06

– MAS O QUE ESTÀ FAZENDO AQUI??!!

Aquilo só podia ser algum tipo de piada doentia. Só podia!

– D-Dante? Você é o irmão do amigo do Rodrigo?

– Claro que sim – falou como se fosse obvio – Meu irmão falou que o Rodrigo tinha recomendado você para ser meu tutor e eu concordei.

– E porque maldição você aceitou?! – fez a pergunta, consternado. Em resposta, só recebe um sorriso perverso do outro, o que fez um arrepio percorrer por sua espinha. Agora podia entender perfeitamente o motivo de Dante ter o observado na escola quase que o tempo todo, o porquê de ele parecer o analisar por inteiro. Dante não veio para a aula só por interesse em estudar ou fazer lição de casa.

Mas sim um plano calculista para foder com sua vida de vez!

– Filho de uma...

– O que houve?! Aconteceu algo? – devido ao grito que Abel deu, Patrícia, que estava fazendo o almoço tranquilamente na cozinha, sai correndo assustada até a porta da frente e fala apavorada – Está todo mundo bem?

– ... – Abel não respondeu logo de cara, não sabia ao certo o que fazer nessa situação. Não podia simplesmente voltar atrás na proposta que fez com Rodrigo, pois ele era seu amigo de longa data. E, por sua personalidade generosa, ele se recusava a deixar alguém na mão, mesmo que essa pessoa seja Dante Martinez, o cara mais estupido que já conheceu. Então, apesar de receoso, ele responde à pergunta de sua prima – Está sim. Está tudo bem... É só o Dante que veio para a aula...

– Tem certeza?

– Tenho. Fica tranquila.

A mulher pode ficar um pouco mais tranquila com a frase dita por Abel, mas o mesmo sentia uma ansiedade e um nervosismo de que, a qualquer momento, o outro adolescente pudesse aprontar consigo, e sentia que ele não pegaria leve com um simples novato. Já Dante, estava estranhamento calmo com toda aquela situação, sorrindo largo pelo menor concordar, mesmo que relutante, em ser seu tutor. Arqueando a sobrancelha, ele responde ao menor:

– Interessante. Mas acho que você vai ter um desafio bem complicado em suas mãos – ele ri, na esperança de o outro desistir.

– Sem problemas. Já encarei coisas piores – ele estava, ou ao menos tentava parecer, confiante diante do mais velho.

– Bem então, seja bem-vindo a nossa casa Dante! – cumprimentou Patrícia, amigável e abraçando o ruivo, que corresponde surpreendentemente educado – Vou fazer o almoço de vocês agora. Gosta de lasanha Dante?

– Claro senhorita. Obrigada – disse sorrindo, usando de sua personalidade carismática. A morena sorri e volta à cozinha, mas Abel, no entanto, ainda permaneceu parado no mesmo lugar, um tanto perdido com as coisas que acabaram de acontecer. Sem perceber que estava paralisado como uma estátua, ele sente Dante segurar seu ombro.

– Hey.

– Ah?

– Vamos estudar, senhor professor?

– Ah claro. Tudo bem... Por aqui.

Ele guia o colega para a sala de estar, onde eles se sentam e se ajeitam no sofá grande. Todo o material que Abel iria usar para as suas aulas estava em cima da mesa de centro, mas ele não movia nem um músculo. Estava sentado, ereto e um tanto afastado do outro. Não queria ficar muito próximo do ruivo, pois temia que ele o fizesse alguma brincadeira de mau gosto, ou ficasse perigosamente colado a ele, o que, possivelmente, resultaria em vergonha, medo e excitação. Essa era a última coisa que Abel precisava em uma situação dessas: ficar sem jeito na frente do cara mais barra pesada do colégio e ser ridicularizado na escola por isso.

De qualquer modo, ficou, por um breve momento, sem saber o que fazer. Até que Dante, impaciente com tudo aquilo, falou para o mais novo:

– Isso é perda de tempo.

– O que?

– Você aqui, querendo me ensinar alguma coisa. Você só fica aí parado sem fazer nada. Como espera me ensinar algo?

– Olha, eu sei que talvez seja estranho isso... Mas eu realmente quero te ajudar. Faz parte do meu trabalho de tutor e parte de quem eu sou, na verdade.

