Capítulo 2

É mais uma reunião na sala da minha casa em Rockville, no estado de Maryland, antes de um dos muitos ensaios que fazemos no meu estúdio caseiro. A produtora fica em Washington, a cerca de trinta minutos daqui, mesmo assim, minha casa é menos contra-mão, pois todos os demais membros da banda moram na mesma cidade que eu. Também é mais reservada, por ficar dentro de um condomínio. Além dos outros quatro integrantes da HelioX, também estão presentes Mike O'hare, nosso produtor, e minha esposa Monika. 

ㅡ Eu acho que deveríamos tentar. 

ㅡ Jhonny, não é assim. Temos que ver se o mercado não está saturado, se teremos abertura para promover a banda. Eu gosto do seu otimismo e confiança, mas não estou nessa para jogar dinheiro fora.

ㅡ Você nunca teve prejuízo com a HelioX, Mike. Aonde chegamos fazemos sucesso. 

ㅡ Eu sei o quanto vocês são bons. Só quero dizer que temos que ir com calma e cautela. Também há ótimas bandas na América do Sul com as quais vocês irão disputar espaço, além das internacionais de conhecimento geral. Precisamos criar uma abertura para vocês. Você por acaso sabe qual é sua base de fãs nos países de lá? 

No fundo sei que o meu produtor tem razão. Viro para minha esposa, que está com a cara colada na tela do celular. Ela me ajuda a gerenciar as redes sociais, assim não fico sobrecarregado. Faço questão de dar atendimento especial aos fãs, ao invés de contratar alguém estranho para isso. Afinal, sem eles, eu não seria ninguém. 

ㅡ Monika, o que você acha? Você também faz parte do comitê de divulgação.

ㅡ Eu acho que temos chance se escolhermos o país certo para iniciarmos a propaganda. 

Volto a atenção para o meu produtor, que me encara com seus olhos azuis incandescentes através daqueles óculos de aro fino. Mike é apenas cinco anos mais velho que eu, porém seus cabelos, barba e bigode bem aparados já possuem fios brancos, enquanto eu não tenho nenhum. Confesso que lhe conferem um ar elegante. É dono de uma das produtoras mais fortes da América do Norte. 

Ele não me engana, sei que está empolgado com a ideia.

ㅡ Vamos aguardar o resultado das pesquisas que pedi. Eu tenho que ir agora, uma papelada me aguarda. ㅡ Ele diz por fim.

Nós nos despedimos e minha esposa acompanha meu produtor até a porta de saída, enquanto os rapazes seguem para o estúdio. Estamos tocando juntos há um bom tempo, dezoito anos de estrada. Há cerca de dois anos, estávamos no início de uma pandemia e com uma produtora incompetente, que faliu quase um mês após o lockdown ser decretado. Cheguei a achar que seria o fim da banda. Porém, quando Mike surgiu e promoveu nosso nome,  começamos a colher os louros promissores de tantos anos de esforços e sacrifícios. Estouramos na América do Norte, Central, Europa... Ele fez realmente um trabalho monstruoso. 

Eu tenho a vida que sempre sonhei. Ganho dinheiro fazendo algo que adoro: música. O melhor é estar na companhia de amigos de longa data. Gregory, o tecladista, é o mais antigo. Crescemos juntos. Pablo, o baixista, se juntou a nós durante o ensino médio. Os gêmeos Arthur e Martin, guitarrista e baterista respectivamente, vieram durante a faculdade de música e completaram o grupo. Passamos por maus momentos, nas mãos de agências gananciosas que nos sugavam o sangue. Agora, tudo isso é passado. O futuro é muito promissor.

Fico na sala aguardando Monika se despedir do Mike. Toda vez que olho para ela, meu coração dispara. Como agora. Assim que ela fecha a porta, eu avanço em sua direção e a agarro por trás, mordendo sua nuca. Não me importo com seus curtíssimos cabelos castanhos no meu rosto. Seu perfume me inebria.

ㅡ Jhonny… Não estamos sozinhos em casa…

ㅡ Posso providenciar isso, querida. Vou despachar o pessoal e teremos o lugar só para nós. 

Ela ri, se vira para mim e me rouba um rápido beijo, porém logo me afasta.

ㅡ Não pode dispensá-los assim.  Além do mais, você se esqueceu da nossa pequena?

ㅡ Não, não me esqueci. Ela está dormindo e você será toda minha. 

Eu a pego de novo pelos braços e a giro no próprio eixo. Depois colo meu corpo ao dela e a embalo em um lento ritmo.

ㅡ Não pense que pode me seduzir com uma dança.

ㅡ Eu não estou fazendo nada, querida.

Finjo um ar de pura inocência enquanto me perco em seus olhos cor de esmeralda. Apaixonei-me por ela à primeira vista. Era a mulher mais linda na primeira fila de um dos meus shows em um bar qualquer, quando a banda ainda não era tão conhecida, quinze anos atrás. Casamos alguns meses depois. Monika sempre foi muito visionária e decidida. Embarcou conosco e nos apoiou nesse sonho turbulento. Tornou-se meu alicerce.

