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[07] Sim, ela é sua filha, satisfeito?

Gustavo

Mas eu não conseguia aceitar aquilo. Não, depois de tudo. Eu precisava provar minha inocência, precisava que ela me ouvisse.

— Gustavo, eu não fugi por causa da sua traição com a Freia e aquelas mulheres peladas na sua cama tocando o seu pênis! — gritou ela, as lágrimas caindo.

— Você não tem ideia do quanto aquilo me destruiu! Mas minha razão para fugir foi outra — foi para salvar a minha vida!

O silêncio que se seguiu me deixou sem ar.

— Salvar… sua vida? — murmurei, confuso.

— Não posso explicar agora. Por favor, esqueça de mim. Vamos, Enrico, não podemos ficar aqui! — disse, afastando-se.

A confusão dentro de mim só aumentava. O que significava aquilo? Por que ela estava correndo perigo? E de quem?

Antes que eu pudesse insistir, uma voz me chamou por trás. Era Antônio. No breve instante em que olhei para ele, Líliam desapareceu, levada por Enrico.

— Antônio, o que você quer? — perguntei, girando o corpo, o olhar varrendo o local em busca dela.

Murilo ainda estava sentado no banco, e foi então que me lembrei do envelope.

— Preciso sair, Antônio. A Amanda me ligou, disse precisar falar comigo, algo importante.

Ele sorriu, ajeitando os óculos.

— Ellie está feliz com o filhote dela, e Diego volta na próxima semana. Deu tudo certo no acordo com o zoológico da África.

— Que bom — respondi, forçando um sorriso.

Quando ele foi embora, sentei-me ao lado de Murilo, que falava ao telefone. Peguei o envelope e, ao abri-lo, encontrei algo que me gelou por dentro: informações sobre Líliam.

O endereço. Ela estava vivendo a somente dois quarteirões dali.

No fim da tarde, segui as pistas. Descobri que ela trabalhava em uma escola particular e morava com duas amigas.

Saí do trabalho decidido. Estava exausto, mas não conseguia pensar em mais nada. Só que, antes de sair, Rubi, minha cadela, me fez lembrar que eu tinha responsabilidades. Dei um banho rápido, coloquei ração no potinho dela e, enquanto ela comia, pesquisei o endereço exato que Murilo havia me dado.

Estava pronto para sair quando o celular tocou. Era Henrique, meu irmão.

— Porra, Gustavo! — ele disse, irritado. — Você não atendeu o dia inteiro. Mamãe e os outros estão preocupados. O que aconteceu?

— Não aconteceu nada, Henrique. Vocês estão exagerando. Sei me cuidar. Diga à mamãe que ligo amanhã.

— Henrique, eu a encontrei. — Fiz uma pausa.

— Agora mesmo, estou indo ao encontro dela.

Ele gargalhou do outro lado.

— Claro que está. E, só para constar, Lizianne brigou com o marido. O idiota foi para um hotel.

— O que aconteceu com ela agora?

— Ciúmes, como sempre. E ele anda escondendo alguma coisa. — suspirou. — Enfim, preciso desligar. Estou na delegacia, encerrando umas coisas. Se cuida, e... traz a Líliam de volta.

— Não sei se é isso que ela quer. Ela estava com aquele filho da puta do Enrico, o professor de educação física.

— Então você que lute, irmão. Nós, Delmon, não desistimos nunca.

Antes de desligar, acrescentei em voz baixa:

— Henrique… acho que tenho uma filha.

Ele soltou um palavrão e riu, meio incrédulo.

— Nossa mãe vai surtar quando souber que tem uma neta nova. Boa sorte, caçulinha.

A ligação caiu. Suspirei fundo, peguei as chaves e saí do apartamento.

No estacionamento, vi Cristal tentando entrar no prédio. O porteiro discutia com ela. Quando o portão abriu, ela correu até o carro e bateu na lateral, furiosa.

— Gustavo! Preciso falar com você!

— Sinto muito, Cristal. — falei firme.

— Agora não. Estou indo encontrar uma pessoa importante para mim. Pare de fazer escândalo e vá para casa.

— Uma mulher, né? — gritou ela, os olhos marejados.

— Eu não vou deixar, Gustavo! Você é meu!

Arranquei o carro, deixando-a gritando meu nome.

Na estrada, o som do motor era o único ruído que me mantinha são. Quando cheguei ao prédio, citei o nome de Líliam e disse ao porteiro que era um amigo. Ele não me deixou entrar.

Foi então que ouvi uma voz familiar.

— Gustavo?

— Puta merda, Alexandro! — sorri, aliviado.

— Quanto tempo, irmão! Como vai?

Conversamos rapidamente, e ele contou estar bem, morando ali com a irmã.

