O dia começou com uma leveza que eu não sentia há semanas. Sophia estava na cozinha, rindo com Jenny enquanto Lucy desenhava na mesa todos os lápis de cera espalhados como um arco-íris. Eu observava da porta, o coração aquecido pela cena, imaginando nosso bebê ali no futuro brincando com Lucy.Mas então, a dor veio como uma faca sendo cravada na minha cabeça, mais forte do que nunca. Apertei a têmpora, tentando disfarçar antes de entrar na cozinha, mas o mundo girou à minha volta, as vozes de Sophia e Lucy ficaram distantes, as risadas distorcidas. E então a minha visão escureceu, e antes que eu pudesse reagir, meu corpo bambeou e as pernas cederam, me fazendo desabar no chão.— Will! — Ouvi o grito de Sophia cortar o ar, cheio de pânico, eu quis me levantar, quis ser forte por ela e me erguer, mas não tinha forças e mal conseguia enxergar com a visão turva. Eu senti as mãos dela no meu rosto, frenéticas, enquanto ela gritava por ajuda. — Brian! Jenny chama a ambulância, por favor!Mi

O alívio da vitória no tribunal ainda pulsava no meu peito, mas era um sentimento frágil, como uma chama que poderia se apagar a qualquer momento. Enquanto saíamos do prédio, o sol da tarde batia no meu rosto, e Lucy segurava minha mão, balançando um desenho que fez para William.— Vamos mostrar pro tio Will! — disse ela saltando com cada passo animado.Jenny sorria ao meu lado, mas seus olhos carregavam a mesma preocupação que eu sentia. William estava no hospital, lutando contra o tumor, e eu precisava contar a ele que estávamos livres, que Jones agora era o investigado. Precisava ver o rosto dele, sentir o calor da mão dele na minha, saber que ele estava bem, agora era o momento que podíamos nos concentrar apenas nele.O trânsito estava um caos, as ruas congestionadas por algum acidente que nos prendeu por quase uma hora. Eu tamborilava os dedos no banco do carro, o coração acelerado, uma inquietação dentro de mim, como um pressentimento ruim.— Vamos demorar muito, Brian? — pergun

O ar na mansão estava carregado, um misto de tensão e desespero que parecia sufocar cada canto. Eu estava sentada no sofá da sala, com as mãos sempre em volta da barriga como buscar algo para me dar forças. Mas nada podia aliviar o vazio que crescia no meu peito desde que soube que William havia sido sequestrado. Jones agora tinha o homem que eu amava, o pai do meu filho, e eu não podia fazer nada além de esperar.Brian andava de um lado para o outro, com o telefone colado ao ouvido falando com contatos na polícia, com Mark, com qualquer um que pudesse trazer uma pista. Jenny estava na cozinha, tentando manter Lucy ocupada com desenhos, mas até a menininha sentia a gravidade do momento, seus olhos grandes me lançando olhares preocupados.Haviam seguranças particulares correndo pra lá e pra cá, verificando câmeras, analisando relatórios, tentando rastrear os homens que levaram William. Mas cada minuto sem notícias era uma eternidade, e o medo de que o tumor dele, as convulsões, o estiv

O ar na cabana era quente, a lareira crepitando ao fundo, mas um frio cortante atravessava meu corpo. Eu estava amarrado à poltrona com as cordas cortando meus pulsos a cada movimento. A dor na cabeça pulsava como uma lembrança que não me dava trégua, agravada pelo choque elétrico que recebi. Amber não saía de perto de mim, os olhos brilhando com uma mistura de obsessão e desespero. Cada palavra dela era como uma pá, tentando cavar um passado que nunca existiu de verdade, enquanto minha mente estava com Sophia enfrentando Jones sozinha.Quando aquele guarda falou que se ela não cooperasse eu seria morto, entendi rapidamente que aquele verme estava me usando para fazer com que ela fosse até ele. Só podia torcer para que Sophia não fosse tola e colocasse nosso filho em risco.Amber se inclinou para mim, o vestido justo destacando as curvas que ela claramente queria que eu notasse.— Will, por que você não vê? — sussurrou enquanto se aproximava, parecendo pronta para suplicar enquanto o

O dia parecia não ter fim, cada hora arrastando-se como uma eternidade enquanto eu esperava notícias de William. A cirurgia durou mais de dez horas, e eu passei cada minuto na sala de espera, sentindo o bebê se mexer, como se ele também estivesse ansioso, implorando pela vida do pai.Jenny ficou comigo por um tempo, Brian também, mas eventualmente eles foram para casa, exaustos e indo colocar a pequena Lucy na cama, prometendo voltar pela manhã. Eu me recusei a ir. Não podia deixar William, não depois de tudo. A prisão, o sequestro, Jones e Amber, já haviam tirado muito tempo nosso, agora que ele estava de volta, mesmo que inconsciente, eu não queria perder nem mais um segundo ao lado dele.Quando finalmente o liberaram do centro cirúrgico, o neurocirurgião me levou até o quarto. William estava lá, pálido, com a cabeça enfaixada, tubos e monitores ao seu redor, mas vivo. Vivo!Eu me sentei na cadeira ao lado da cama, segurando a mão dele, o calor da pele de Will me mantendo firme na r