ㅡ Mamãe? Papai?

Olho por sobre o ombro de minha esposa, que vira seu corpo na direção da graciosa voz infantil que ouvimos. Nossa pequena Vivian está esfregando seus olhos com uma das mãos e segurando seu enorme Kermit verde de pelúcia com a outra. Sua franja e seus cabelos ondulados cor de mel estão um pouco emaranhados. 

ㅡ Acordamos você, princesa? ㅡ Deixo minha esposa de lado e sigo na direção da pequena.

ㅡ Não… ㅡ  Ajoelho-me diante dela e afago seus cabelos tentando ajeitá-los. ㅡ Estou sem sono…

Ela solta um longo bocejo e me abraça lentamente, se aninhando no meu peito.

ㅡ Sei…

Uso um pouco de ironia, porém ela ignora.

ㅡ Quero uma história...

ㅡ Papai tem que trabalhar, Vivian. ㅡ Começa minha esposa com os braços cruzados. ㅡ O restante da banda está esperando no estúdio.

Ergo um dedo na direção de Monika negando rapidamente, antes de pegar minha garotinha no colo e me levantar.

ㅡ Sempre tenho tempo para minha filha.

ㅡ Ah, desse jeito fico com ciúmes, Jhonny…

ㅡ O papai é só meu! 

Eu encaro o pequeno rosto de minha filha, cujas bochechas ela inflou em sinal de aborrecimento. 

Eu já disse como essa menina é possessiva?

ㅡ É, princesa, o papai é todo seu. Monika, pode passar um café para os rapazes? Assim que ela dormir eu me junto a vocês.

Minha esposa suspira para o alto e descansa as mãos nos quadris, sacudindo a cabeça em desaprovação.

ㅡ Você a mima demais, Jhonny.

Dou de ombros e sigo pelo corredor para o quarto de Vivian. Sei que eu deveria ser um pouco mais severo e lhe impor alguns limites, no entanto é difícil. Ela sempre me derrete. Faço tudo por ela. 

Eu fecho a porta de seu quarto com o pé e a coloco gentilmente em sua cama, cobrindo-a em seguida e sentando-me ao seu lado. 

ㅡ Quentinha? ㅡ Ela acena febrilmente com a cabeça concordando com um sorriso bobo nos lábios. ㅡ O que quer que eu leia hoje?

Começo a examinar a estante com alguns livros na parede acima de sua cama. 

ㅡ O Pequeno Príncipe.

ㅡ De novo?

ㅡ Papai, esqueceu que quero ser astronauta? Ele viaja pelo espaço para outros mundos. É tão legal…

Bom, nem todos os filhos seguem os passos dos pais, certo? 

Eu suspiro rapidamente enquanto faço um rabo de cavalo nos meus longos cabelos negros e prendo com um nó. Pego o bendito livro da prateleira e o abro. Eu poderia recitá-lo de cor, tantas foram as vezes que já o li para ela. Antes que eu comece, ela me interrompe.

ㅡ Não ficou chateado?

Eu a encaro confuso.

ㅡ Com o quê?

ㅡ Eu falei que quero ser astronauta, mas o senhor trabalha com música. 

ㅡ Princesa, desde que esteja feliz, não me importo que não queira fazer carreira na música. Isso quer dizer que não quer mais as aulas de piano?

ㅡ Eu gosto quando o senhor toca e canta, mas eu mesma…

Ela dá de ombros, um pouco desanimada.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Digo alisando seu queixo. ㅡ Você só tem cinco anos, tem um longo caminho pela frente. Eu amo a música, porém amo você ainda mais, então dedique-se a fazer o que você gosta. Seja lá o que decidir, pode contar comigo.

Ela sorri amplamente e pula no meu pescoço me abraçando forte. 

Como eu adoro seu carinho…

ㅡ Eu te amo, papai.

ㅡ Eu também, minha princesa, eu também. Agora, volte para a cama.

Ela obedece imediatamente após dar um beijo estalado na minha bochecha. Eu acho graça e começo a leitura.

"Certa vez, quando tinha seis anos, vi num livro sobre a Floresta Virgem, Histórias vividas, uma impressionante gravura. Ela representava uma jiboia engolindo um animal." (1)

ㅡ E ele fez um desenho de uma jiboia com um elefante na barriga, porém todo mundo dizia que era um chapéu!

Eu rio de sua empolgação.

ㅡ Posso continuar a leitura, sua pequena contadora de spoilers?

Ela dá uma gargalhada gostosa e eu sorrio.

ㅡ Pode!

ㅡ Bom, vamos lá…

Leva quase meia hora para que ela volte a dormir. Não saio antes de ter certeza que esteja em sono profundo. Dou-lhe um beijo na testa e me levanto cuidadosamente para não acordá-la. Paro na porta do quarto, observando-a um instante.

