. O carro quebrado parecia a última gota em um copo já transbordando de preocupações. Seu salário ajudava, mas não era suficiente para cobrir todas as despesas que se acumulavam. O conserto do seu veículo e do de Thomas representava um custo alto demais; os livros da universidade pesavam no orçamento, e o financiamento da casa permanecia como uma sombra constante. Embora Thomas tivesse garantido que assumiria todos os custos, Chelsea não conseguia se livrar da sensação de incerteza, hesitando em acreditar completamente em suas palavras.— O que eu farei? — Ela falou, com a voz embargada, enquanto enxugava as lágrimas, tomada pela angústia. — Estou sozinha! Sinto tanta falta dos meus pais. Quero concluir meu curso, ingressar na área da medicina, pagar o financiamento da casa dos meus pais.Chelsea entrou no quarto e olhou para o mural da família, onde havia várias fotos, tanto de seus pais quanto de Ronal

Assim que Thomas saiu, Oliver lançou um olhar penetrante para Tyler, percebendo o semblante carregado do primo. A tensão entre eles era palpável, e Oliver decidiu quebrar o silêncio primeiro.— Tyler, nosso tio, não vai passar a mão na cabeça do Enzo. Você sabe como Thomas é. Pragmático, metódico e sempre um passo à frente de tudo. Ele já deve ter percebido a bagunça que Enzo está elaborando na empresa. — A voz de Oliver era firme, mas sem qualquer intenção de atacar. Somente expunha a realidade.Tyler suspirou, esfregando o rosto com as mãos, demonstrando seu esgotamento, pois para ele, a situação era sufocante.— Eu sei disso, Oliver. — respondeu, a voz carregada de frustração. — O problema é que estou entre dois extremos. Thomas conduz tudo como se fosse um regime militar, enquanto Enzo… Ele tem o dom de ser um completo irresponsável. E eu estou no meio disso, tentando manter as coisas equilibradas.Oliver inclinou a cabeça, avaliando o primo e o questionou:— E qual é o seu medo? O

— Chelsea, tudo bem? — indagou Enzo, com um leve sorriso no rosto, tentando parecer casual, mas claramente atento demais aos detalhes do olhar dela. Chelsea manteve a postura gentil, como sempre, mas hesitou por um instante antes de responder. Norah a observava com um olhar fixo, e avaliativo, o que a deixava visivelmente desconfortável. — Estou bem, obrigada. E você? — Vamos, Enzo? — interrompeu Norah, com um tom levemente impaciente e possessivo. — Um instante, Norah — disse ele, educadamente, entretanto, com um olhar que ignorava completamente a presença de Norah— Chelsea, meu tio está viajando e me deixou responsável pelo seu carro. — Ele já ficou pronto? — perguntou Chelsea, evitando prolongar o contato visual. — Ainda não, mas assim que estiver, eu avisarei você pessoalmente. — Tudo bem, obrigada — respondeu ela de maneira doce e rápida, dando um passo para trás, pronta para se retirar ao lado de Ronald. Enzo tentou dialogar, contudo Chelsea educadamente mostrou-se desin

— Pode entrar — disse Tyler, indicando com um discreto movimento de mão para Enzo. Oliver adentrou o recinto com passos firmes, cumprimentando Enzo com uma cortesia contida, quase protocolar, ainda visivelmente afetado pelas declarações infelizes que o outro proferira acerca de sua esposa. Apesar do desconforto, manteve a compostura, ciente de que sua presença ali estava vinculada ao cumprimento de suas obrigações profissionais. Enzo, por sua vez, recordando-se das palavras de Frank e munido de uma nova postura mental, levantou-se com sobriedade. Ao estender a mão, Enzo inclinou levemente a cabeça, em um gesto calculado para indicar respeito, sem, contudo, denotar submissão. Sustentou o olhar com firmeza, mas suavizou a musculatura do rosto, permitindo que seus olhos sugerissem empatia. Em sua expressão, percebia-se algo que tangenciava a contrição, um pedido silencioso de reconciliação, ou, ao menos, a encenação dela, acompanhado de uma disposição aparente para reconstruir aquele v

— O que te deixa tão nervoso no serviço, Enzo? — Mano, vou ter que assumir o cargo de vice-diretor na empresa da minha família, está ligado? Mas o meu tio… sei lá, ele nunca me dá um voto de confiança. Confesso que eu me enrolo na parte burocrática. Eu curto mesmo é criar armas. Nossa empresa é sinistra na tecnologia. Mas tenho a sensação de que o tio só está vendo meus defeitos — ele falava atento ao trânsito, devido à chuva. — Tenho certeza de que ele está bolado porque eu repeti o semestre. As matérias não entram na minha cabeça. Estou fazendo um curso só para pegar a função do meu irmão que vai para o Canadá. — Entendo. Posso dar uma olhada no seu relatório? — Chelsea falou, solidária. Enzo lançou um olhar hesitante para Chelsea, ciente de que ela, por cursar medicina, provavelmente não dominava os termos técnicos daquela área, imaginando-a restrita ao universo da saúde. Para sua surpresa, Chelsea revelou que atualmente atuava na contabilidade e que recentemente havia sido promo