Líliam
Essa situação foi se acumulando até se tornar sufocante. Cada dia naquela casa parecia mais um teste de resistência. A dor crescia, o medo me consumia, e a esperança parecia se apagar lentamente. Nain era a única luz que restava. A única pessoa que me amava sem exigir nada em troca, que me enxergava além do sobrenome e das obrigações impostas por meu pai. Ela me cuidava como uma verdadeira mãe e era, de fato, a única mãe que eu conhecia.
Mas a realidade era cruel. Nain não podia me acompanhar. Tinha filhos que trabalhavam nas terras de meu pai e sabia que, se fugisse comigo, colocaria todos em risco. Ainda assim, quando percebeu que minha decisão era irreversível, seus olhos marejaram, e ela acariciou meu rosto com a mesma ternura de sempre.
— Quando você era um bebê, chorava tanto de fome — disse ela com a voz trêmula, as lágrimas escorrendo livremente.
— Seus cabelinhos loiros grudavam na testa, e seus olhinhos azuis me imploravam por um consolo que prometi nunca negar. Fui