É um pequeno anjo em minha vida.

Olho ao redor do cômodo, a decoração em tons de amarelo fui eu quem escolheu praticamente, pois a gravidez e o parto de Vivian foram difíceis. Por isso Monika nunca quis ter outro filho, por mais que eu insistisse. Amo crianças. No entanto, respeitei sua vontade, era seu corpo. 

Quem sabe eu consiga convencê-la a adotar já que tem tanto medo de engravidar de novo? Poderia ser um menino, assim teríamos um casal.

Fecho a porta devagar e rumo pelo corredor para o estúdio. Ele é composto por duas salas. Na primeira está o equipamento de controle e mixagem de som, na segunda, ficam os instrumentos e é onde tocamos. Ambas completamente revestidas e a prova de som. Não é tão glamouroso quanto o da produtora em Washington, no entanto é como um lugar sagrado para nós. Permite que tenhamos liberdade para criar.

Os rapazes estão cada um em seu instrumento. Monika está em uma poltrona conversando com eles. Ela sorri ao me ver entrar.

ㅡ Nossa, hoje ela demorou.

ㅡ Pois é, querida. Dê uma olhada nela depois só por garantia. Ela parecia bem agitada.

ㅡ Claro, vou deixar vocês trabalharem. Até mais tarde.

Ela dá um aceno para todos e se retira, enquanto eu sigo para o microfone.

ㅡ Jhonny, fiz um arranjo diferente no teclado para o novo single.

Ok, Greg, me mostre.

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Ao entrar no quarto, vejo minha esposa deitada na cama, as mãos sobre a barriga. 

Conheço bem essa posição.

ㅡ Oi, querida…

Ela gira o pescoço na minha direção lentamente.

ㅡ O ensaio foi bom?

ㅡ Fantástico. Fechamos o novo single. Vamos tocar no próximo show e preparar um vídeo para divulgação do álbum. Muita dor?

ㅡ Como você sabe?

Encolho os ombros e enfio as mãos nos bolsos sem sair do lugar. 

ㅡ Você sempre fica assim quando sente cólicas. E já estava na época do seu período de qualquer forma. Só somei os fatos. Eu já volto.

Rumo para a cozinha e preparo uma bolsa de água quente. Para economizar tempo, uso a cafeteira para esquentar a água mais rapidamente. Não tenho paciência para ficar olhando a chaleira. Coloco metade de água quente e metade da torneira na bolsa térmica. Não quero que minha esposa se queime. Retorno para o quarto depois de alguns minutos. Fico orgulhoso de minha obra quando a vejo sorrir.

ㅡ O que foi que eu fiz para merecer um marido que além de saber do meu período, ainda faz uma bolsa de água quente para aliviar a dor sem que eu peça?

ㅡ Sou interesseiro. Vou cobrar com juros depois...

Ela dá uma risada sofrida da minha resposta sacana e se encolhe de lado como uma bola em seguida, gemendo de dor. Sento-me na cama, coloco sua cabeça no meu colo e a bolsa de água quente em seu ventre.

ㅡ Melhor?

ㅡ Ah… Muito… Desculpe o balde de água fria. Você estava tão empolgado mais cedo.

ㅡ Querida, não importa quantos baldes de água fria me jogue. Sou pior do que gato caçando fêmea no cio. Nunca desisto e sempre volto cantando.

Ela se contorce, tentando segurar a risada.

ㅡ Bobo! Não me faça rir! Se você fosse mulher seria uma ótima amiga.

ㅡ Se eu fosse mulher, seria lésbica e faria você se apaixonar por mim de novo.

Ela vira apenas um pouco a cabeça para me olhar e eu sorrio.

ㅡ É, com certeza você faria se me desse um sorriso como esse...

Ela está de bom humor, o que é raro nesse período. Talvez…

ㅡ Monika, eu estive pensando enquanto observava Vivian dormindo…

Eu paro de falar, procurando as palavras certas.

ㅡ No quê, Jhonny?

ㅡ Não seria hora de darmos um irmão para ela?

Ela se vira um pouco para me encarar com um ar sério.

ㅡ Você sabe que eu não quero engravidar de novo…

ㅡ Eu sei...Talvez, pudéssemos… Adotar?

Pronto. Falei.

Fico aguardando ansioso por sua resposta. Chego a engolir saliva para desfazer o bolo na garganta.

ㅡ Nós dois trabalhamos muito e tem um disco novo a caminho, além da turnê para promovê-lo…

Suspiro forte e desvio meu olhar para o alto. 

Ela não quer... O que eu estava pensando?

ㅡ Não quero pressionar você, só acho que seria bom para ela ter um irmão. Ela não é de fazer muitas amizades na escola, sempre rejeita os convites das colegas de classe. 

ㅡ Já falou com ela sobre ter um irmão?

ㅡ Ainda não. Se você não concorda, não tem porque colocar ideias na cabecinha dela.

ㅡ Eu não disse que não concordo.

