Capítulo IX

Caminhávamos em direção a Jones, conversando no caminho.

Thomas me explicou como conheceu Lina, ela é mãe de sua ex namorada; Beatrice. Luna é sua afilhada e sobrinha da sua ex. Eles tinham um bom relacionamento, mesmo depois do término, continuavam se dando bem, sempre com muito respeito e carinho.

Nick e Maggie seguiam conversando também e pela forma que ela estava, a conversa estava indo muito bem.

Sentei na minha mesa e comecei a planejar a campanha do nosso cliente. Vire e mexe o Thomas virava e fazia alguma gracinha ou me ajudava em algo relacionado ao trabalho. Ele era bem pró ativo.

Caleb passou o resto do dia entre reuniões e ligações. Da minha mesa tinha visão para a sala dele e isso me deixou incomodada, principalmente por não conseguir parar de olhar para lá.

Ele andava de um lado para outro e parecia irritado com alguém ao telefone, afrouxou a gravata, nem havia percebido que a tinha colocado novamente. Não conseguia parar de olhar, havia algo nele que me intrigava, deixava curiosa e queria saber mais dele.

Ele reparou que estava olhando para ele, seu lábio subiu num sorriso malicioso e me deixou encabulada. Não pelo sorriso, mas, por ter sido flagrada olhando. Ele encostou na mesa, ficando de frente para mim, mas continuava ao telefone, parecia nem se importar mais com a ligação. Seus olhos estavam em mim, estava com a cabeça de lado, me avaliando com aqueles olhos azuis que me deixavam hipnotizadas. Era como olhar o céu num dia fresco de verão.

Um calor subiu pela minha espinha, esquentando meu corpo em segundos. Seus olhos continuavam em mim.

O que esse homem está causando em mim?

Nunca havia me sentindo daquela forma por ninguém e isso me irritava, não pelo sentimento, mas pelo poder que ele parecia ter sob mim.

Algum barulho me assustou, foi então que percebi que o celular da empresa havia tocado. Olhei no visor e havia uma mensagem.

O que esses olhos tanto procuram Maria Eduarda? Estou começando a ficar curioso em descobrir.

A mensagem dele me fez queimar de dentro pra fora. Não tive coragem de olhar para ele, resolvi voltar a atenção para o notebook e tentar trabalhar, mas o celular apitou novamente.

"Me ignorar não vai adiantar, não mais. Estou curioso para passar o dia de amanhã com você acredito que será; interessante! Te pego as 8h. Sem atrasos!"

Joguei o celular no fundo da bolsa, prometendo não olha-lo mais pelo resto do dia. Alguns minutos depois o Caleb saiu de sua sala, estava com o terno arrumado novamente. Ele parou na frente da minha mesa.

— Estou indo embora. Caso precisem de mim, sabem em qual número me achar. — Ele estava abotoando a manga da camisa. Graças a Deus seus olhos não estavam em mim, senão veria que estava quase babando em senti-lo tão perto. — E ah... — Ele olhou para mim, estava de cabeça baixa, mas pela pausa que fez na frase, estava esperando que olhasse para ele e assim fiz. — Não gosto de ser ignorado Eduarda! Não gosto de repetir a mesma coisa. Aguardo sua resposta a mensagem que te mandei. — Ele deu um sorriso de pura malicia.

— Ok, Caleb. — Tentei manter a postura firme, não queria que percebesse o poder que tinha sob mim — Te encontro amanhã as 8h e sem atrasos! — Ele assentiu com a cabeça.

— Tudo bem. Mas... — Ele aproximou a boca do meu ouvido. — Não era essa mensagem que quero resposta. Aguardo minha resposta até o final do dia, senão vou ser obrigado a ir atrás pessoalmente dela e isso não vai acabar muito bem. — Ele se afastou, pegou o terno que ele havia deixado em cima da minha mesa e deu um passo para ir embora, mas parou e voltou a me olhar — Ou pode ser que acabe! Tudo depende do ponto de vista e da necessidade. — E foi embora, me deixando sem entender nada.

