Quem via a situação de perto dizia que a guerra estava perdida para nós. Como nossos pequenos exércitos, pouco mais de cinquenta homens, poderiam vencer os centenas de homens à nossa frente? Por um lado, até eu cheguei a duvidar. O pai da minha mãe começou a se aproximar, exalando um ar de soberba; tudo nele transmitia arrogância, até mesmo seu andar denunciava alguém que se considera todo-poderoso. Ele se aproxima, e, na mesma hora, o Alfa Moisés se coloca à nossa frente. Theo solta minha mão e, antes de ir ao lado do pai, me olha e acena. Ele se posiciona ao lado dele, meu pai se coloca ao lado do meu sogro, e Henry ao lado de Theo. Ao ver isso, o pai da minha mãe começa a rir e diz: — Essa pose toda era para me meter medo? — Não viemos aqui para tentar assustar ninguém. Só viemos buscar a futura Luna da nossa alcateia e sua mãe, que seus soldados sequestraram. — Meus soldados não sequestraram ninguém. Eles apenas me trouxeram de volta aquilo que é meu, e, por coincidência, vocês

Quem visse o meu exército pequeno diante do exército inimigo, sem sombra de dúvidas diria que seríamos massacrados. Por um momento, até eu mesmo pensei que perderia muitos homens — e que talvez eu estivesse entre os que não voltariam para casa com vida. Mas, quando vi Helena saindo da caverna e vindo em minha direção, tudo dentro de mim mudou. Naquele instante, eu soube que lutaria e sairia vivo. Porque agora eu tinha um motivo para viver — devia isso a ela, e ao nosso filho. Quando o Alfa da alcateia inimiga começou a andar em nossa direção e vi meu pai dar um passo à frente, percebi que precisava estar ao lado dele. Beijei a testa da minha mulher, soltei sua mão e caminhei para junto de meu pai. Logo, Henry se colocou ao meu lado, e Mark ficou ao lado dele. Nossos betas sempre estão conosco — e eu tenho orgulho do meu. Sei que meu pai sente o mesmo por Mark. O simples fato de Henry ter vindo ao meu lado, mesmo deixando Ana se recuperando, já me mostra que ele será um bom Alfa, caso

Eu acordo meio atordoada, sem saber onde estou. Quando sinto os braços do meu ogro me apertando, cai a ficha de que estou em casa. Theo está em um sono tão pesado... tento me mexer e, a cada movimento, seus braços me apertam ainda mais. Coloco um pouco de força até conseguir me soltar. Suspiro aliviada por ter conseguido — eu estava com a bexiga tão cheia que, se não tivesse levantado, teria feito na cama mesmo. Vou ao banheiro, faço minhas necessidades e minha higiene. Quando volto, Theo ainda está dormindo profundamente. Não quero acordá-lo; ele parece exausto. Nunca o vi dormir tanto, nem com um sono tão pesado — normalmente, qualquer movimento meu na cama o faz acordar. Olho mais um pouco para ele e, em silêncio, caminho até a porta da varanda. Assim que a abro, um vento frio toca meu rosto. Respiro fundo, sentindo o cheiro da floresta, e agradeço à Deusa Luna por estar de volta em casa. Sento-me em uma cadeira, deixo o sol tocar minha pele e aprecio a vista que dá para a florest

Hoje foi o dia de enfrentar Vanessa. Só de pensar nisso, meu peito se aperta. Acordei já com um peso na alma, sabendo que, de alguma forma, o destino dela e de sua família dependia de mim. Theo me disse, logo cedo, que a decisão final estava em minhas mãos. Não gostei nem um pouco de carregar tamanha responsabilidade. Nunca me senti confortável em ter poder sobre a vida de alguém — mesmo quando essa pessoa me causou dor. Eles esperavam que eu os mandasse direto para a morte. Eu vi isso nos olhos dos conselheiros, na tensão que pairava sobre a sala, na forma como alguns soldados comentavam baixinho que a forca seria o castigo mais justo. Mas eu nunca acreditei que a morte fosse o único caminho. Acredito, por mais difícil que seja, que toda alma tem direito a uma segunda chance — mesmo que nunca saiba aproveitá-la. Por isso, decidi que Vanessa e seus pais seriam expulsos da alcateia. Não teriam direito de permanecer em nenhuma outra. Estariam condenados a viver entre os humanos, longe

Depois de uma maravilhosa noite de amor com a minha oncinha — em que nos entregamos um ao outro a noite toda — sou acordado com um pé pequeno na cara. Levanto num susto e, ao olhar para o lado, vejo a cena mais linda do mundo: meu filho agarrado à minha esposa, os dois dormindo abraçados. Zack tem quarto próprio, mas quase sempre vem para o nosso; por isso não trancamos mais a porta: todo dia, ao nascer do sol, ele aparece aqui. Zack foi um presente que mudou tudo em mim. Hoje consigo dizer que sou um homem completo: tenho uma esposa que briga comigo por besteira, mas é carinhosa, amorosa e compreensiva. A Helena me transformou. Ainda tento, dia após dia, redimir-me por tê-la rejeitado no passado. Ela sempre me diz que não preciso me esforçar pelo perdão — que aquilo já foi perdoado. Às vezes ela nem lembra mais do que aconteceu; o que importa para ela é a vida que temos hoje, a família que formamos. Ontem, ela me fez ainda mais feliz: disse que estamos esperando o nosso segundo filh