Nesse momento, abaixo meu rosto para encará-la cheio de esperança.

ㅡ Você…

ㅡ Também não disse que concordo. Vamos deixar passar a turnê e conversaremos sobre isso depois, está bem?

Eu abro um largo sorriso.

ㅡ Jura? 

ㅡ Mas, saiba que adotar… É uma criança que não vai ter o seu sangue. 

ㅡ Vou amar do mesmo jeito, como se tivesse saído da sua barriga. Eu amo crianças, você sabe disso.

ㅡ Sim, eu sei…

Ela vira o rosto, não antes que eu perceba uma sombra passar por ele.

ㅡ O que foi, querida?

ㅡ Nada. É só cansaço e a dor. 

ㅡ Então, se ajeite melhor. Vou retornar ao estúdio e ver umas coisas. Acho que deixei algum equipamento ligado.

ㅡ Não fique tocando até tarde. Você sempre se esquece da hora quando entra lá.

ㅡ Não me culpe se eu fizer isso hoje… Meu parquinho está interditado, tenho que me divertir em outro lugar.

Pisco para ela e sorrimos um para o outro. Eu a retiro do meu colo, ajudo-a a se acomodar debaixo da coberta e beijo sua boca suavemente antes de me levantar. 

Quando estou para sair, ela faz uma observação que me desestabiliza, tanto, que permaneço parado com a mão na maçaneta da porta sem me virar para ela.

ㅡ Você sabe que outro filho não vai trazer sua irmã e sua mãe de volta, não sabe?

Porra! Por que ela tinha que falar disso agora? Faz quatro anos que peço outro filho e ela vem com essa desculpa!

ㅡ Elas não têm nada a ver com o fato de eu querer uma família maior! Se você odeia tanto assim a ideia de ter outro filho comigo é só dizer, tá legal? Não use a memória delas como escudo!

Não sei a expressão no rosto dela, pois não me dou ao trabalho de ver. Apenas saio do quarto, fechando a porta em seguida. Entro na antessala do estúdio bufando. Sento-me na cadeira diante da mesa de som e encaro os controles, completamente sem chão.

Sarah… Mãe… Eu me lembro do acidente como se tivesse acabado de acontecer. Tudo está vivo em minhas memórias. Os sons, cheiros e cores. O som da freada brusca e da batida. O cheiro da fumaça. A cor do sangue. 

Um embrulho se forma no meu estômago. Apoio ambas as mãos na nuca, forçando minhas costas contra o encosto da cadeira. Visualizo um ponto invisível no teto enquanto busco terrivelmente por ar. Meus pulmões parecem travados e meu peito queima. 

Trinta anos… E a lembrança ainda dói...

Dou um urro de puro desespero e cubro o rosto com as mãos, deixando meu corpo pender para frente. Sinto a umidade das lágrimas na minha pele. 

Que merda, Jhonny! Saia dessa! Elas não gostariam de te ver assim…

É quando começo a escutar um zumbido, como o alerta vibratório de um celular, vindo do interior do estúdio. Como Monika esteve aqui mais cedo, é possível que tenha esquecido o aparelho que usamos para as redes sociais.

Talvez sirva para distrair a minha cabeça. Sempre acho graça dos absurdos que a maioria das fãs escrevem.

Respiro fundo, limpando o rosto com as costas das mãos e me levanto. Sigo para a poltrona onde a vi sentada antes. Lá está o aparelho, com a tela acesa, quase escorregando por uma abertura entre o assento e o braço. Por causa do frenesi do ensaio, ninguém o percebeu. Sento-me na poltrona e o destravo. 

Nossa! Centenas de mensagens em cada aplicativo. Por qual começo?

Decido iniciar minha jornada pelas mensagens, é o que tem mais notificações. Só trezentas e sete dessa vez. Sempre respondo de forma educada, para agradar as fãs. Eu sorrio para mim mesmo enquanto leio. É tudo basicamente igual. 

"Eu te amo, Jhonny!"

"Você é lindo, sexy…"

"Casa comigo?"

Fora outras coisas bem mais pesadas e proibidas para menores. Vi fotos de fãs nuas em posições e ângulos mais complicados que o Kama Sutra. Tenho por norma ignorar e deletar mensagens com nudes. As ofensivas encaminho para o setor jurídico da produtora.

É, nem meus belos olhos azuis conseguem agradar todo mundo. 

Depois de umas duzentas mensagens, surge uma que parece interessante. É de uma fã brasileira se oferecendo para traduzir as músicas da banda para o português e por online

Brasil… Poderia ser a nossa porta de entrada…

Sem perceber o horário, puxo meu celular pessoal do bolso da calça e ligo para o Mike.

ㅡ Jhonny, você faz ideia de que horas são? Aconteceu alguma coisa?

Só então vejo que o celular marca 2h47 da manhã.

Ops!

ㅡ Foi mal, Mike. Fiquei tão empolgado que não percebi que era tão tarde. Quer que eu ligue depois?

