Ponto de vista de Apolo
Eu sempre soube que ela era diferente. Desde o primeiro instante em que Mara cruzou o meu caminho, mesmo antes de reconhecê-la como minha companheira, havia algo nela que me fazia querer protegê-la — não apenas com o corpo, mas com a alma. E agora, olhando-a ali, sentada na beira da cama com os braços cruzados, o biquinho de raiva estampado no rosto, eu sentia meu peito apertar. Ela estava irritada por coisas pequenas, para nós insignificantes — mas para ela, humana, eram montanhas. Era injusto pedir que ela entendesse o que não lhe fora explicado.
Respirei fundo, puxei uma cadeira e sentei-me diante dela. O quarto estava quente, o cheiro do nosso amor recente ainda pairava no ar. O luar entrava pela janela, prateando os cabelos dela. Eu me inclinei para a frente e disse com calma:
— Mara… chega. Vou contar tudo. Vou explicar para você tudo sobre nós. Como vivemos, como funcionamos, o que somos capazes. Sem segredos. Você merece isso.
Os olhinhos dela, ainda b