Cont. Capítulo 2 - Carolina

             Faço um pequeno barulho e ambos se viram para mim, e posso ver o exato momento em que ele se situa e entende quem é que está parada ali interrompendo sua foda, ao mesmo tempo em que posso ver a cara de vadia sem vergonha me desafiar com os olhos e sorrir cinicamente em minha direção. E é nesse momento que reconheço uma das minhas conhecidas da época da faculdade que a 11 anos concorreu comigo a uma vaga de estágio na empresa que trabalho, porém não foi contratada ao final por se envolver com o chefe e ser descoberta pela esposa que hoje é uma grande amiga minha.

            Daniel não tem reação por 1 minuto e eu fico observando sem demonstrar nenhuma emoção, mas ele a larga e vem em minha direção:

- Carol eu posso explicar, não é como você pensa, – fala sem se dar conta que conversar, eu te amo.

            Nesse momento saio do meu estupor e o olho agora com um pouco de raiva, mas o olho de verdade, enxergando realmente como ele é, um homem alto de 1,79 m de altura, maior que eu 20 cm, com cabelos cortados mais baixos na lateral e o topo maior formando um pequeno topete, olhos cor de chocolate, que agora estão do tamanho de dois pires, nariz um pouco torto para o lado esquerdo, maçãs do rosto proeminentes e boca fina. Continuo minha inspeção e chego a sua barriga um pouco proeminente, resultado de toda cerveja e churrasco que ele consome todo fim de semana. Ergo a mão e o faço parar com um apenas um gesto.

- Sim, nós temos muito o que conversar Daniel, mas não será agora e nem aqui. Te espero o mais breve possível em casa, vou ligar para minha irmã buscar os meninos e vamos conversar. – Falo sem me alterar.

            Olho ao redor finalmente notando o luxo do apartamento, principalmente do quarto e encontro o olhar estupefato da minha amiga, sem acreditar na minha reação, porém ela não diz nada.

- Claro amor, vou com você agora mesmo – fala já se encaminhando para o que acredito ser o banheiro – Daniela pode se vestir e ir embora – diz na maior cara de pau sem dar atenção para a mulher que o olha como se ele tivesse duas cabeças.

            Eu me viro com a intenção de deixar o local, até mesmo porque ele não vai comigo, mas é de maneira nenhuma, porém sou parada pela voz irritante da vadia:

- Você não tem amor-próprio? Você nos pega da forma como foi e não faz nada? Sempre soube que você era uma mosca morta, mas acho que eu estava errada, você é burra mesmo. – Destila seu veneno me olhando com nojo e desdém.

- Burra nós sabemos que eu não sou, uma vez que eu fui aprovada por meus méritos para trabalhar em uma empresa de conceito tão alto e você além de não ter capacidade para isso tentou passar meus dois colegas e eu para trás dormindo com o chefe, – falo já virando de volta e demonstrando uma calma que não possuo – mas nem nisso você foi inteligente, se deixou ser pega muito rápido achando que ele ia largar a esposa por você. – E olhando em seus olhos firmemente dou o golpe final – Agora eu é que me pergunto você é vadia por natureza ou somente burra com dedo podre para homens?

            Neste momento Daniel retorna com cara de cachorro que caiu da mudança vindo em minha direção, ao que eu mais uma vez o paro com um gesto de mão e digo:

- Você chegou aqui por suas próprias pernas e irá retornar por elas também, eu disse que vou esperá-lo em casa e não que o levarei. Até mais! – Viro e saio do quarto deixando uma Vadia com cara de poucos amigos e um paspalho com cara de tacho.

            Puxo a Nat e sem olhar para os lados vamos para o elevador, que graças a Deus, ainda se encontra parado no andar. Descemos em silêncio com ela me olhando abobalhada e curiosa. Passamos pelo porteiro e acenamos tranquilamente e murmuramos boa tarde. Ao chegarmos em meu carro, nos deparamos com um Antônio muito nervoso que já vai se desculpando:

- Dona Carolina eu não sei o que dizer, me desculpe se não era ele, vou arcar com os custos e continuar minha investigação, dessa vez prometo não errar.

- Quem disse que não era ele? – Digo olhando para ele de forma calma, como tenho agido desde quando me fez a bendita ligação.

- C-Como? – Me pergunta assustado.

- Isso mesmo que você ouviu Antônio, você estava certo quando ligou para essa alienígena aqui que está no lugar da minha amiga Carol, – diz a Nat exasperada – por que pensou que estava errado Antônio? – pergunta já estreitando os olhos para meu detetive.

- Simplesmente porque não ouve gritos, ninguém jogou nenhuma peça de roupas pelas janelas – fala gesticulando nervosamente e me analisando ao mesmo tempo – vocês até deram tchau para o porteiro e atravessaram a rua após calmamente olhar para os dois lados.

- Isso eu também estou querendo saber – diz a peste me olhando curiosa, porém, não encontro ali julgamento nenhum.

            Paro uma última vez e olho para o prédio onde descobri o canalha que, meu agora ainda não denominado ex-marido, derrubou por terra todos os meus sonhos e planos para uma vida inteira e o vejo jogando uma Daniela aos prantos no meio da calçada ainda descalça e descabelada e com roupas amassadas. Me viro para os dois e digo:

- Antônio, amanhã entro em contato com você para realizar a quitação pelos seus serviços – falo já me encaminhando para o lado do passageiro, enquanto Nat abre a porta do motorista – e espero um relatório detalhado de toda a sua investigação.

- Claro Dona, amanhã estará pronto – fala se virando e entrando em seu carro.

            Já acomodadas no carro Nat me olha e pergunta:

- Para onde alienígena?

- Para a construtora para que possa pegar seu carro e ir para casa – respondo já pegando o telefone e ligando para Marcela buscar as crianças.

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