MARIA ENCONTRA AS CRIANÇAS

                                            QUINTO CAPITÚLO

Pobre Doutor Helio, depois de ter conseguido sair daquele quarto escuro é novamente pego pelos capangas de Dona Leopoldina.

Doutor Helio é levado dali, arrastado feito um objeto qualquer e de olhos vedados jogam-no dentro de um carro e saem.

Doutor Helio sente um imenso pavor, pois não sabe o que o espera, nem a ele, nem aquelas pobres crianças indefesas, que depois de tentarem ajudá-lo, acabaram sendo castigadas. Maria, no entanto enfrenta sua angustia de não saber de seu filho, então num esforço seus pensamentos a levam a sair de seu corpo e ir à busca de seu pequeno Jhoni. E abrindo uma janela para o sol é o que Maria consegue ver em sua peregrinação.

Deixando seu Espírito fluir pelas ruas e becos na ânsia de encontrar seu filho.

Sim seu pequeno Jhoni que não sabe onde esta, nem o que foi feito dele.

Sente apenas que precisa buscar por ele, então sua alma vaga pela escuridão buscando o sol de sua vida.

Passa por lugares estranhos, onde a dor e a miséria imperam pessoas de todo tipo, dormindo em calçadas, em baixo de pontes, cobertos por jornal ou papelão.

Maria sente um arrepio percorrer lhe a alma e viaja em seus sentidos, procurando pelo seu menino e a frustração lhe corroi a alma.

Embarca numa viaje sem volta, seu corpo inerte em uma cama, e seu Espírito vagando pelas ruínas.

O que seria dela?

E seu filho onde estaria?

O que foi feito dele?

Então num reflexo é levada, para um lugar estranho, um prédio obscuro e cinzento, com um muro alto todo trancando como se houvessem criminosos ali.

Maria fica intrigada, pois tem um letreiro bem grande dizendo:

Orfanato Santo Aquino.

Maria curiosa resolve investigar, mais ao entrar percebe que esta tudo quieto, parecendo não haver ninguém

Então anda pelos corredores ate deparar com uma porta entre aberta. E fica perplexa ao ver a situação do ambiente,

Um salão enorme cheio de camas, uma sobre as outras, mais um lugar fedido e cheio de buracos pelo chão, onde crianças dormem de qualquer jeito.

Era uma noite fria e as crianças não tinha um cobertor sequer para se aquecer, então se juntavam abraçadas para conseguir esquentar o corpo do frio.

Maria fica nervosa e resolve ir embora daquele lugar imundo, precisa melhorar, e encontrar seu filho.

No hospital estão todos nervosos devido ao desaparecimento de Doutor Helio.

A enfermeira Eva vem ate o centro de terapia e percebe que Maria não esta bem, busca ajuda com Doutor Álvaro e Doutor Heitor que correm socorrê-la.

Consegue depois de muita luta trazer Maria de volta, Eva chora baixinho, pois já se apegará à paciente e sabe da importância dela para Doutor Helio.

Após a saída dos médicos, Eva nota que mesmo em coma, Maria tem um brilho, uma força de vontade que supera qualquer coisa que a impeça de viver.

Isto intriga a enfermeira e a todos que a cercam.  

E como se uma luz irradiasse nos olhos dela, e a fizesse brigar com a morte e viver..

No orfanato, no entanto as crianças estão amedrontadas, pois desde que Jhoni fora levado quase morto, Alina, Ana e Fred, juntamente com o pequeno Maurinho estão desolados, pois virão tudo que Dona Leopoldina fizera com o garoto e após melhorarem um pouco dos ferimentos revoltados retornam ao quarto que ela tinha nos fundos do orfanato e se abastecem de comidas, bebidas e suprem ate as outras crianças que estavam morrendo de fome.

Porém no dia seguinte um dos meninos maiores brincando acabou derrubando o pequeno Fred que se feriu gravemente, Ana que já estava bem melhor, como sempre protetora dos menores fora pedir ajuda à senhora, que desdenhando lhe disse;

E eu com isto que ele se machucou, agora se você acha que vou arrumar medicamentos para ele, esta muito enganada, porque não quero nem saber.

Ana revoltada ameaça a mulher dizendo:

Se não ajudar o garoto vou denunciá-la e pagará caro por isto.

A mulher fica meio apreensiva e lhe dá alguns analgésicos para que melhore a dor do garoto.

Ana segue seu instinto e divide o medicamento com Alina e Fred que estão com ferimentos mais serio.

