Capítulo III

  Em meu quarto, Kallie sentou-se em minha cama com as pernas cruzadas enquanto verificava seu celular. Coloco minha bolsa em cima da poltrona que fica próxima da janela que tem vista para o jardim da frente, dá uma bela vista em noite de lua cheia. Olho ao redor do meu quarto, sinto como se fosse meu refúgio. Há fotos minhas com meus pais na mesinha ao lado da cama king Size, em frente da cama fica minha escrivaninha com meu notebook, livros do meu curso e uma iluminaria de acrílico em forma de três rosas. Ao lado umas prateleiras de livros de todos os meus autores favoritos e com fotos minha e Kallie em nossas várias viagens que fizemos juntas.

 Vou em direção ao closet pegar os biquínis, procuro entre as gavetas do armário, escolho um biquíni tomara que caia verde com estampa florida para mim, troco-me e pego um biquíni preto de franjinha para Kallie. Voltando para o quarto a encontro na mesma posição de antes, jogo o biquíni em seu colo. Ela leva um pequeno susto, rio de sua reação exagerada enquanto ela me encara com a mão no peito pelo susto.

- Quer me matar sua maluca? - Diz se levantado e indo se trocar no closet.

- A culpa foi sua por estar tão concentrada no seu celular... - Rio. - E não percebeu que eu estava parada na sua frente.

- Já te falaram como você é chata? Se não, eu te digo... Você é muito chata. - Ignoro sua pergunta sarcástica com um revirar de olhos. Ela para na minha frente e dá uma voltinha. - Então como estou?

- Nada mal, agora vamos logo antes que eu desista. - Falo indo em direção à porta do quarto.

-Que mal humor. - Diz passando por mim e saindo primeiro do quarto, parando no meio do corredor e virando em minha direção e me mostra a língua sorrindo. Vou até ela passo o braço no dela e a puxo em direção a escada, vou ter que aturar uma tarde de comentários engraçadinhos da senhorita sabichona.

Passar à tarde com Kallie é diversão garantida, estou relaxando na espreguiçadeira sob a sombra do guarda-sol. Já Kallie está na piscina mergulhando e jogando água para os lados, parecendo uma criança... Fico observando sua bagunça, rindo dela. Aurora, uma das empregadas, se aproxima com uma bandeja com sucos de laranja, ela deixa em cima da mesinha entre as duas espreguiçadeiras, ela pergunta se quero mais alguma coisa, digo que não e agradeço. Ao observar ela sair indo para área de serviço, vejo uma figura de terno preto e óculos de sol escuro, ao seu lado um dos outros seguranças falava com ele gesticulando a todo o momento. Estava tão centrada no que se passava que não notei a presença de Kallie me analisando atentamente.

- Para onde você tanto olha? - Disse verificando em volta a procura de onde eu olhava. - Hum... Que bela vista bem ali. - Virou-se para mim com um olhar malicioso.

- Esta falando do quê?- Tento parecer indiferente ao seu comentário, pego o suco tomando um gole.

- Não seria o quê? Mais de quem. - Diz apontado para James. - Estou me referindo ao seu belo segurança.

- Até quando vai ficar insistindo nessa bobagem, já está passando dos limites. - Digo tomando um gole de suco.

- Não tenho culpa se o tipo alto e forte, dos olhos azuis chama minha atenção. - Ela senta em uma das espreguiçadeiras ao meu lado e dá um pequeno aceno para eles com um sorriso encantador. Não acredito no que acabei de ver, ela deve estar de brincadeira.

- Você poderia não dar em cima do ''MEU'' segurança enquanto eu estiver por perto ou de preferência quando ele estiver em serviço. - Falei, virando-me para ela.

- É impressão minha ou a senhorita está com ciúmes? - Kallie perguntou tentando esconder um sorriso. Eu queria tentar entender de onde foi que Kallie tirou uma idéia absurda dessa.

- Por que eu estaria? - Falei irritada pela sua pergunta idiota. - Só não quero que ele tenha problema com meu pai. - Suspirei.

- Tudo bem. Prometo não dar em cima dele nesse momento. - Ela olha para ele e depois volta a me fitar. - Porém não prometo nada quando ele estiver de folga. - Ela deu uma piscadela.