– Comovente. Mas meu irmão já contratou vários tutores... Uns velhos chatos, se quer saber. E nenhum deles conseguiu me ensinar algo.

– Eles eram ruins?

– Digamos que eu era um tanto.... Espirito livre – ele se encosta no sofá, como se morasse ali e esboçava um sorriso de deboche no rosto.

– Em outras palavras, você não fazia porra nenhuma.

– Encare como quiser. Eu acho estudos uma perda de tempo. Eu sei cozinhar, me vestir e tomar banho. Já basta para eu sobreviver.

– Mas precisa saber mais que isso, se quiser ter um emprego.

– Emprego? – ele começou a rir escandalosamente.

– É sério! Não pode viver apenas vagabundeando por ai! Precisa levar as coisas a sério!

– E quem é você pra dizer como devo viver minha vida? – disse, agora aborrecido.

– Sou seu colega de classe, seu tutor e o cara a quem estão me pagando 100 pratas para ajudar um moleque estupido e imaturo a se tornar um aluno esperto e razoavelmente decente! Agora cala a boca e vamos estudar!

Dante queria muito pular no pescoço desse garoto agora. Se não fosse o fato de não estarem sozinhos ali, ele encheria o outro de porrada. Como ele podia falar desse jeito com ele? Claro que nenhum de seus tutores... Aliás, não havia ninguém que falasse desse jeito com ele, a não ser seu irmão. Esse Abel era talvez a única pessoa que conhecia que não tinha medo de enfrenta-lo. Isso o deixou com raiva, ao mesmo tempo que intrigado. Mas, apesar da raiva, ele se conteve e deu uma baforada. Se ajeitou melhor no sofá e esperou que aquilo terminasse logo.

Abelardo, vendo que o outro estava mais obediente, sorriu vitorioso e pegou um livro de História e começou a folhear algumas páginas.

– Se aproxima mais – disse Dante.

– O que?

– Vem mais para cá – falou, nervoso – Desse jeito não consigo ver nada do que está escrito.

O mais novo sentiu seu rosto ficar um pouco avermelhado. Era verdade que tinha que estar com o livro bem perto do aluno, mas... Ficar tão perto do outro era um problema. No entanto, ele tinha que seguir com a aula, ou Rodrigo o mataria. Então, mesmo envergonhado, ele se aproximou mais do ruivo, ficando a poucos centímetros dele e com o livro no colo de ambos. Abel sentia, conforme lia cada parágrafo do livro, seu coração bater mais e mais rápido. Ele estava tão perto de Dante... Aquilo era complicado.

Ele realmente estava se sentindo atraído por um cara arrogante, estupido e grosso como ele? Inadmissível isso!

Mas era verdade, infelizmente.

Abel tentou se manter firme, enquanto mostrava a matéria ao outro que, para sua surpresa, estava calmo e prestativo. O mais novo ficou surpreso que Dante estivesse se comportando desse jeito, até imaginou que aquilo fosse apenas fingimento, ou que aquilo fosse parte de alguma trama maligna do ruivo. Mas não, o ruivo realmente estava lendo aquele livro junto a si.

Aquilo era estranho demais. Impulsionado pela desconfiança, ele perguntou:

– Está prestando a atenção?

– Sim.

– Sim? Tem certeza?

– Claro né? Estou aqui para isso.

– Humm tudo bem. Então... Qual é o nome do imperado romano mais jovem a ocupar o posto de governante de Roma?

– Julio Cesar.

– Qual era o nome da cidade grega que levava o nome da Deusa da Sabedoria?

– Atena.

– Fale o nome de três semideuses que nasceram do sangue de Zeus.

– Perseu, Hércules e Teseu.

Inacreditável.

Abelardo ficou sem palavras para isso. Então ele realmente estava prestando a atenção. Acertou todas as questões, e nem parecia ter tido muito esforço para responde-las. Era incrível, tinha que admitir. Talvez Dante não fosse tão desleixado e desatento como ele o havia imaginado.

E o ruivo, vendo que o outro parecia surpreso por ele ter respondido corretamente as perguntas, sorriu arrogante.

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