Só que mais tarde, quando Alina e Ana, acompanhada pelos garotos tentam voltar para o quarto dela, são barrados e enxotados feito cão vira latas e levados de volta para o grande salão fedorento onde todos dormiam.

E ao amanhecer Alina e Ana e os garotos são arrancados da cama a socos e pontapés, pois descobriram que Maurinho ajudará ao Medico a sair de seu cubicú-lo, por isto foram obrigados a retirá-lo daí. E isto causara um grande transtorno aos planos de Dona Leopoldina que se estressará com o comportamento das crianças.

E bateram tanto nas garotas que ficaram desmaiadas ao chão com quebraduras nas pernas e nos braços, o rosto marcado por cortes profundos e o olhar perdido num vazio que não se sabe se retornará.

Alina, em sua inconsciência lembra-se de sua mãe que á abandonou, lembra-se do tempo que viveu nas ruas que tinha que roubar, ou catar coisas do lixo para matar a fome, e sente que nada mudou, pois desde que viera para aquele orfanato às coisas pioraram, pois ali além de ter que disputar um pedaço de pão, tinha que viver num ambiente deplorável, e por qualquer coisa ainda eram espancados.

Pobre Alina sentia dores no corpo e na alma, mais uma coisa a fazia feliz ter salvado o pequeno Jhoni.

Doutor Helio, depois da tentativa de Maurinho de ajudá-lo, foi levado para fora do orfanato, e sem conseguir enxergar o caminho, nem o local, fora jogado novamente em um canto escuro e sombrio, cheio de bichos peçonhentos para lhe fazer companhia, uma vez ao dia vinha alguém que deixava uma caneca de água e um prato de comida. Doutor Helio estava desesperado, pois precisava sair dali, mas como?

Pensava na situação das crianças, pois chegará a ver o estado das meninas com ferimentos graves, mas o que ele não sabia e que depois que o retiraram de lá quase mataram as crianças, deixando-as com quebraduras de braços e pernas. Sabia que o que acontecerá com o pequeno JHONI, tinha tudo haver com os fatos que aconteciam naquele lugar.

Então sozinho conversava com Deus e pedia que protegesse aquelas crianças.

Tentava olhar nas paredes pare ver se havia alguma saída, mas qual nada era tudo inútil, pois tudo era muito fechado, e não havia uma pequena fresta sequer para ver a luz do dia.

Senhor meu pai, orava Doutor Helio, ajude-me, liberta-me deste lugar, para que possa socorrer as crianças necessitadas, e seus pensamentos voltavam para Maria. Como será que ela esta?

Será que esta reagindo?

Ou será que>>>

Seus pensamentos são cortados, pois prefere não pensar.

Sim é melhor não ficar pensando coisas negativas.

Então desvia seus pensamentos, para o pequeno Jhoni, que com certeza deve estar bem melhor.

Agradece a DEUS por tudo e termina dizendo;

Tenho confiança e fé que vai me salvar e salvar as crianças que tanto precisam de sua atenção.

Amém.

E na escuridão de seu quarto escuro, e de seus pensamentos, um reflexo de luz o faz imaginar que algo vai acontecer e que tudo vai mudar.

Adormece sua mente cansada para acordar com a esperança de um novo dia.

Dona Leopoldina no desespero ao ver o estado que as crianças ficaram, e após ter retirado Doutor Helio dali, resolve tomar uma atitude, pois sabe que do mesmo jeito que já vieram uma vez, outros feito Doutor Helio, ou Doutor Álvaro na certa irão retornar.

Então toma uma decisão imprescindível para sua atual situação.

Tem que retirar as outras crianças dali o mais rápido possível convoca seus cupinchas imediatamente e bate em retirada, levando consigo todas as crianças, menos as feridas.

Alina, Ana, Fred e o pequeno Maurinho ficam expostos ao seu próprio destino, abandonados e sozinhos em meio a suas dores.

Maurinho que é o único que consegue andar, tenta levar apoio aos outros dizendo.

Vamos conseguir sair daqui, vocês tem que acreditar, Deus vai nos ajudar.

Acaricia os cabelos de Alina que se mantém imóvel, pois não consegue mover um músculo sequer do corpo, devido aos ferimentos.

O pequeno molha um pano e coloca na boca dela, na esperança de que com isto ela melhore um pouco.

Alina com os olhos agradece, mais continua ali parada sem conseguir se mexer.

O pequeno faz seu rodízio com todos, ate não agüentar mais, e cair num sono profundo, devido ao cansaço de andar de um lado a outro e os machucados pelo corpo que começam a infeccionar causando-lhe uma febre altíssima.

