Capitulo 5. Pedras

Ela deu um sorriso triste para o filho, pois ele nunca iria compreender que o maior dos perigos que corriam, era justamente o seu pai. Aquele macho não sabia o que era respeitar uma criança, não sabia amar e era bom que ele não soubesse onde eles estavam.

Sentaram-se à mesa e havia até uma cadeira mais alta para Nicolas, que olhou a mesa cheia de quitutes, com olhos gulosos. Lia serviu-o e ajudou-o a comer, enquanto também tomava seu desjejum.

— Agora conta, mamãe, ele vai achá a gente?  Você dexô o dereço pra ele.

— É endereço, filho. Seu pai é muito esperto, fique tranquilo, ele nunca vai perder quem ele ama.

Nicolas ficou satisfeito com a resposta, mas sua mãe estava estarrecida em saber que o ser que tanto mal lhe fez, nunca a abandonou, mas agora assediava o próprio filho.

Terminaram de comer e ela resolveu conhecer as proximidades da casa do Alfa, distraindo um pouco o filho. Saíram pela porta da frente e seguiram pela rua principal. Haviam casas espalhadas, lojas, jardins bonitos e arborizados e pessoas passavam.

Nicolas achava tudo lindo, principalmente por ter sua mãe consigo e não precisar ir para a creche. Passava pelas pessoas e acenava sorrindo, sem perceber a carranca de alguns quando olhavam para eles.

Lia, no entanto, reparou e em determinado momento, parou, diante de três mulheres que cochichavam.

— Bom dia, está acontecendo alguma coisa estranha? — perguntou para elas, sem desconfiar de nada.

— Estranha é você, que mal chegou e já está enfurnada na casa do Alfa. 

— Sim, ele nos convidou para ficar lá até termos nossa própria casa — explicou ela, querendo ser educada.

— Não sinto cheiro de macho em você, é viúva ou mãe solteira? — perguntou outra jovem, muito bonita.

— Não tenho companheiro. — Lia desconfiou que não estava sendo bem vinda e puxou Nicolas para trás de suas pernas.

— Você não tem vergonha, não, sua vadia, desavergonhada, que já se jogou na cama do nosso alfa?

— Não te queremos aqui, sua fêmea promíscua.

Lia foi se afastando para trás, tentando colocar distância entre as mulheres e proteger seu filho, que estava assustado, mas as mulheres falavam cada vez mais alto, chamando a atenção das outras pessoas.

— Essa vadia quer desvirtuar nosso Alfa. Fêmea promíscua aqui não tem vez.

— É, vai embora, piranha!

Então, veio a primeira pedra e Lia se virou de costas, protegendo Nicolas e tentou correr, mas estava cercada. Se encolheu no chão, protegendo o filho com o seu corpo e recebendo as pedradas.

— Que morram, mãe e filho, de vadia não nasce coisa boa…

— Éh, vamos proteger nosso Alfa.

Já tinham sido jogadas muitas pedras quando um rosnado forte foi ouvido,  e todos pararam, dando passagem para um homem muito forte, que estava com seu lobo à flor da pele.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou o homem, com voz grossa e empostada, aproximando-se de Lia.

— É essa meretriz aí, que está pervertendo o nosso Alfa! — gritou a jovem bonita.

— Tinha que ser você, não é, Suellen? — bradou o homem, enfurecido.

Ele se abaixou ao lado de Lia e puxou seu braço ensanguentado, para que saísse o menino. Por sorte, ele não havia sido atingido. Nicolas olhou para sua mãe, viu que ela estava muito ferida e desacordada e ficou muito preocupado, começando a chorar e chamar

— Mamãe, mamãe, acóda!

— Calma, lobinho, vou levar sua mãe para o hospital, ela vai ficar bem.

— Vocês machucaram a mamãe —  acusou ele, olhando para as mulheres — meu papai vai matá vocês.

As mulheres riram:

— Você não tem papai, menino.

— Tenho sim e ele vai nos achá e pegá você. — então olhou para o céu e começou a gritar — PAPAI! PAPAI!

— Calma, garoto, venha, vamos levar a mamãe para o médico — o homem carregou o corpo desacordado de Lia e foi seguido por Nicolas — esperem o castigo do Alfa pelo que fizeram com sua amiga de infância. — pronunciou o macho, afastando-se.

Todos que ainda estavam  parados no lugar, entreolharam-se e focaram na tal Suellen, percebendo que podiam ter cometido um erro. Suellen, no entanto, deu um sorrisinho maldoso e falou para si mesma:

"Essa daí? Já era, ninguém toma o Alfa Josué de mim, ele será meu, só meu"

*

Nos confins da floresta, em outro continente, o homem acordou assustado, ouvindo os gritos de seu filho: 

“Papai, papai.”

 Levantou-se correndo, lavou o rosto e refletiu sobre o chamado. Parecia um pedido de socorro, seu filho parecia estar chorando, só que não vinha do local onde ele estava morando com sua mãe.

Preocupado, vestiu-se com um gesto e sumiu, aparecendo dentro da casa onde seu filho morava com a mãe, mas encontrou o lugar vazio. Ela havia ido embora.

— Acho que vou iniciar minha cobrança mais cedo e sumiu, novamente.

Lia estava em estado crítico, precisou ser levada a unidade de tratamento intensivo. Algumas pedras afetaram seus rins e causaram, também, lesões à coluna, mas a pior, atingiu sua cabeça, causando-lhe uma concussão e a levando ao coma.

Sua pele estava muito ferida e sangrava em diversos pontos. Alguns músculos se distenderam e vasos sanguíneos se romperam. Precisou ser limpa, enfaixada e estava ligada a tubos e aparelhos de monitoramento.

Josué chegou rápido ao local e recebeu o relato de seu Beta, sobre  todo o ocorrido. Pegou Nicolas no colo, o consolando e o pequeno resmungou que seu pai mataria as mulheres que machucaram sua mamãe.

— Não fique assim, Nicolas, eu mesmo vou cuidar delas, seu papai é muito ocupado e pode não conseguir vir.

— É? — Nicolas duvidou, voltando a derramar lágrimas, só que agora, de profunda tristeza.

— Month, esse cara fortão que cuidou de você, vai levar você para casa enquanto os médicos cuidam de sua mamãe, está bem? 

Nicolas estava apático, não queria mais pensar em nada, ficava repetindo em sua cabecinha: papai, papai, papai…

Chegaram em casa e o próprio Month deu banho e vestiu Nícolas, colocou-o na cama e desceu para pegar algo para o menino comer.

As lágrimas rolaram novamente pelo rostinho triste do menino, até que ouviu:

"Filho, filho, onde você está? Fala para o papai."

Nicolas sentou na cama e não falou, pensou:

" Tô na casa do tio Josué, ele é Alfa, mamãe tá no hospital."

"Estou indo, filho"

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