Capítulo 7

Por Lilian Alcântara.

Estou descendo as escadas para sala de estar, quando escuto o barulho da empolgação das crianças invadindo toda a casa. Caio está vestido como um tipo de personagem de um jogo qualquer, que eu não consigo identificar qual é.  Meu irmão me sorri, assim que me ver descer as escadas e se aproxima para um abraço caloroso, beijando minha testa em seguida.

_ Viemos buscar você para um evento de apresentação de jogos. As crianças esperaram por esse momento a meses. _ Ele diz quando se afasta de mim.

_ Nossa, nunca fui em um evento de jogos e games antes. Isso deve ser muito divertido! _ falo empolgada. _ Preciso só pôr uma roupa e desço rapidinho, prometo! _ aviso e subo as escadas correndo, entrando em meu quarto e invado o meu closet, para vestir um jeans e uma camiseta confortável. Decido pôr um salto médio, para não parecer menos elegante na roupa simples e faço uma maquiagem básica. Amarro meu cabelo, para não faze-los esperar muito e quando volto a sala, encontro Marcos, o sócio de meu irmão com sua esposa e filhos me aguardando. A empolgação deles é tão grande, que chega a me contagiar. Não demora para chegarmos ao tal evento e assim que entramos me pego maravilhada com a sua grandeza dessa produção. O espaço é enorme e está cheio de pôsteres, cosplayrs, placas gigantescas, promovendo jogo de guerra e um palco gigante em um canto, com atores produzindo cenas instigantes, que deixam a garotada vibrando. O lugar é tão grande que parece não ter fim, e mesmo assim há tanta gente aqui, que o torna pequeno.

_ Gente, isso é super! _ comento admirada, percorrendo os quatro cantos apenas com o olhar. _ Que legal!

_ Olha tia, é o Yoshi, quero tirar uma foto com ele! _ Caio grita com sua empolgação infantil, porém fico atônita com o seu comentário,

_ Quem? _ Solto uma risada alta, me sentindo perdida no meio do mundo dos games. 

Yoshi é um personagem de um jogo infantil, que ele ama! _ Luís explica. Aproveitamos cada sala temática e aproveitamos para tirar várias fotos, com vários personagens e também em alguns painéis.

_ Nossa, é um evento gigantesco! A pessoa que organizou isso está de parabéns!_ falo extasiada.

_ Você conhece a pessoa que organizou tudo isso. _ Luís fala e  me olha, abrindo um enorme sorriso. _ E muito bem. _ Ele completa.

_ Ah é, quem?

_ Kevin Lacerda. _ Diz empolgação. Ouvir esse nome faz o meu coração bater acelerado e imediatamente meus olhos percorrem todo o espaça, dessa vez a sua procura. Será que ele está aqui? Porém, não o vejo em lugar algum. Dou de ombros. Talvez ele nem participe desses eventos, seus funcionários devem tomar conta de cada detalhe para ele.

_ Vamos para perto do palco papai, quero ver a apresentação do jogo novo. _ Jonathan pede e seguimos para o palco. Ricardo Rosa, um dos representantes da Tecnology Techc , faz uma super apresentação do jogo, mostrando em um telão algumas fases de deixar um arrepiado.

Após a apresentação, vamos fazer um lanche com as crianças e em seguida ára as compras de vários jogos. Já é final de tarde quando entramos no carro. Diferente de mais cedo, as crianças estão quietas no banco de trás, apreciando os seus presentes.

_ Marcos e eu combinamos uma noite divertida na Chronos, quer vir conosco? A Ana e a Mônica vão adorar a sua companhia! _ Tiro os meus olhos da janela e olho para o meu irmão, que mantém sua atenção no trânsito e sorrio.

_ Adoraria, faz tempo que não saio para me divertir!

_ Ah, não? O que tem feito em Nova York? _ Dou de ombros.

_ Tenho me dedicado ao meu trabalho, você sabe que eu amo  que faço.

_ Sei, mas você é jovem e linda demais para se enterrar dentro de um consultório. _ Seu comentário me faz suspirar e eu forço um sorriso para o meu irmão, sem rebater o que disse e volto o meu olhar para a janela do carro.

Vir ao Brasil e não ir a Chronos para dançar e se divertir, é o mesmo que sair sem usar uma maquiagem, ou esquecer o celular em casa. Não dá para  ficar sem, portanto, assim que Luís me deixa na casa dos meus pais, vou para o meu quarto e começo com os preparativos para uma noite animada. Um banho demorado, cachos nos cabelos, uma maquiagem para noite e um maravilhoso tubinho vermelho, de alça única e para completar o meu look,  um gracioso par de saltos nude e pronto, estou pronta para arrasar!

********

Assim que entramos na boate, me sinto envolvida pelo ritmo eletrônico, que faz o chão debaixo dos meus pés estremecer. O lugar está tão cheio que é difícil se mexer. Luís nos guia para uma escadaria metálica, onde fica a área vip e assim que chegamos a ela, nos acomodamos em uma mesa, próxima as barras de proteção. Daqui é possível ver a multidão de jovens dançando e curtindo.  A boate é linda, e seus jogos de luzes, junto com a fumaça que se espalha pelo ambiente, deixar um ar obscuro e misterioso. Um garçom se aproxima e nós fazemos os nossos pedidos. Opto por um  bloody mary  e enquanto agurdamo os nossos pedidos, me empolgo com a música e começo a dançar ali mesmo. Alguns minutos depois, o garçom deixa as nossas bebidas na mesa, acompanhadas de alguns petiscos. Tomo um gole sentindo o delicioso líquido gelado queimar suavemente a minha garganta, e no segundo copo, depois de uma conversa animada, meu irmão e seu amigo se animam a dançar com suas esposas, e eu não pretendo segurar vela pra ninguém, né? Resolvo descer e ir dançar no meio da multidão. Fecho os meus olhos fechados e aprecio o ritmo contagiante da música, deixando suas vibrações penetrar a minha alma, que nesse instante se sente livre. Ela me  preenche, me faz sorrir e me sentir leve, livre e solta. E isso é tão bom! Não sei exatamente quantas músicas dancei, mas o meu corpo estava molhado de suor, meu coração estava agitado e com certeza, meus cabelos estavam bagunçados. Senti minha boca ficar seca e resolvi ir para o bar, pedir mais uma bebida, a quarta dessa noite. Sento-me em um banco alto e fico observo o movimento da pista, enquanto aguardo o meu pedido. É maravilhoso assistir as pessoas se divertindo, curtindo. Sinto-me como nos velhos tempos. Curiosamente, meus olhos param em um belo homem do outro lado da pista, conversando uma maneira intima com uma loira. Inevitavelmente observo seus cabelos escuros, as costas largas, em uma camisa clara, com as mangas dobradas e quando ele vira o rosto de perfil, sinto meu coração paraticamente parar uma batida. 

_ Kevin _ sussurro. Ele passa a mão pela lateral do corpo da loira e a mesma abre um sorriso sexy, sussurrando algo em seu ouvido em seguida, que o faz rir.

_ Sua bebida, moça. _ O barman diz, mas eu desço do banco e tento sair dali, antes que ele perceba a minha presença. Tento desviar meus olhos daquela cena, mas não consigo. Me sinto sufocar, quando suas mãos desce da para o traseiro dela e ela aproxima sua boca da orelha dele, deixandouma mordida lá. Kevin inclina seu rosto e o enterra em seus longos cabelos ondulados. A garota sorri para algo que ele diz ao pé do seu ouvido. Droga, preciso sair daqui!  Penso, mas minhas pernas simplesmente  não me obedecem.

_ Lilian você está se sentindo bem ? _ Ana pergunta parando ao meu lado. _  Parece que viu um fantasma! _ comenta. Desvio meus olhos para olhar para minha cunhada e forço um sorriso de boca fechada. 

_ Estou, deve ser só um mal-estar _minto. _ Acho que vou pra casa, avisa para o Luís que vou pegar um táxi.

_ Mas, Lilian... _ Não espero que termine de falar e saio apressada do  clube. Olho para trás, por um breve instante e percebo que ele não está no mesmo lugar com garota. Quando chego  a calçada, puxo a respiração com um pouco de dificuldade e levo as minhas mãos aos joelhos e depois de me recompor, vou para a calçada,  no exato momento que um táxiestaciona, e um casal desce aos beijos e abraços. Aproveito o carro parado e vou para casa.

Durante todo o trajeto me ocupo em olhar as ruas desertas, através das janelas de vidros escuros, tento pensar em algo que diminua a minha aflição, masos meus pensamentos ficaram naquela boate, naquele cantinho do bar, naquele casal apaixonado. Bufo, olhando as horas e meu relógio de pulso,  constatando que já são quase uma e meia da madrugada. Penso que devo ser masoquista ou algo desse tipo, porque não paro de  pensar em Kevin nos braços daquela mulher. Sua esposa, é claro que é, a final já se passaram dois anos e ele é um homem lindo e bem sucedido. Não demoraria para que encontrasse outra pessoa em sua vida. Sinto as lágrimas escorregar pelo meu rosto e imediatamente um nó dolorido aperta a minha garganta, e logo estou entregue aos soluços. O que eu faço com esse amor guardado dentro de mim? 

__ Desculpe,  senhorita, está sentindo alguma coisa? _ respondo não, com a cabeça e ele assente. Porém não esconde sua preocupação, quando olha pelo retrovisor de vez em quando. Em algum momento ele liga o som do carro e uma música sertaneja começa a tocar. Penso que pôs para me animar. Volto o meu olhar para a janela.

_ Por que não consigo te esquecer? _ sussurro.__  Por que você tem que estar tão presente dentro de mim, depois de tanto tempo? _ Começo a sentir raiva de mim mesma por não ter  seguido com a minha vida como ele fez. Por que não arranco você de vez do meu sistema?Essa é uma resposta que eu nunca consegui responder.

_ Chegamos, senhora. _ O motorista avisa, me despertando dos meus pensamentos. Lhe entrego o dinheiro e saio do carro apressada e quando entro em casa, me encosto na porta, me entregando a mais um lamento.

*********

Com os olhos molhados de lágrimas, observo a sala quieta e silenciosa,  iluminada apenas pelo  abajur. Tiro as sandálias e subo as escadas para ir para o meu quarto. Assim que passo pela porta, largo as sandálias no chão e vou para o banheiro, no caminho me livro das roupas e entro debaixo da água fria. Imediatamente ela desmancha o meu cabelo e borra a maquiagem, mas não importa, porque no mesmo instante estou entregue a minha dor e ao choro outra vez. deixo meu corpo escorregar pelas paredes molhadas e frias do box e passo longos minutos ali, até me sentir mais calma outra vez. Termino o banho que durou horas, na esperança de que a água levasse essa dor embora, mas não foi assim, ela continua aqui, só que guardada e silenciosa.

Pego uma toalha branca, estendida em um suporte, me seco e faço minha higiene pessoal, visto um babydoll de seda e vou para minha cama,  mas não consigo dormir. Cansada de virar de um lado para o outro, pego um livro na estante de três nichos brancos, e leio por horas, até me sentir esgotada, Não percebo quando exatamente  adormeci, mas acordei no dia seguinte, com o livro aberto e caído no chão.

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