ㅡ Agora já estou acordado. Fale o que te deixou tão excitado assim.

ㅡ Sobre o mercado da América do Sul, poderíamos começar pelo Brasil. 

ㅡ Sério mesmo que você me ligou para isso? Por que o Brasil? Por que não a Venezuela ou a Bolívia?

ㅡ Porque tenho uma fã brasileira disposta a traduzir nossas músicas para o português. Parece até providência divina, não é, Mike? 

Ele rebate meu sarcasmo com descrença.

ㅡ É bom demais para ser verdade. O que ela pede em troca?

ㅡ Nada. Ela escreve bem em inglês, não tem erros. Diz que só quer praticar o idioma e vai fazer gratuitamente as traduções. Ela também fala espanhol. É uma boa oportunidade já que temos músicas em inglês e espanhol. Posso responder que sim?

ㅡ Espere um pouco, Jhonny. Vou checar os trâmites legais sobre isso. Não quero que, mais adiante, alguém acuse a HelioX de explorar seus fãs. Eu te digo em alguns dias o que vamos fazer.

Ok, você é quem sabe. Só não demore muito tempo. Talvez, ela desista.

ㅡ Pode deixar. Ela tem alguma coisa para mostrar do trabalho dela? Mesmo sendo gratuito, quero algo bem feito.

ㅡ Ela mandou um link com um profile que fez para mim. Tem duas músicas traduzidas. Vou te enviar e você pode ver por si mesmo.

ㅡ Está certo. Vou analisar e te aviso.

Nós nos despedimos e volto a ler novamente a mensagem. Existe algo curioso nela. Ela poderia ter feito as traduções se quisesse do mesmo jeito sem pedir autorização. Qualquer um poderia, porém ela preferiu pedir permissão. Foi muita consideração da parte dela. 

ㅡ Carolina Ferreira... Você caiu do céu, sabia?

ㅡ Quem é essa, Jhonny?

Ergo meu olhar na direção da porta e vejo Monika. Ela está de braços cruzados, como quem tenta espantar o frio e tem uma expressão angustiada no rosto. Suspiro brevemente, passando uma mão pela parte de trás do meu pescoço que está dolorido. Estico o braço na direção de minha esposa, que se aproxima rapidamente e segura minha mão. Puxo-a para o meu colo, afago seu rosto e depois seus braços para aquecê-la. 

ㅡ Não deveria sair da cama a essa hora com essa friagem.

ㅡ Você não voltava nunca, fiquei preocupada.

ㅡ Sinto muito.

ㅡ Não… Sou eu quem te deve desculpas. Eu não deveria ter falado da sua família.

ㅡ Não deveria, no entanto falou mesmo assim. 

ㅡ Eu sei, me desculpe…

Ela aninha seu rosto no fundo do meu pescoço, seus lábios roçando minha pele e eu fecho meus olhos. Respiro seu perfume e a envolvo com meus braços lentamente.

ㅡ Tudo bem, querida… 

Ela então se ajeita para me encarar.

ㅡ Quem é Carolina Ferreira?

ㅡ Somente uma fã.

ㅡ E por que você decorou o nome dela? ㅡ Eu apenas sorrio, pego o celular e lhe mostro a mensagem. ㅡ Nossa… Não estávamos falando justamente sobre a América do Sul hoje?

ㅡ Pois é, parece até coisa do destino. Eu fiquei tão empolgado que liguei para o Mike.

ㅡ Certamente ele ficou muito feliz por receber uma ligação às três da manhã... ㅡ Ela ironiza e ambos rimos. ㅡ O que ele falou?

ㅡ Primeiro, me xingou. Depois ficou de ver a questão jurídica dessa situação. Ela falou que faria de graça, porém sabe-se lá o que isso pode implicar. 

ㅡ Entendo. Bom, vou esperar o Mike para responder a ela.

ㅡ Eu cuido das mensagens dela. Vou marcar no Favoritos para não se perder no meio das outras. Acho que vou falar para ela que o meu produtor está analisando, assim ela não se sentirá ignorada.

ㅡ Jhonny, nenhuma dessas fãs acha realmente que você responderá qualquer coisa… Espere pelo Mike, caso contrário ela pode até ficar floodando para saber da sua decisão. 

ㅡ Você acha? Ela não pareceu tão histérica quanto as outras.

ㅡ Ela falou do seu sorriso "matador", Jhonny...

ㅡ Todas falam, querida. E de outras partes também. No entanto, a forma como ela colocou as coisas é que foi diferente, entende?  

ㅡ Se você diz…

Percebo que ela parece desconfortável.

ㅡ Hei… Espere um pouco… Está com ciúmes?

Seguro seu queixo com o indicador, tentando encontrar a resposta para minha questão em seus olhos.

ㅡ Eu? De uma fã? Faça-me o favor!

ㅡ Aham... 

Ela afasta minha mão e suspira.

ㅡ Sua ironia é irritante, sabia? Vou deixar você na seca.

