Ponto de vista de Apolo
A reunião da alcateia transcorria como sempre: vozes baixas, números, mapas, velhos ressentimentos sendo costurados com diplomacia. Raf, nosso beta, fazia a leitura da situação — estradas bloqueadas, patrulhas nas fronteiras, rumores de movimentação de clãs vizinhos. As palavras dele eram medidas, precisas; cada dado era uma peça que, colocada no lugar certo, trazia segurança para a nossa casa. Eu escutava, mas minha atenção estava dividida. Algo na oficina do meu peito já martelava desde o amanhecer, um ruído mudo que eu não sabia decifrar.
Quando Raf falou sobre um aumento no fluxo de estranhos na periferia — homens que passavam pela estrada em horários errados, sabonetes de viagem que nunca pernoitavam — eu já sentia o ar se tornar mais denso. Ele falou, eu concordei com um aceno mínimo; Arthur fez uma pergunta sobre reforçar os postos do norte. Raf respondeu, Arthur ordenou. Era rotina. Era o que devíamos fazer. E então um choque me atravessou como lâmina.