Tenho algumas informações que extrai de jornais e outras da
internet. Agradeço as fontes que me cederam essas informações.
Pois me foram de grande ajuda.
Esta que vem a seguir foi extraída da revista Cláudia e tem tudo a
ver com o conteúdo deste livro.
Boa leitura!
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Matéria extraída da
REVISTA CLAUDIA, ED. ABRIL.
Brasileira = PROSTITUTA.
É ASSIM QUE A EUROPA NOS VÊ.
“Mulheres que escolhem Portugal e Espanha para estudar, fazer
negócios ou simplesmente mudar de ares têm que provar o tempo
todo que não estão lá para se prostituir ou arrumar marido.
Fomos aos dois países rastrear as origens do preconceito – que se
espalha pela Europa e está cada dia mais agudo.”
Patrícia Jota de Lisboa, e Daniel Setti, de Barcelona.
A estudante gaúcha Manoela Rysdyk, 28 anos, e uma amiga
andavam em Lisboa, pelas ruas do Bairro Alto, cheio de bares
charmosos e onde não circulam carros. Um motorista afoito surgiu
num Alfa Romeo, buzinou e gritou para elas saírem da frente.
Manoela respondeu e o homem, irritado, saiu do carro já acertando
socos e pontapés nas duas. A polícia chegou, o português se
adiantou: “São prostitutas brasileiras”. Enquanto a gaúcha e a amiga
tentavam dar a versão delas, o policial pediu o passaporte e
decretou: “É mentira, vocês são mesmo prostitutas brasileiras”.
Manoela ficou uma semana sem pôr o pé na rua, chorando.
Pouco tempo depois, de volta a Porto Alegre, recebeu o diagnóstico
de síndrome do pânico. Na Espanha, a nutricionista paranaense
Sueli Moreira, 38 anos, preferiu perder a fiança que pagou a
continuar na república onde alugava um quarto. Como parte do seu
doutorado pela Universidade de São Paulo, precisava passar sete
meses em Barcelona. Já nos primeiros dias no novo endereço, onde
viviam apenas pós-graduandos estrangeiros, ouviu da esposa de um
colega a determinação de não chegar perto do marido dela:
“Toda brasileira é prostituta”, sentenciou. São situações como essas
que as brasileiras têm enfrentado no dia-a-dia em Portugal e na
Espanha. Não faz diferença nem o grau de formação, nem a
qualificação profissional, nem mesmo o tipo físico. No imaginário
europeu, a mulher brasileira é livre, sensual, não mede esforços
para atingir seus objetivos e não vê barreiras que a impeçam de
trocar de par se ela não está feliz. Essa lista de atributos atesta que
estamos falando de uma mulher bem-resolvida e dona de si, mas na
Europa tem sido sinônimo de mulher volúvel, infiel, cidadã nada
confiável.
De onde vem esta imagem?
O preço da miséria e do fio dental.
O Carnaval do sambódromo, que os portugueses só viam na TV, se
transferiu para as ruas de Lisboa, Algarve e Ilha da Madeira.
Enquanto os lusitanos usam fantasia e casaco sob a baixa
temperatura de fevereiro, muitas brasileiras revivem, com plumas e
seios nus, as passistas do Carnaval carioca – o que escandaliza a
moral conservadora do lugar.
Além disso, está fortemente presente na fantasia portuguesa a
Gabriela Cravo e Canela, personagem concebida pelo escritor Jorge
Amado como baiana sensual, de ancas fartas e um cheiro
inconfundível de prazer. “A Gabriela encarnada por Sônia Braga
passou a ser a nossa vizinha”, diz a psicóloga Maria Bibas. “Foi a
primeira novela brasileira exibida em Portugal, no fim dos ano70, ou
seja, foi assim que os portugueses descobriram a brasileira, uma
espécie de fruto proibido.”
O problema, resume, Beatriz Padilla, autora de um estudo sobre a
imigrante brasileira em Portugal, é que o limite entre ficção e
realidade é tênue. “Entre a imagem da brasileira calorosa e
exuberante e a da prostituta tem só um passo”, afirma.
Já o jornal PÚBLICO, o terceiro maior do país, escancara o
preconceito contra os brasileiros que se fixaram nos arredores da capital, como neste texto: “A primeira vaga, vinda de Minas Gerais,
era majoritariamente masculina. A região até agradecia o
aparecimento de mais mão-de-obra (...). Ninguém contava,
contudo, que anos depois esses imigrantes conseguissem legalizar-se e trouxessem suas mulheres e filhos. Era ainda menos previsível
que a informação sobre as oportunidades laborais na florescente
região da Ericeira atravessasse o Atlântico e seduzisse jovens
solteiras de lingerie reduzida, pondo em perigo a integridade dos
matrimônios de Barril”.
O veículo tem entre suas bandeiras o combate à imigração, que
levou para lá 100 mil brasileiros, hoje regularizados ou em vias de
legalização. Sem contar os 50 mil clandestinos, esse grupo forma a
maior comunidade estrangeira em Portugal, que enfrenta recessão
e desemprego.
As reportagens, claro, provocam terrível rejeição. Um dos casos
mais graves ocorreu há cinco anos, quando, em Bragança, norte do
país, as mulheres traídas saíram em manifesto, acusando as
prostitutas brasileiras de destruírem seus lares. Conhecido como
“Mães de Bragança”, o movimento colocou Portugal e “as meninas
do Brasil” na capa da revista TIME. Depois disso, tornou-se difícil
reverter a imagem distorcida.”