ㅡ Não seja má comigo...

Ela inclina a cabeça de lado um pouco, me analisando. Então, sinto suas mãos me apalpando por cima da calça e praticamente pulo na poltrona.

ㅡ Calma, Jhonny...

Mexo minha boca para falar, porém ela me cala com um beijo, enquanto abre o zíper. Quase me esqueço do que ia dizer. 

ㅡ Você não está com muita dor, querida?

ㅡ Nada que me impeça de brincar com o pequeno Jhonny.

Eu enrugo a testa e a encaro consternado.

ㅡ Isso é um apelido ridículo pro meu pau. Você acha ele pequeno?

Ela revira os olhos e sorri.

ㅡ Vocês homens são tão sensíveis com relação a tamanho. E não foi você quem disse que eu tinha um "parquinho"?

ㅡ Mesmo assim. É deprimente.

ㅡ Se te deixa mais tranquilo, saiba que o seu pau deveria ser patrimônio da humanidade de tão grande e gostoso que é. 

Eu não aguento e caio na risada. 

ㅡ Sendo assim, todo mundo poderia usufruir dele, não acha?

ㅡ Ah, não, meu amor. Esse prazer é somente meu…

Ela escorrega seu corpo por entre as minhas pernas e se apossa do meu membro. Eu apenas deixo minha cabeça pender para trás, aproveitando as sensações extasiantes que ela me dá.

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ㅡ Papai!

Vivian solta a mão de sua professora e corre na direção do meu carro. Eu abro a porta e ela pula no meu pescoço. 

ㅡ Gostou da surpresa, princesa?

ㅡ Muito! Cadê a mamãe?

ㅡ Ela foi dar uma ajuda para a tia Lucy. ㅡ A pequena se afasta e começa a se acomodar no banco do carona ao meu lado. ㅡ O que pensa que está fazendo, mocinha?

ㅡ Arrumando o cinto, oras!

ㅡ Tudo bem, porém faça isso na sua cadeira lá atrás.

Ela faz um bico de birra e cruza os braços.

ㅡ A mamãe sempre me deixa ir na frente!

ㅡ Vou conversar com a sua mãe sobre isso. Comigo, você vai para o banco de trás.

ㅡ Mas, papai…

ㅡ Vivian… Agora. ㅡ Ela suspira fortemente e pula para o banco de trás, já subindo em sua cadeira e apertando o cinto. Dou partida no motor e sigo pela estrada. Ela permanece emburrada e eu tento quebrar o gelo. A temperatura do humor dela está mais fria do que a neve lá fora. ㅡ Sabe, tenho show amanhã. Quer assistir do backstage?

ㅡ Pode ser. ㅡ Ela fala desinteressadamente, observando a paisagem pela janela.

Menina de gênio difícil…

ㅡ Você pode levar uma amiguinha da sua escola se quiser…

ㅡ Papai, você não entende nada. Essas meninas são muito infantis. Não vão gostar da sua música. 

ㅡ Sim, claro, mas você gosta?

ㅡ Com certeza! Eu sou muito mais madura!

De onde veio isso?

Eu começo a rir e ela fica mais insatisfeita ainda.

ㅡ Eu sou sim! As meninas da minha escola são muito bobas! E os meninos são estúpidos!

Eu arregalo os olhos e volto a fitá-la pelo retrovisor interno. 

Ninguém mexe com a minha garotinha!

ㅡ Como assim? Algum menino fez bulling com você?

ㅡ Eu não deixo. O Erik tentou pegar meu lápis de cor e eu bati nele.

Eu respiro aliviado e só depois de um segundo é que me dou conta do que ela disse.

ㅡ Vivian, não se pode resolver as coisas assim. Se alguém fizer algo na escola que você não goste, fale com a senhorita Clayton.

ㅡ Eu falei, mas ela disse que eu tenho que aprender a dividir. Só que o Erik não pediu "por favor" e nem agradeceu.

ㅡ Nesse caso fale comigo que eu converso com os pais dele para lhe ensinarem educação. Bater nas pessoas só faz com que você se iguale a elas. Você quer ser igual ao Erik? Sem educação e estúpida?

Só agora ela vira o rosto na minha direção, que eu encaro um momento pelo retrovisor.

ㅡ Não sou igual a ele.

ㅡ Não é o que parece. Seja superior. 

ㅡ O senhor nunca bateu em ninguém?

ㅡ Já sim. Não vou dizer que foi bonito. Se eu pudesse, teria feito diferente. As coisas que você faz e diz não têm volta. Tente pensar primeiro antes de agir por impulso.

ㅡ Está bem.

Vivian é durona, não deixa nada barato. No fundo tenho orgulho de sua força. Minha curiosidade aumenta e, durante um sinal vermelho, viro meu corpo no banco e a observo.

ㅡ Você bateu muito forte nele?

ㅡ Ele chorou igual a um bebê. 