Eu ri, balançando a cabeça. Eu mereço uma amiga dessa cabeça de vento. Não vejo nada de interessante nele, é apenas mais um segurança qualquer. E o fato de ele estar ali parado como um poste está me incomodando, quando o meu pai chegar falarei com ele que não tem nenhuma necessidade de ter que ficar cercada de segurança enquanto eu estiver na piscina da minha própria casa. Incomoda ficar sob o olhar atento deles o tempo todo, ainda mais quando estou de biquíni.

  Estava tão perdida em meus pensamentos, que não prestei atenção em nada do que Kallie estava falando, olho em sua direção com uma expressão confusa.

- Desculpa, você disse alguma coisa?

-Não acredito que você não estava ouvindo o que eu estava dizendo. - Ela diz cerrando os olhos para mim. - Eu dizia se ainda vamos à Body English no sábado à noite? - Ela acrescenta.

- Claro que vamos. - Digo animada.

- Ótimo, suponho que você vai estar acompanhada - Ela olha na direção do James que ainda está parado conversando com o outro segurança, ela dá um pequeno sorriso e olha de volta para mim. - Então passa para me buscar às 22 horas? - Ela diz com um sorrisinho.

- Estarei em sua casa pontualmente e vê se não se atrasa, pois você tem uma mania de nunca estar pronta na hora combinada.

- Que mentira, não existe ninguém mais pontual do que eu. - Ela diz fingindo estar ofendida pelo meu comentário. - E não se preocupe, não perderei essa noite por nada. - A olho desconfiada, ela dá uma piscadela e entra na piscina de novo. Não sei porque mas tenho a leve impressão que sua empolgação não tem nada a ver com passar á noite dançando.

Tínhamos subido para o quarto. Enquanto eu termino de trocar de roupa no closet, Kallie estava no banheiro tomando banho. Vou até o quarto, sento-me na cama e a espero terminar, ela já sai do banheiro vestida.

- Seus pais já chegaram? - Diz ela arrumando sua bolsa.

-Acho que não, provavelmente só vai chegar mais tarde.

- Tenho que ir agora, minha mãe já ligou umas trinta vezes. Pode me acompanhar até a porta? -Ela pega a bolsa, indo em direção à porta.

- Claro. - A acompanho até o andar de baixo. A casa parecia silenciosa, não havia vestígio de nenhum dos empregados. Despeço dela no jardim da frente e a espero sair para entrar novamente.

 Subo para meu quarto, sento-me em frente à escrivaninha e ligo meu notebook, abrindo minhas anotações das aulas de hoje, comecei revisando algumas partes. Fiz algumas pesquisas relacionadas às minhas matérias da faculdade. Gosto de fazer tudo adiantado, para não deixar nada para última hora. Depois de horas de estudo, resolvo parar um pouco para descasar e além do mais, eu estava morrendo de fome. E como não desci para jantar a fome está me consumido.

 No andar de baixo passo pela sala de estar, atravessando o corredor que dá para a sala de jantar, como a mesa não estava posta vou direto para a cozinha, encontro a Sra. Francesca que se vira ao me ver com um sorriso.

- Pensei que já estava dormindo, não desceu para jantar. - Ela fala indo até o micro-ondas esquentar o jantar.

- Estava estudando, acabei perdendo a hora. Meus pais estão em casa? Não ouvi nenhum barulho deles enquanto estava no quarto. - Sento-me no balcão esperando a comida ficar pronta.

- Eles estão sim, seu pai está no escritório como sempre e sua mãe subiu para o quarto, ela parecia cansada e então provavelmente foi dormir mais cedo.

O micro-onda apita avisando que a comida está pronta, ela abre a geladeira pegando uma jarra de suco, colocando em um copo, servindo-me.

- Obrigada. - Ela sorri gentilmente e volta para seus afazeres.

 Comi tudo rapidamente, estava com muita fome, e estava tudo delicioso. Após eu ter terminado de comer, a Sra. Francesca coloca as louças sujas na lava-louças, e limpa o balcão. Agradeço novamente, dando-lhe boa noite.

 Sinto-me cansada, tive um dia cheio e a semana toda será assim, mas não tenho do que reclamar, ir a faculdade faz parte do meu dia a dia. E gosto de passar um tempo com aquela louca, mesmo que às vezes ela me enlouqueça. E Então o melhor que eu faço agora é ir dormir, já no quarto, vou ao closet e ponho meu pijama quentinho, escovo os dentes no banheiro. Volto para o quarto, apago a luz e deito-me, adormecendo imediatamente.

                                       

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