Alina e Ana se olham e temem pela vida dos garotos, pois Fred esta totalmente inerte, nem conseguem perceber se ainda esta vivo, e agora Maurinho.

O que fazer?

Se estão totalmente imóveis.

Alina apesar de estar muito mal, tem consciência de que talvez não consiga sobreviver. Há não ser que um anjo apareça para salva-los.

Envia seus pensamentos á Deus, pedindo que os ajudem todos eles ali, não merecem ter um fim tão horrível, quanto ao que estão vivendo.

Ela sabe que todos foram embora, e que não sobrou ninguém ali, a não ser os quatros a mercê de seu próprio destino.

Tenta se mexer, mais é impossível, pois esta muito machucada e acaba desmaiando de tanta dor.

Doutor Helio pressente o abismo que se encontra, num beco escuro, num lugar onde pelo jeito não passa uma vive alma, e aqueles homens horríveis, ainda o amordaçaram e amarraram num pilar num canto da casa.

Esta totalmente só, não tem ninguém para pedir socorro, uma vez ao dia alguém vem e lhe deixa um copo com água e prato de comida, mas que tem que se esforçar muito para conseguir comer, pois com as mãos presas, tem que comer com a boca, abaixando-se e pegando a comida.

Á água mal consegue beber um gole, pois é derramada devido às condições que tem para tomar.

Esta exausto, não agüenta mais, precisa fazer alguma coisa.

Mais o que?

No hospital Doutor Álvaro retorna a UTI, para ver Maria, e percebe que seu olhar esta tenso, como se buscasse algo em algum lugar.

Tenta falar com ela dizendo;

Maria não se preocupe agora esta melhor e tenho certeza que logo irá ficar bem.

Tente nos ajudar, dê nos algum sinal de que esta ouvindo ou que esta me vendo

Pense Maria aqui todos estamos trabalhando em prol de sua recuperação, portanto acalme-se que tudo vai ficar bem.

Doutor Álvaro se junta aos outros dizendo.

Temos que encontrar Doutor Helio, é impossível que alguém em sã consciência desapareça assim.

Doutor Helio é um medico responsável e correto, não iria sumir sem dar noticias, na certa tem alguma coisa muito errada nesta história.

Doutor Celso entra na conversa e fala;

Temos que voltar ao local para onde ele disse que iria, e investigar tudo ao redor, alguém deve ter visto.

Vamos falar novamente com os policiais e pedir uma orientação.

Maria, no entanto ao sentir se melhor, mesmo em seu estado quase vegetativo, pois não consegue se comunicar com outras pessoas sabe o que viu naquele orfanato. Precisa voltar, tem que encontrar alguma pista de seu filho e descobrir o que existe naquele lugar.

Então resolve tentar voltar novamente, mais antes viaja no tempo e volta à fazenda e sorri ao ver Josias.

Sim Josias, seu grande amor, sabe que não poderia ter se deixado levar por ele, mais a paixão foi maior que tudo. Maria lembra-se do dia que se entregou a ele.

Um lindo dia de verão, ela estava na cachoeira tomando banho, já havia cavalgado por algum tempo, e estava cansada, então foi relaxar um pouco, pois não conseguia tirar Josias da cabeça.

Desde o dia que ele veio ate ela, deitando-se na relva molhada e trocaram o primeiro beijo.

Maria queria fugir de tudo isto, seu coração estava ansioso, mais seu cérebro a cobrava á todo instante.

O que fazer com todas estas informações que seu coração, seu cérebro, seus pensamentos guardaram.

Naquele dia após a cavalgada, mergulhara por algum tempo nas águas da cachoeira, depois se deitara na relva e viajará em seus pensamentos, imaginando Josias ali ao seu lado.

Der repente sente um toque em seu rosto e ao abrir os olhos, lá esta Josias, olhando-adentro dos olhos, pedindo para que o amasse.

Sim Maria não pensou em mais nada, deixou se levar, pelos carinhos, pelos abraços que despertavam ainda mais sua paixão acabando por entregar se de corpo e alma para aquele homem. < Que dizia amá-la para toda vida>

Maria viajando em seu interior sorri ao sentir como se fosse real, o abraço do homem amado, as juras que duraria para sempre.

Sim Maria se lembra de sua felicidade, mais ao mesmo tempo bate a tristeza, ao recordar do que viera depois.

Porém resolve se frear precisa saber de Jhoni, o que houve com seu menino, então sem saber como acontece, sua alma levita e seguindo seu instinto a conduz novamente por lugares estranhos, por ruelas escuras, onde vê a miséria estampada em cada rosto em cada ser vivo daqueles becos.