Ela fala como se me contasse um segredo precioso. Eu não deveria, mas acabo sorrindo. Limpo a garganta para disfarçar e volto minha atenção para o volante.

ㅡ Bom, da próxima vez, fale comigo, está bem?

ㅡ Pode deixar.

O sinal abre e continuamos nosso percurso. Lembro-me de algo que comprei para ela e abro o porta-luvas. Mexo em um saco de papel e puxo uma bala de alcaçuz de dentro dele. É o doce favorito dela.

ㅡ Você quer uma?

Ela estreita o olhar e me deixa desconcertado com sua pergunta.

ㅡ Papai, por acaso está tentando me subornar?

ㅡ Um pai não pode comprar a bala favorita de sua princesinha?

ㅡ É. Está tentando me subornar... Vou ceder só dessa vez.

Eu rio e ela sorri pela primeira vez desde que sentou em sua cadeira. Paro em um acostamento e me viro para entregar a bala para ela. Depois, pego outra do saco de balas e também começo a comer. 

ㅡ A tia Lucy está bem?

ㅡ Sim, sua mãe só foi para ajudar por causa do bebê. Sua tia está grávida, é normal que sua mãe a ajude.

ㅡ Mas, quando eu estive lá na semana passada, ela sangrou muito. Fiquei preocupada.

Olho para ela um pouco confuso. Monika não comentou nada sobre sua irmã ter tido um sangramento.

Estranho...

ㅡ Não se preocupe, princesa. Se sua tia precisar de ajuda, sua mãe está com ela. Qualquer coisa ela sabe que pode me ligar. 

ㅡ Eu sei, mas a tia Lucy chorava muito. Até o tio Gregory chegar.

Gregory? O que ele foi fazer lá? Lucy nunca esclareceu quem seria o pai do bebê que ela está esperando... Será?

A curiosidade me toma e não resisto em questionar minha filha um pouco mais. 

ㅡ Você sabe o que eles conversaram?

Céus! Estou parecendo uma velha fofoqueira espreitando a vida alheia pela janela! No caso, minha filha é a janela…

ㅡ Não. Os três foram para o quarto da tia Lucy e conversaram durante um tempo enquanto eu lanchava. Depois a mamãe saiu e fomos para casa. Pode me dar mais bala?

Pego outra bala do saco e entrego a ela automaticamente. 

Não consigo entender porque ninguém me contou. Se Gregory for mesmo o pai do filho da minha cunhada eu ficaria feliz pra cassete. Por que tanto segredo? Eu sei que o meu amigo de infância nunca foi lá de se amarrar. Na verdade, nunca o vi com uma garota. Talvez, ele não queira o bebê...

Essa ideia me entristece terrivelmente. Aqui estou eu, querendo convencer Monika a termos mais um filho enquanto ele renega o dele. 

A vida é muito complicada e o destino cospe na nossa cara sem dó.

Quando chegamos em casa, sigo para a cozinha com a pequena para lhe dar água. Ela praticamente comeu o saco de balas sozinha. Para minha surpresa, encontro Monika mexendo em uma panela no fogão, coisa que ela nunca faz.

ㅡ Que milagre é esse?

Ela vira para mim praticamente saltando no lugar e pondo a mão sobre o peito.

ㅡ Credo, Jhonny! Quase morri do coração! ㅡ Então, ela olha para Vivian. ㅡ O que diabos você deu para ela comer?

Vejo minha esposa pegar um pano de prato, molhá-lo na torneira da pia e se prontificar a limpar o rosto de nossa filha.

Minha nossa! Não tinha reparado como ela tinha se lambuzado toda!

ㅡ Foram só algumas balas de alcaçuz. Ela gosta.

ㅡ Algumas balas? Antes do almoço? É sério isso? Quantas ela comeu?

Limito-me a colocar as mãos nos bolsos e abaixar a cabeça, como um delinquente arrependido que foi pego em flagrante. 

ㅡ Só um saco de trezentas gramas…

Ela grunhe irritada e sacode as mãos no alto, para depois deixá-las cair ao longo do corpo.

ㅡ Filha, pode ir tirar essa roupa cheia de doce? Tem dever de casa? ㅡ A menina confirma com a cabeça. ㅡ Aproveite e faça o que der antes de te chamar para almoçar.

ㅡ Não brigue com o papai…

ㅡ Vivian, o que eu falo com seu pai não é da sua conta. Vá agora.

Sinto um aperto no peito quando vejo minha filha engolir o choro e correr para seu quarto. O aperto aumenta quando minha esposa me encara aborrecida.

ㅡ Não precisava ter falado com ela desse jeito, Monika. A culpa foi minha, eu dei as balas.

ㅡ E você sempre a protege e a mima… Ela vai ser uma pessoa insuportável quando crescer se não podar as asas dela agora, Jhonny!

ㅡ Tudo bem, eu assumo meu erro. Eu me distraí conversando com ela e acabei deixando que ela comesse tudo sem perceber. 

ㅡ Ah, por isso vocês demoraram tanto! Imagine a minha surpresa ao chegar em casa e não encontrar vocês! Que conversa tão animada foi essa?

Eu suspiro e passo uma mão pelos cabelos. Não tem uma forma agradável de iniciar esse assunto. 

ㅡ Foi sobre sua irmã Lucy… E o Gregory.

Ela arregala os olhos e morde os lábios. Desvia seu olhar do meu e vai até a pia, onde coloca o pano de prato.

ㅡ O que tem eles?

ㅡ Vivian me disse que ficou preocupada com a tia por causa de um sangramento. Que você, sua irmã e Gregory tiveram uma conversa a portas fechadas. ㅡ Eu me aproximo e seguro seus ombros, obrigando-a a me encarar. ㅡ Esse filho é dele, não é?

ㅡ Era…

ㅡ Como assim… ㅡ Então, eu entendo o que ela quer dizer. ㅡ Ela perdeu o bebê?

Ela suspira fundo e se solta de mim. 

ㅡ Eu não queria te falar porque sei o quanto você e Gregory são ligados. Ele e Lucy estavam tendo um rolo e ela acabou engravidando. Ele tirou o corpo fora, dizendo que não era só com ele que ela dormia. 

ㅡ E isso é verdade?

ㅡ Eu não sei, Jhonny. Não fico vinte e quatro horas com a minha irmã. Só o que eu sei é que ela me jurou que o bebê era do Gregory. Mas, isso não importa mais. No final, ela decidiu abortar. Ela tomou um medicamento e foi o sangramento que assustou a Vivian. ㅡ Ela dá uma risada contida e irônica. ㅡ Quando eu liguei para ele dizendo o que a minha irmã tinha feito, ele foi correndo lá, só que já era tarde demais. Pedi a ele que a levasse a um médico, era o mínimo que poderia fazer por ela. Peguei a Vivian e voltei para casa.

ㅡ Santo Deus… ㅡ Cruzo minhas mãos na nuca e ando sem rumo pela cozinha. Respiro profundamente antes de prender meu olhar em seu rosto. ㅡ Deveria ter me contado...

ㅡ O que você poderia fazer? 

ㅡ Monika, você não está enxergando além da situação em si. Merda! Isso poderia se tornar um escândalo! Gregory tem um contrato zelando pela reputação da HelioX, todos temos. Se ele tinha dúvidas quanto à paternidade, deveria ter pedido um exame de DNA. Ao invés disso, ele tomou a pior decisão. Abandonou a garota e ela decidiu abortar. Essa situação é surreal!

ㅡ Eu não havia pensado por esse lado… Ainda estou atordoada com o que aconteceu, não sabia como te contar.

Olho para ela e a puxo contra o meu peito. Abraço-a forte e beijo o topo de sua cabeça.

ㅡ Sinto muito, querida. Estou pensando na banda, quando a situação envolve a sua irmã. 

ㅡ Eu lavei as minhas mãos depois que ela abortou. Não é mais minha responsabilidade.

ㅡ Por que seria?

Ela me encara confusa e tropeça nas palavras. 

ㅡ Lucy é minha irmã e eu conheço o Gregory há vinte anos. Eu deveria ter feito alguma coisa, Jhonny. Poderia ter prestado mais atenção. Veja a merda que deu apenas porque eu fui relapsa.

ㅡ Hei… ㅡ Abraço seu rosto com minhas mãos.  ㅡ Não se martirize desse jeito, está bem? Vou falar com Gregory. Ele não agiu como um homem deveria agir. 

ㅡ É melhor me deixar resolver isso, você se envolver não adianta agora. Nem sei em que pé eles estão. Lucy mal me recebeu hoje, por isso voltei logo. Eu vou sondar a minha irmã e ver o que ela pretende fazer. 

ㅡ Tem certeza? Posso obrigá-lo a se casar com ela…

Eu sorrio brincando e ela retribui. Gosto quando ela sorri, fica sempre mais bonita.

ㅡ Não estamos mais na época medieval, Jhonny…

ㅡ Tudo bem.

Permanecemos abraçados por mais alguns instantes, antes que ela resolva ir ver como Vivian está. 

Eu disse que não falaria nada com Gregory… É justo, é a irmã dela, ela quer resolver as coisas. Ele também jamais faltaria o respeito com Monika, se conhecem há muito tempo e…

Então, algo que ela falou ecoa na minha cabeça.

Vinte anos?

Eu não quis perguntar a Monika sobre o tempo que ela conhecia Gregory. Nós dois estávamos juntos há quinze anos. Nunca nenhum dos dois comentou se conhecerem antes disso. Nunca os havia visto juntos. 

Ela provavelmente se enganou por causa do estresse…

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✾ ♬♪♫  Notas Finais ♬♪♫ ✾

1 - SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe: com aquarelas do autor; tradução de Dom Marcos Barbosa. ㅡ 48. ed. ㅡ Rio de Janeiro: Agir, 2009. 96p. : il.

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