Arrastei-me entre as árvores, seguindo, moribundo, o chamado dos lobos. Estamos bem fundo, numa mata densa e, agora, ensolarada. Há cervos pastando em algum lugar à frente, há pássaros cantando enquanto constroem seus ninhos.
Os lobos me encaram, alguns mostram seus dentes, outros me cheiram e lambem. Um outro, branco, de olhos claros como água, observa de longe sua matilha recrutar um estranho.
Eles vieram caçar.
Espalharam e alinharam-se, cada um em seu posto. Precisam manter a calma, precisam saber a hora certa de atacar... O lobo que toma minha pele parece não saber o que fazer. O homem que reside meu corpo está assustado e tão próximo das beiradas que sinto teu cheiro me rodear.
Animais menores pulam e rastejam entre nós e nosso objetivo. Algumas lobas os pegam com facilidade e entregam aos filhotes, outras não perdem o foco.
O céu é azul como nenhum outro, é como se a primavera estivesse