Narrado por Lara
Khaled não respondeu de imediato. Ele me olhou por um longo tempo, como se avaliasse cada centímetro da minha alma, buscando alguma insegurança que o fizesse desistir da ideia. Mas, no fim, ele apenas deu um leve aceno de cabeça e chamou um dos seguranças. Em árabe, disse algo rápido e firme. O homem assentiu e saiu correndo.
Minutos depois, estávamos em um dos carros pretos da família, cercados por uma pequena caravana. Três SUVs blindadas, mais motos abrindo caminho. Parecia que a gente estava indo pra guerra. E talvez estivéssemos mesmo.
Khaled estava ao meu lado, calado. Seu maxilar travado. As mãos entrelaçadas no próprio colo, e os olhos vidrados na janela. Eu sabia que ele odiava aquele homem com todas as forças. E, no fundo, eu também sentia medo. Não do que Hamzah podia fazer comigo — porque Khaled jamais deixaria — mas do que eu poderia encontrar. Da expressão da Natália. Do que ela se tornara.
Talvez eu estivesse indo ver os cacos da minha irmã. Ou talvez..