Kate Ferreira
Cheguei na casa da Clara em prantos, com o coração em frangalhos e o corpo trêmulo como se estivesse saído de um acidente. Assim que ela abriu a porta e me viu daquele jeito, não disse nada. Apenas me puxou para dentro e me envolveu num abraço apertado, daqueles que dizem “tô aqui” sem precisar de nenhuma palavra.
— O que aconteceu, meu Deus? — ela sussurrou no meu cabelo, enquanto me embalava como uma criança assustada.
Eu não consegui responder. Só chorava. Chorei até faltar o ar, até minha garganta doer e meus olhos queimarem. Clara me conduziu até o sofá, pegou um cobertor, me envolveu nele e ficou ali do meu lado, em silêncio, me dando o tempo que eu precisava. Esse era o tipo de amizade que eu valorizava: aquela que entendia o silêncio, que não exigia explicações imediatas.
Quando finalmente consegui respirar com um pouco mais de calma, me sentei mais ereta, embora o peso no peito continuasse esmagador.
— Eu vi ele com ela, Clara… — minha voz saiu num fio. — Com a