Capítulo 07

 Pamela Campos

No caso de estresse rotineiro um porre e uma transa com um homem gostoso resolve, com esse pensamento saí sábado à noite. Quem não fica feliz depois de alguns goles da melhor bebida alcoólica? Às vezes nem precisa ser a mais cara e sim, a intenção de perder os sentidos! Após cinco dias seguidos de muita exaustão e discussões, resolvi sair pra curtir e esquecer do meu paciente problemático. A senhora Albuquerque foi compreensiva ao entender que não conseguiria estar com seu filho todos os dias. Folgas aos sábados e domingos para descansar, foi tudo que lhe pedi.

Mandei meu currículo pra algumas clínicas e não tinha recebido sequer uma ligação. A grana que os Albuquerque pagavam pelos meus serviços era mais do que ótima, no entanto, não valia a pena tanto esforço por Theo. Ele não ajudava nos exercícios, recusava-se a sair do quarto pra caminhar lá fora. Me sentia mal em cada discussão nossa, isso afetava nós dois pra falar a verdade. Mas por que brigávamos então? Porque não tinha um dia em que ele desse trégua!

— Barman, traz o litro! — berrei, batendo no balcão de madeira.

O som alto e as luzes piscando na balada não conseguiam tirar Theo dos meus pensamentos. Ele era tudo de ruim, seu cheiro de cachorro malcheiroso, aquela marra toda de macho alfa, tudo era horrível, claro que era! No momento que o Barman colocou a garrafa sobre o balcão, chorei levemente alcoolizada. Deitei a cabeça ali apoiando-a nos meus braços.

Quem dorme em um lugar público e com um barulho extremamente alto? Eu, obviamente! Pra completar acordei com um pesadelo, no sonho vi meu paciente passando a corda no pescoço e pulando de onde estava. Meu coração acelerou e eu quase caí da cadeira. A festa continuava a todo vapor, contudo, tudo que queria era sair de lá. Paguei por minha bebida e caminhei meio tonta pelo local. Vomitei do lado de fora da grande balada. Precisei tirar as sandálias.

Saí andando pela calçada até encontrar um Uber. O motorista simpático ajudou-me a sentar no banco do passageiro, até mesmo colocou o cinto de segurança em mim! Depois de alguns minutos chegamos finalmente no meu doce lar. Paguei pelos seus serviços e subi a escada cambaleando com as sandálias em uma das mãos.

— Faltou o sexo gostoso, droga! — resmunguei, indignada. Não era pra ter acabado daquele jeito minha noite, alcoolizada e sozinha!

Entrei no apartamento jogando longe minha bolsa e as sandálias. Cheguei até o sofá e fiquei ali mesmo, apaguei. Acordei no dia seguinte correndo até o banheiro pra vomitar no vaso sanitário. A ressaca era uma das piores coisas pra mim, a primeira delas era ficar com cólicas durante o período menstrual inteiro. Devido a minha situação, tirei minhas roupas e resolvi tomar um banho de água fria.

Domingo apenas queria sair daquele banheiro e deitar na minha cama quentinha. Após o banho escovei os dentes e saí apressada pro meu quarto. Depois de encontrar minha toalha de banho, sequei meu corpo e entrei debaixo das cobertas do jeito que vim ao mundo. Tudo estava indo conforme o planejado até que meu celular começou a tocar sem parar. A distância da sala de estar para buscá-lo era longa demais! Talvez fossem meus pais, supondo ser eles, cobri meu corpo com uma das cobertas, criando coragem de sair da cama.

— Estou chegando... — murmurei, escorregando o corpo pelo lado direito da cama. Levantei puxando um pouco a coberta pra não tropeçar nela enquanto caminhava.

Por que eles escolheram ligar tão cedo logo no domingo? Olhei pro relógio de parede assim que adentrei a sala de estar, não eram nem onze horas! Tirei o celular da minha bolsa que continuava no chão. Por costume simplesmente atendi sem me dar conta de que era uma chamada de vídeo de um número que nunca tinha visto antes. Gritei quase derrubando meu aparelho no chão quando vi quem era.

— Theo? É você, caramba! Como conseguiu meu número? Por que diabos resolveu fazer chamada de vídeo? — perguntei, nervosa. — Perdeu a fala por quê?

Não conseguia decifrar a expressão do seu rosto, mas aparentava estar surpreso ou até mesmo assustado.

— Porra, cê tá nua! To vendo seus seios! Eles são tão... minha nossa! — afirmou, virando o rosto de lado e continuou. — Não era pra você essa chamada! Errei o número, tchau!

Ele desligou a chamada na minha cara, atordoada do que tinha acontecido olhei pra baixo, a coberta estava nos meus pés. Berrei, histérica depois de me dar conta da gravidade do que tinha acontecido.

— O cachorro louco, viu meus seios! Nunca mandei nem nudez e agora aconteceu isso comigo! — comecei a chorar em pânico. — Ele viu vocês...

Toquei nos meus seios e saí correndo pro quarto envergonhada. Não acreditei na sua desculpa esfarrapada de que tinha feito a chamada de vídeo por engano. Pelo que sabia ele tinha afastado todos os amigos dele, claro que aquela chamada era pra mim. Mas o que ele queria? Nos veríamos no outro dia e nem éramos amigos.

Choraminguei constrangida por no mínimo cinco minutos. Como encararia ele no outro dia? Ele tinha visto em alta resolução meus seios na tela do seu telefone! Quis muito me enfiar dentro de um buraco e permanecer lá. Quando fiquei mais calma olhei as chamadas e ali estava seu número.

— Sou adulta e foi apenas um incidente. Claro que ele vai entender e podemos conviver numa boa depois disso, claro que sim! E daí que ele é meu paciente? Não foi o primeiro homem a ver meus seios. Não tem porque eu ficar assim, ele sequer tocou em mim, não foi nada demais, Pamela, nada demais! — disse pra mim mesma, me convencendo de que o melhor era conversar com ele.

Mandei um sms pro número e aguardei qualquer resposta que fosse, entretanto, Theo visualizou e ignorou. Em seguida mandei vários emojis de brava que ele não demorou a visualizar, ignorando também. Na hora que estava prestes a desligar o telefone recebi uma mensagem de áudio dele. Era melhor ouvir logo de uma vez, mesmo que eu não estivesse preparada pro que ouviria dele. Respirei fundo e apertei o play.

— Estou ocupado! Não vou perder meu tempo com isso! Esqueça esse assunto porque não lembro mais! — falou meio ofegante, como se estivesse exercitando-se, porém, não deixou de ser grosseiro.

Respondi seu áudio com um emoji revirando os olhos. Que reação foi aquela afinal? Meus seios eram tão insignificantes assim? Por acaso ele não era homem não? Por alguma razão fiquei ofendida. Theo Albuquerque era gay enrustido? Me questionei. Qual é, eu era uma gostosa dos seios durinhos! Nenhum homem nunca reclamou! Afastei dos meus pensamentos minhas dúvidas, até porque se ele era gay ou não, não era da minha conta.

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