Dei sorte que os meninos não estavam perto de mim nesse momento e Maggie também não. Ela estava resolvendo alguma coisa, em algum lugar.

Me levantei e corri para o banheiro, precisava jogar uma água no rosto que estava queimando. O banheiro estava vazio e dei graças a Deus. Me apoiei na pia e lavei meu rosto me olhando no espelho e vendo quão vermelha estavam minhas bochechas, sentia o suor escorrer pela nuca, molhei as mãos e passei na nuca, tentando diminuir todo aquele calor.

— Qual é o seu problema Maria Eduarda? — Falei para mim mesma enquanto olhava meu reflexo no espelho.

Trabalhar com o Caleb não seria uma tarefa fácil, pelo menos não para mim, mas não tinha para onde correr, precisava do trabalho essa foi a profissão que escolhi então, tinha que dar um jeito nisso tudo.

É só permanecer o mais profissional possível com ele, uma hora ele cansa e para.

Mas alguma coisa me dizia que não seria tão fácil assim ele desistir.

Estava terminando de tomar banho. Maggie estava se arrumando em seu quarto. Pela graça de Deus, conseguimos sair no horário da empresa, as 17h.

Saí do banheiro e fui para o quarto me trocar. Nosso apartamento tinha dois quartos com suítes para cada uma. Enquanto procurava uma roupa para vestir, resolvi ligar para o meu pai, já não nos falávamos a dois dias. Ele atendeu no segundo toque.

— Oi pai, como o senhor está? — Coloquei o celular no viva voz em cima da cama, enquanto procurava meu vestido.

— Estou bem filha e você? Como foi o primeiro dia de trabalho? — Ele estava calmo.

— Ah foi bom... — Falei procurando meu vestido. — Aqui está você!

— Está quem? — Meu pai perguntou.

— Nada pai, vou sair com as meninas do serviço para conhecer a cidade. Estava procurando uma roupa confortável.

Se soubesse que essa roupa era um vestido que mal cobria um palmo da minha coxa, com toda certeza surtaria.

— Juízo Maria Eduarda, cuidado, não estou aí para te socorrer. — Meu pai, sendo meu pai.

— Já sei pai, mas não sou mais criança e sei me cuidar sozinha. Pode ficar tranquilo, senhor Eduardo! — Ri baixo, torcendo para ele não ouvir. — E como estão as coisas por aí?

Conversamos por mais algum tempo.

Desliguei a chamada e voltei a me arrumar. Me olhei no espelho para terminar de ajeitar o vestido. Ele era azul, de alcinha e era aberto atrás, no busto tinha um decote em V, mas não deixava os seios tão a mostra. Ele ia até as coxas cobrindo um palmo de pele e ficava justo ao corpo.

Resolvi deixar o cabelo solto que batia quase na cintura, era liso no comprimento e ondulado nas pontas. Castanho claro, da mesma cor que meus olhos. Havia herdado da minha mãe, terminei de me maquiar e finalizei colocando um salto preto.

  

— Está pronta Madu? Os meninos daqui a pouco chegam. — Maggie estava parada na minha porta.

Ela estava radiante. Maggie era loira, seu cabelo era liso e ia até as costas, um pouco mais curto que o meu e sua franja estava jogada de lado. Sua maquiagem estava perfeita, olhos bem marcados e um delineado perfeito. Vestia um conjunto de top e saia, ambos preto e o glitter deles quase ofuscava meus olhos e ela finalizou com uma bota over knee.

— Caramba!!! Vai matar quem do coração? — Bati palmas para ela.

— Até o momento, somente o Nick. — Ela rio, me dando uma piscadela. — Olha, você também não está nada mal. Fiu fiu! Thomas vai acabar com um ataque cardíaco desse jeito. Eita, que hoje tem. Jesus! — Não contive o riso.

— Para de palhaçada, Maggie. — Peguei minha bolsa em cima da cama, coloquei meu celular e a carteira dentro. — Agora vamos, que já eles chegam.

Maggie foi para a sala, enquanto dava um último retoque no batom. Enquanto saia do quarto, escuto meu celular tocar. Pelo toque presumi que era o do serviço.

Pensei e repensei se iria olhar quem era, minha curiosidade acabou falando mais alto e fui até a bolsa que fui para o trabalho pegar o bendito. Olhei no visor e vi que tinha uma mensagem do Caleb.

Ainda estou aguardando sua resposta! Não me deixe esperando. Você não vai gostar disso! ;) — Caleb

Você não consegue me deixar em paz nem depois do horário de serviço? Estou achando que isso é carência já. Ou seria perseguição? — Eduarda

Comecei a rir da ousadia, mas sabia que ele não conseguiria fazer nada, pelo menos não hoje. O celular apitou novamente com a resposta.

Não me provoque Maria Eduarda. Pode ter certeza que não vai gostar desse meu lado! Não brinque com fogo, ainda mais se a sua intenção não for apagar — Caleb

Quem disse que estou brincando com algo? Só fui sincera. As vezes sinceridade machuca né?! ;) — Eduarda

Realmente estava brincando com fogo e não sabia como seria a reação dele referente a isso, mas não queria desistir.

Ia pagar pra ver até onde isso iria.

Ainda estou aguardando minha resposta! Não me faça ir buscar! — Caleb

Pode vir se quiser! — Eduarda

Droga Eduarda, o que você está fazendo?  

Me arrependi da mensagem no exato momento em que enviei, mas não tinha como voltar atrás. O celular apitou com a resposta dele.

Olha que eu vou mesmo! Só não venha desistir no caminho. Depois da decisão tomada, é um caminho sem volta!" — Caleb

Pode vir. Não estarei em casa mesmo! :* — Eduarda

Depois da mensagem resolvi desligar o celular, afinal, não estava em horário de serviço mais. Ele que esperasse até amanhã para infernizar minha vida. Joguei o aparelho na bolsa novamente e fui para a sala.

— Eles chegaram! — Maggie avisou quando estava chegando na sala.

— Está bem. Vamos descer então. — Apaguei as luzes enquanto seguia até a porta, a trancando.

Chegamos no térreo e já conseguia ver os meninos parados fora do carro.

Thomas estava apoiado no carro, com a cabeça em cima das mãos, olhando em minha direção com um sorriso doce nos lábios que fez meu coração palpitar mais forte.

Ele causava o oposto do Caleb em mim.

Thomas me trazia calma. Já Caleb, trazia um turbilhão de emoções que não sabia como decifrar, fazia meu coração acelerar a ponto de senti-lo batendo, dificultando a respiração. Ele era o oposto de paz.

Era uma linha tênue entre o correto e o perigoso.

Dei boa noite para Bernardo, o porteiro, enquanto saia pelo portão.

— Boa noite bebê. — Thomas me abraçou, me dando um meio selinho que fez meu coração acelerar. — Uau! Você está linda!

— Obrigada, você também está gatinho. — Sorri para ele. — E bem cheiroso.

Realmente ele estava lindo, com uma calça de sarja preta, camiseta vermelha em gola V, só então percebi que ele era mais forte do que aparentava. O cabelo estava despenteado propositalmente, com um topete bem alinhado, dando um toque final maravilhoso em sua aparência e um perfume... E que perfume! Estava cheiroso demais.

— Ô dondocas! — Nick deu um tapinha no capô do carro chamando nossa atenção — Será que tem como os dois pararem de se lamberem e entrarem logo no carro. Que inclusive é seu Thomas!

— Se continuar reclamando vou m****r você ir a pé! — Thomas rebateu, rindo.

— Nossa, Eduarda como você está gata, se o Thomas não tivesse de olho em você, jurava que investia. — Nick me abraçou.

— Por acaso sou bolsa de valores para precisar de investimento? — dei um tapa em suas costas, brincando com ele.

— Nossa! Depois dessa fazia igual avestruz; cavava um buraco e enfiava minha cabeça dentro. — Maggie colocou mais lenha na fogueira, fazendo todos rirem.

— E a propósito, você está gatinho também Nick. — Dei uma piscadela para ele, brincando e ele retribui-o da mesma forma.

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