Pessoas deitado no chão, cobertas com jornal, ou com papelão, pessoas recolhendo lixo em busca de algo para se alimentar, crianças mal trapilha estiradas ao chão de qualquer jeito

Maria esta perplexa, não sabe o que pensar, pensa em seu Jhoni, Deus o que foi feito dele.

Sua alma continua a vagar, ela não consegue parar, flutua pela noite escura em busca de uma luz que a faça ter esperança, que traga de volta sua vida, seu filho.

De repente se vê de novo enfrente ao mesmo prédio escuro e sombrio que já viera uma vez;

Seu consciente lhe cobra, que não é um lugar adequado para se entrar, mas seu amor fala mais alto, e ela resolve investigar.

Mansamente vaga pelos corredores obscuros e vazios, onde tudo cheira mal, numa grande sala um amontoado de camas, porém todas sem ninguém, Maria continua andando em meio aos buracos e ao odor que exala de todos os cantos.

Entra em uma pequena sala em busca de alguma pista de seu Jhoni, e começa a revirar todos os documentos e nada ate que jogado ao canto uma pequena pasta lhe chama atenção.

Mais não consegue tocá-la, não tem forças para isto, então com muito esforço consegue ler o nome que esta escrito na pasta.

Sim é o nome do seu filho, Meu Deus ele esteve aqui, mais para onde foi levado, já que não tem mais ninguém aqui.

Neste momento ouve gemidos vindos do outro lado.

Maria então no desespero em descobrir o paradeiro de seu filho e em descobrir quem estava gemendo ao lado, já que os gemidos aumentavam dando a impressão de que havia mais de uma pessoa, e que por sinal devia estar muito mal.

Ela sai rapidamente deixando a pasta lá, dizendo para si mesma.;

Eu volto depois;

Aproxima do local de onde vêm os gemidos e consegue passar pela porta, mais ao entrar fica perplexa.

Meu Deus o que é isto?

A sua frente deitada, as crianças estão jogadas no chão de qualquer jeito, mais sequer conseguiam se mover, uma das meninas estava lúcida, porém muito machucada seu corpo estava muito ferido e uma de suas pernas estava com quebradura exposta. A outra tinha um corte profundo na cabeça e também muito ferida, um dos garotos tinha braços quebrados e ferimentos pelo corpo, e o melhor Zinho de todos estava totalmente apagado, acho que devido ao cansaço ele desmaio.

Maria pensa Deus o que houve aqui?

Aproxima das crianças, mas não sabe o que fazer para que a notem, e ao fixar os olhos em Alina que é a única que apesar de muito ferida esta lúcida, nota que a garota arregala os olhos, dando a entender que á esta vendo.

Chega bem perto e tenta se comunicar.

Ei você consegue me ver?

Por favor, se consegue dê-me um sinal.

Alina então com muito esforço move a mão lentamente.

Maria então sai apressada dizendo:

Aguarde-me eu já volto;

Sai em busca de algo, para conseguir pedir ajuda para as crianças.

Voa rápido de um canto ao outro e nada, até que der repente se lembra do quarto aonde virá papeis e canetas.

Vai rápido e com esforço sobre humano consegue pegar um pequeno pedaço de papel e uma caneta voltando rapidamente para o local onde as crianças estão.

Ao se aproximar de Alina, percebe lagrimas brotarem de seus olhos, então deixa sobre a garota o papel e a caneta dizendo.

Escreva o endereço que vou buscar ajuda.

Alina, apenas fala obrigado.

E com muito sacrifício, sentindo dores horríveis escreve o endereço e a palavra socorro varias vezes.

Maria apanha o papel e se despede da garota com um meio sorriso nos lábios e sai apressada.

Voa rápido pelas ruas escuras, sem tempo de notar a miséria estendida nas calçadas, mas ao mesmo tempo o vento forte que assopra anunciando chuva.

Há quanto tempo não sente o cheiro da chuva, o cheiro da terra, volta para seu passado quando cavalga entre as arvores ou num lindo descampado, onde podia admirar a beleza da natureza e a alegria de viver e sonhar com um amanhã colorido.

Porém seu cérebro trabalha rápido tem que chegar ao hospital e pedir ajuda para aquelas crianças.

Sua alma esta num impasse, confusa, dolorida, angustiada e solitária, pois sua vida esta preste a terminar e seu filho esta perdido.

Será que um dia o encontrará?

                    

                      

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo