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POV de Mathilda

Prefiro ficar em casa em vez de sair para almoçar hoje.

O tratamento que recebo de Fredric pode ser ainda mais irritante. Ele nunca me olhou com gentileza antes. Além disso, já disse que eu deveria mudar minha aparência para me parecer com as supermodelos de hoje em dia.

Triste.

Eu admiro Fredric. Ele é o meu primeiro amor. Desde que eu era pequena, até agora, aos 23 anos, já nos encontramos muitas vezes. Mesmo assim, ele sempre foi frio e nunca me cumprimentou.

Mas isso é normal. Quem iria querer cumprimentar uma garota estranha e nerd como eu? Cheia de espinhas, com um corpo muito magro e esses cachos que me deixam totalmente sem graça.

“Como você está agora, Mathilda? Está tudo bem?” perguntou a Sra. Rosa, tirando-me do meu devaneio. Sorri e respondi: “Sim, está tudo bem.”

“Trabalhar como caixa não é difícil. A menos que você seja diretora de uma grande empresa, aí sim vai ter dor de cabeça”, comentou Fredric. Sim, ele simplesmente se meteu na conversa. Não sei por que ele me odeia tanto.

Pelo que me lembro, sempre fui educada com ele. Será que ele sabe que gosto dele?

“Entendo, Fredric tem estado muito ocupado ultimamente. O excesso de trabalho o deixa cansado e estressado. Até mesmo todos que trabalham em casa já receberam algum comentário ríspido desse jovem. Não leve a sério o que ele disse. Todo trabalho é igual, sempre há pressão e responsabilidade”, disse a Sra. Rosa. A mulher de meia-idade parecia desconfortável e culpada quando seu único neto respondeu ao que eu havia dito.

Nós três apenas sorrimos e acenamos com a cabeça. Tenho certeza de que a avó ficou bastante chateada com o comentário de Fredric.

Minha mãe dizia que Fredric sempre foi muito frio e um pouco rebelde. Mas eu não o culpo. A vida dele não é tão fácil quanto as pessoas imaginam.

Mesmo assim, o charme e o jeito frio dele comigo são uma atração irresistível. Não é errado uma garota sem graça como eu amá-lo em segredo, certo?

“Bem, vovó, não quero atrapalhar seu programa, mas esta tarde tenho um encontro com Paula. Quero vê-la e sair com ela. Falta muito? Ela está um pouco ansiosa, quer que eu a acompanhe a uma agência de modelos — vai fazer um teste.”

Fredric olhou para a avó; ele não falou alto, mas meus ouvidos estavam atentos. Meus pais pareciam não ouvir a conversa.

“Quem é Paula?”, perguntou a Sra. Rosa.

Algo apertou meu peito. Até agora, Fredric já teve várias namoradas, mas, por algum motivo, desta vez quero saber quem é Paula — talvez porque ouvi o nome sair da boca dele.

“Eu a apresento depois. Pode apressar o almoço, vovó?”, resmungou Fredric um pouco impaciente, e aquela mulher parecia tão especial. Se ao menos essa mulher fosse eu… Ah, as ilusões de uma garota estranha como eu não valem nada.

Meus olhos, que estavam fixos nele, desviaram imediatamente para a comida quando Fredric se virou na minha direção. Droga, ele deve achar que sou uma stalker.

“Bem, Goyle, se não se importar, gostaria que levasse Mathilda para casa depois disso. Fredric precisa sair para um compromisso urgente. Não há problema, certo?”, perguntou a Sra. Rosa aos meus pais.

Claro que meus pais concordaram. Logo depois, Fredric se levantou e saiu sem se despedir. Seu rosto estava extremamente frio. Ainda assim, tenho certeza de que, no fundo, seu coração estava em chamas — afinal, ele estava prestes a encontrar a mulher que adorava.

Às vezes penso: por que a vida é tão injusta? Se não posso ter o homem dos meus sonhos, será que Deus não pode me dar um pouco de felicidade através de sua bondade?

**

Paula.

Não!

Esse nome me persegue.

Parece que hoje é o pior dia da minha vida desde que me tornei a admiradora secreta de Fredric. Por que esse nome me incomoda tanto? Pior ainda, tentei descobrir quem era Paula nas redes sociais, mas não encontrei nada.

O ponteiro marcava onze da noite. Eu já deveria estar dormindo, amanhã trabalho às sete. Maldição, meu cérebro não consegue parar de lembrar o olhar frio de Fredric e o nome daquela mulher!

“QUERIDA!”

O som agudo vindo do quarto dos meus pais destruiu todos os meus pensamentos sobre Fredric.

“O que aconteceu, mã… MÃE!”

Não consegui terminar a frase. Minha mãe estava caída no chão, espumando pela boca. Minhas pernas ficaram fracas.

“Ligue para a ambulância agora, ligue para o hospital, Mathilda!”

Assenti com lágrimas escorrendo pelo rosto. Imediatamente pedi ajuda para salvar minha mãe. Felizmente consegui falar com clareza, e tudo foi transmitido rapidamente.

Meu pai chorava sem parar enquanto a segurava nos braços. Estou apavorada com a ideia de que algo ruim tenha acontecido. O que será que ela tomou?

Sentei-me exausta no chão, ao lado do telefone. Mesmo quando a ambulância chegou e começaram a levantar o corpo dela, continuei imóvel.

“Mathilda, vamos.”

Meu pai segurou minha mão com o rosto inchado de tanto chorar.

A ambulância já estava acelerando quando passamos pelo portão e vimos a Sra. Rosa no jardim.

“Por que sua mãe desmaiou?”

“Essa é a pergunta que eu mesma não consigo responder. Ela saiu do banheiro e caiu no chão, com espuma saindo da boca. O que mais eu podia fazer além de gritar?”, respondeu meu pai.

O carro seguia rápido, e o silêncio tomou conta.

**

Sentamos em frente à UTI, em pânico. Já se passou quase meia hora e ainda não há notícias do médico nem das enfermeiras.

Minha mão doía de tanto apertá-la, tentando conter o nervosismo.

“Mamãe vai ficar bem, pai?”

Não sei quantas vezes já fiz essa pergunta, a ponto de ele nem me responder mais.

Como se o destino tivesse ouvido, de repente a porta da UTI se abriu e um médico apareceu. Meu pai e eu nos levantamos e corremos até ele.

“Como está a condição da minha esposa?”, perguntou meu pai.

O médico olhou para ele com expressão séria e balançou a cabeça negativamente. Meu pai correu para dentro da UTI, enquanto eu apenas consegui segurar a mão do médico e gritar: “Explique! O que aconteceu? Não entendo essa expressão sua!”

“Sua mãe faleceu por overdose de comprimidos para dormir.”

Essa resposta me fez soltar a mão dele. Sentei-me no chão, sem forças. É verdade que minha mãe morreu? Por que tudo isso está acontecendo, meu Deus?

 

 

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