O PORTUGA DE ONTEM E O BRASUCA DE HOJE.
Até meados do século passado eram os portugueses que buscavam
acolhimento no Brasil – e esses lembrem-se, também foram
rotulados de “burros”.
Recentemente, o quadro se inverteu. A partir de meados dos anos
80, os brasileiros começaram a emigrar para a Terrinha.
Primeiro, gente de classe média-alta, profissionais feitos, como
publicitários, economistas, especialistas em informática,
engenheiros e dentistas. Como Portugal passava por um forte
período de modernização, pós-adesão à Comunidade Econômica
Europeia, essas pessoas eram necessárias e bem-vindas (a não ser
no caso dos dentistas que entraram em concorrência direta com os
profissionais locais). No final da década de 90, houve uma mudança
no perfil do imigrante brasileiro que passou a desembarcar, aos
montes, além-mar: jovens, de classe médio-baixa, dispostos a
encarar empregos de pouco prestígio – como operários da
construção civil, limpeza, atendimento em bares e restaurantes, em
hotéis e no comércio. Graças a acordos bilaterais, muitos vêm
conseguindo se legalizar e os “brazucas” já representam a primeira
comunidade estrangeira no país. Há cerca de 100 mil em situação
regular ou em vias de legalização, e a embaixada brasileira em
Lisboa considera que existam outros 50 mil clandestinos. Acontece
que Portugal (um país de 10 milhões de habitantes) vive uma
recessão. A taxa de desemprego de 8% em 2007 assusta os
patrícios, e acaba sobrando, naturalmente, para o número
crescente de imigrantes, principalmente, de brasileiros.