Capítulo Um

Quando acordei e os meus olhos se adaptaram a luz eu queria não ter os aberto naquele exato momento, porque o que eu vi foi um sorrisinho frio em minha direção, devo dizer que não conhecia aquele o qual sorria para mim, mas não vou negar que o cara era um bom partido, isso foi o de menos, o que veio a seguir foi o que realmente eu queria não ter visto, assim que o tal homem grande saiu do meu campo de visão, engoli em seco, todo o meu clã estava ali diante de mim, se era meu fim? Com certeza.

- Merda. - Murmurei abaixando a cabeça, o chefe do meu clã estava na frente de todos me olhando com um olhar reprovador e acusador e logo ao lado dele estava a minha querida mãe, Diane, que a propósito estava querendo acabar com a minha vida dava para ver isso em seus lindos olhos azuis, olhei ao redor e vi todos do meu clã ali, e percebi naquele momento que estava com os meus braços para trás do corpo e no meu pulso havia uma corrente.

- O que você fez Ravina? - Minha mãe pergunta quando volto meus olhos para ela, abro a boca para responder, mas uma voz grave e rouca não me permite falar.

- Ravina? Esse é o nome da nossa rebelde? - O homem que é uma parede de músculo fala e eu o olho, agora que o percebi, ele é bem forte, lindo que chegava a doer, seus olhos eram de um azul intenso e sua pele era meio pálida, mas isso não tirava a beleza dele e a beleza que ele tinha não me fazia esquecer que o miserável acabou de me chamar de rebelde.

- O que você fez comigo miserável? - Perguntei o olhando com fúria nos olhos, meu clã inteiro emitiu um som de surpresa e medo e não sabia o porquê desse som, o homem ao meu lado sorriu de lado mostrando sua covinha na bochecha.

- Ravina, Ravina, você sabe com quem está falando rebelde? - O homem me pergunta com olhar frio, mas se ele pensa que eu tenho medo desse tipo de olhar  está muito, muito enganado.

- Se soubesse não acha que eu já teria falado seu nome imbecil!? - Falo o encarando com nojo e raiva, mais uma vez o meu clã emite aquele som e o homem anda até a minha frente com olhar desafiador.

Estou morrendo de medo, só que não!

- Senhor, por favor tenha misericórdia da minha filha ela não sabe o que diz. - Minha mãe fala em um tom submisso, olho para ela que me repreende pelo olhar e depois eu volto a minha atenção a muralha de músculos a minha frente, ele não move um músculo para olhar a minha mãe, seu olhar está vidrado em mim, a pupila dele está dilatada, mas eu não tenho medo. O encaro de igual e o mesmo sorrir de lado mais uma vez, mas não é qualquer sorriso, tem algo nele que me deixa em alerta.

- Sua filha é bem corajosa devo dizer. - Ele fala me olhando e passa o dedo pela minha bochecha, mas eu afasto o meu rosto do alcance da sua mão. - Ela não tem medo do perigo isso é bem evidente. - O maior fala virando-se para olhar o meu clã, abre os braços e todos inclusive o chefe abaixa a cabeça, quem é esse homem que todos os vampiros do meu clã estão temendo? O que ele tem afinal?

Se bem que se você o olhar corretamente, ele passa uma auréa de poder e dominação, mas também há algo a mais, como se fosse uma força que emanava dele e obrigava á todos reverencia-lo. Mas isso não funciona comigo, sinto em decepciona-lo, sentiu a inônia? 

- Todos sabem qual as consequências para aqueles que quebram as regras impostas pelos clãs... a morte. - Ele fala e a última parte se vira para me olhar nos olhos, mas se esse vampiro com complexo de autoridade pensa que eu vou temer a morte, ele está muito enganado, não vou abaixar a cabeça como esses idiotas do meu clã, sustento seu olhar e mais uma vez o sorriso de lado aparece em seu lábio. - Mas temos aqui uma vampira que não teme a isso, não é mesmo? Então para manter esse clã sob sua liderança Miguel, eu sugiro algo em troca disso, Ravina não morre e você não é banido... se ela for minha. - Ele fala e quando termina não se ouve nada, apenas o silêncio se faz presente, fico sem ação alguma, não tenho como reagir a isso, tudo pareceu parar, olhei para minha mãe e ela me olhou de volta, e juntas olhamos para Miguel, o líder do nosso clã, ele estava em uma luta interna entre aceitar e não aceitar eu percebia isso, mas o líder do meu clã não podia me deixar nas mãos desse vampiro, não mesmo.

- Ela é sua. - Miguel fala, o olho sem acreditar que ouvi isso sair da sua boca, ele me olha como se isso fosse minha culpa e de fato era, não posso negar que por essa eu não esperava. Olhei para a minha mãe.

- Não mãe, isso não por favor, me mata, mas não me dê a esse imbecil como se eu fosse um objeto de troca, por favor Miguel não. - Imploro, pensei que eu nunca iria implorar por nada, mas acabei de ver que estava enganada, minha mãe tocou no braço de Miguel e abriu a boca para falar em minha defesa, mas Miguel a olhou com olhar sério, ele nunca tinha a olhado assim, ela baixou a cabeça e eu sabia que ali não se tinha mais nada a se fazer, estava perdida.

 Eu olhei com ódio para aquele a qual estava acabando com a minha vida, se esse imbecil pensa que vai se satisfazer comigo ele está muito engano, eu não vou abaixar a cabeça para este vampiro estúpido, o vampiro me olhou de volta, mas em seu olhar eu via desejo e frieza.

 O mesmo sorriu frio para mim e eu desviei o olhar se não poderia romper aquelas correntes e acabar com esse idiota, mas se eu fizesse isso eu não só colocaria a minha vida em risco, mas o de todo o meu clã inclusive a vida da minha mãe, podiam fazer o que fosse comigo, mas não com ela, podiam até me matar, mas ela não.

Eu jurei para mim mesmo que nunca iria chorar novamente, não depois da morte do meu pai, mas foi mais forte que eu, não pude controlar, estava sentindo meu mundo desabar, estava me sentindo traída e acima de tudo sentia que meu coração estava sendo esfaqueado, ás lágrimas vieram e eu abaixei a cabeça para que ninguém visse meu rosto banhado pelas lágrimas de sangue, mas não resolveu, porque logo aquele imbecil levantou a minha cabeça, para que todos me vissem chorar, para que todos vissem quão vulnerável eu estava, naquele momento me senti humilhada, todos estavam vendo aquela que se mostrava forte, durona e rebelde totalmente fragilizada, olhei com ódio nos olhos para aquele que a todos faz temer, menos eu é claro e fiz uma promessa a mim mesma.

Eu vou fazer ele se arrepender de fazer isso comigo!

Eu não vou abaixar a cabeça para aquele ser cheio de músculos, se ele acha que pode comigo, se acha que eu vou dá moleza para ele, está muito, muito enganado, eu vou fazer esse desgraçado pagar pelo que está fazendo comigo, ou eu não me chamo Ravina.

A raiva queima em meu peito, esse vampiro estúpido vai se arrepender de tudo isso. Ele gostou de ver meu sofrimento, pois então o mesmo vai adorar o sofrimento que vou causar a ele. A vida desse imbecil vai se tornar um inferno, mesmo que eu morra tentando fazer isso. Esse homem não me conhece e quando menos perceber estarei com o seu maldito e frio coração em minhas mãos.

- Rei? Tem certeza disso?

Saio dos meus devaneios com um dos homens da parade de músculos falando logo atrás de mim, mas o que me chamou atenção na fala do homem foi a primeira palavra "Rei". O homem ao meu lado, esse a qual chamaram de rei, olhou para o homem atrás de mim, não me virei para ver o que estava acontecendo, mas o meu clã e eu ouvimos o que ele disse, claro nós ouviríamos de qualquer jeito, afinal somos vampiros.

- Você está discordando de mim? Por algum acaso dei permissão a você para opinar sobre a minha decisão? - A parede de músculos falou, sua voz estava áspera e dura, traduzindo estava em tom de ameaça, quando ele falou senti como se o sangue em minhas veias corressem mais rápido me transmitindo uma sensação estranha, mas ele era o rei, como eu fui chamar a atenção do Rei de Kings Landin's? Eu olhei para a minha mãe e ela olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas e falei sem som.

"Está tudo bem, mãe! "

Ela entendeu e assentiu, vi a dor em seus olhos e ver aquilo me doía também, olhei para Miguel era evidente a raiva que sentia naquele momento, ele podia ver eu sabia disso, pois o mesmo virou os olhos para a minha mãe. Ele não tinha culpa sabia disso também, mas a raiva que sentia no momento me fez falar algo que eu sei que machucou Miguel profundamente.

- Covarde. - Falo com tom raivoso, eu já tinha parado de chorar, Miguel me olhou com tristeza nos olhos, mas estava com raiva de mais para me desculpar, ele tinha que me entender.

- Ravina, por favor pare, não foi culpa dele e você sabe disso. - Minha mãe fala se chegando para mais perto de mim, com um certo temor e tocou no meu rosto com sua mão, ela me tocou com ternura e ao sentir a sua mão em meu rosto eu senti o que tanto precisava sentir, a calma. Diane massageia meu rosto e dá um beijo com carinho no mesmo, fecho os olhos e uma lágrima vem á tona e não somente eu choro, mas minha mãe quando se afasta de mim posso ver as lágrimas de sangue que a mesma tenta conter. - Vai ficar tudo bem, meu amor. - Falou me olhando nos olhos e eu assenti confiando em sua palavra, não há nada melhor que a intuição materna e se a minha mãe falou isso é porque ela sentiu algo.

Senti os olhos de todos em nossa direção, inclusive daqueles vampiros o qual tanto já tinha adquirido ódio.

- Bom, já que Ravina é minha, estamos indo. - O rei falou e eu tenciono o corpo, a minha respiração acelera e olho pedindo socorro para a minha mãe, mas eu sei que ela não pode fazer muita coisa, quer dizer, quase nada.

 Minha mãe se afasta de mim e senti uma mão se fechar no meu braço, a mão é grande e áspera, mas ao mesmo tempo macia, olho e vejo o rei me segurando. Ele me olha nos olhos, seus olhos transmitem frieza e malícia e eu devolvo para ele a mesma intensidade do olhar só que com uma diferença, nos meus olhos se transmitiam raiva, ódio, fúria e sede de vingança. Ele sorrir de canto de boca e mais uma vez a sua covinha na bochecha aparece, o mesmo me puxa para me levar embora com ele, mas resisto e olho para o estúpido de forma suplicante.

- Deixe só eu me despedir da minha mãe, por favor! - Falei com a voz calma e ele me olho com deboche nos olhos, o idiota não iria deixar, mas se prometesse não fugir com certeza ele deixaria. - Eu vou com você sem protestar, só me deixa me despedir da minha mãe. - Falei o olhando nos olhos, o vampiro torceu os lábios, mas me soltou, fui até a minha mãe e ela me abraçou com amor e carinho.

- Eu te amo mãe não se esquece disso. - Sussurrei para ela ouvir, ouvi um soluço sair de seu peito e o meu coração se apertou, ela me abraçou mais forte como se não me quisesse deixar ir.

Amo a minha mãe mais que tudo nesse mundo, e se para salvar a vida dela e daqueles outros vampiros que viraram minha família eu precisasse ir com aquele brutamontes, então que assim seja. Não gosto de despedidas, nunca gostei. Pensar que ficaria longe da minha mãe uma raiva cresce em meu peito.

- Eu também te amo minha garota rebelde. - Ela sussurrou com sua voz embargada e um sorriso de lado nasceu em meus lábios, mesmo que seja um momento difícil para ambas a minha mãe sempre sabe como me fazer sorrir. - E Ravina, não faça nada que possa prejudicar você, promete para mim. - Falou se afastando do abraço para me olhar, agora estávamos nos olhando nos olhos uma da outra, azul no azul, não podia prometer nada, não sabendo o que eu queria fazer com aquele imbecil, atrás de nós ouvimos um limpar de garganta e soube que aquele era o sinal de que meu tempo acabou.

- Promete? - Minha mãe pergunta mais uma vez me olhando mais profundamente e quando senti a mão do "rei" novamente em meu braço e me afastou da minha mãe eu a olhei.

- Eu prometo. - Falei mesmo sabendo que aquilo não era verdade, minha mãe assentiu e colocou a mão na boca para esconder os soluços, no último momento eu olhei para Miguel e ele me olhou arrependido. - Eu te perdoo. - Falei para o mesmo e no outro momento em que ele abriu a boca para falar algo, sou colocada no ombro do imbecil, ele corre com toda a sua velocidade sobrenatural e me leva para longe dos meus.

Mas se ele pensa que isso vai ser fácil, o idiota realmente não me conhece. Isso não vai ficar assim. Mas também uma questão se passou em minha cabeça, como ele me encontrou?

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