— Seu Elias, pode deixá-lo entrar — disse Alexandro ao porteiro.

— É meu amigo.

Agradeci e entrei no carro novamente. Ele solicitou carona até o estacionamento. Subimos juntos pelo elevador e seguimos na mesma direção.

Quando ele bateu na porta do apartamento ao lado do meu, uma voz feminina respondeu. Era Amanda.

— Oi, Gustavo. Você está aqui por causa do Antônio?

— Não exatamente. Preciso falar com uma mulher chamada Líliam. Ela está?

Amanda gritou o nome dela e, em seguida, correu para o elevador. Esperei alguns segundos… até que, finalmente, a vi.

Líliam estava de costas, alimentando a bebê na cadeirinha. A cena era tão simples e bonita que doeu.

— Líliam… — chamei baixinho.

Ela se virou, surpresa.

— Gustavo!

— O que faz aqui? — perguntou, limpando a boca da bebê. — Gustavo, não sei o que pretende, mas é melhor ir embora agora mesmo.

— Essa bebê é minha filha, não é? — insisti. — Responde de uma vez por todas!

Ela me olhou, firme, como quem sustenta o peso de um segredo.

— Não é. Ela é minha. Você não deveria estar aqui…

— Líliam, diga a verdade! — gritei nervoso, sentindo o coração bater descompassado.

Quando ela se aproximou de mim e disse que sim, que a menina era minha filha, senti meu corpo inteiro estremecer. Era como se o chão sob meus pés tivesse se partido ao meio. Durante meses, vivi atormentado pela dúvida, pelo silêncio, pela ausência dela — e agora, diante dos meus olhos, estava a verdade que eu tanto temi e desejei ouvir ao mesmo tempo.

— Ela é sua! Satisfeito? — respondeu com a voz embargada, mas firme.

Por um instante, fiquei mudo. Um sorriso involuntário escapou do meu rosto, um sorriso trêmulo, nascido da mistura entre alívio e incredulidade. Eu a encarei, e por mais que tentasse me aproximar, Líliam deu um passo atrás, o olhar cheio de raiva e mágoa. Ela abraçou a bebê, como se precisasse se proteger de mim.

Senti o peito arder. O impulso de abraçá-la, de sentir o perfume dela outra vez, foi mais forte que qualquer razão.

— Líliam… — chamei, mas ela virou o rosto, secando as lágrimas apressadamente.

— Vá embora, Gustavo. Esqueça o que viu. Esqueça a gente. — disse, tentando manter a voz firme, mas o tremor denunciava o quanto estava abalada.

Eu não consegui aceitar aquilo. Antes que ela pudesse dar mais um passo, puxei-a pela cintura e, sem deixá-la dizer mais nada, capturei seus lábios num beijo desesperado, cheio de saudade e dor. Foi um beijo longo, denso, cheio de lembranças que voltaram como uma tempestade — o toque das mãos, as risadas, as noites em claro, o amor que um dia foi puro e verdadeiro.

Mas, quando nos afastamos, a realidade veio como um tapa. Literalmente.

Líliam me olhou chorosa, com os olhos lindos marejados e, sem pensar duas vezes, bateu no meu rosto com força. O som ecoou entre nós, cortando o ar.

— Nunca mais faça isso, Gustavo! — gritou, respirando com dificuldade.

Então, ela ergueu a mão, e eu vi o que brilhava em seu dedo: um anel. Um anel de noivado.

O tempo pareceu parar. Tudo dentro de mim congelou.

— O que… o que significa isso? — perguntei, tentando conter o nó que subia pela garganta.

Ela hesitou por um segundo e então respondeu, cada palavra como uma lâmina:

— Enrico me pediu em casamento. E eu aceitei. Agora, por favor, vá embora.

Meu coração disparou. Eu não consegui pensar, somente agir. Antes que ela se afastasse de novo, segurei-a firme pelos braços e a trouxe para perto, sentindo o corpo dela tremer contra o meu.

— Eu não vou desistir de você, Líliam. — sussurrei, encarando-a com os olhos ardendo.

— E muito menos vou desistir da nossa filha.

Ela tentou se soltar, mas eu não permiti.

— Precisa entender… — continuei, com a voz rouca — eu nunca te traí, nunca! Tudo o que aconteceu foi uma armação, uma mentira criada pela sua irmã, a Freia.

Líliam piscou, surpresa, mas não respondeu.

— Escuta, por favor. — insisti, o desespero tomando conta de mim.

— Acredita em mim, Líliam. Só me dá uma chance… uma única chance de provar o que estou dizendo.

Ela respirou fundo, os olhos marejados fixos nos meus.

— Deixe-me mostrar as provas — disse, quase em súplica.

— Só quero te provar minha inocência, te mostrar que eu sempre te amei… por favor, meu amor.

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