101. A Última Vigília
O penúltimo dia amanheceu envolto por uma névoa densa que serpenteava entre as colunas quebradas do templo como um presságio silencioso. O vento estava mais gélido, carregando consigo o aroma úmido da terra e o frio dos picos que cercavam o vale.
Acordamos cedo, cada um movido não pela vontade, mas pela urgência silenciosa que nos rondava.
Leriam já estava sobre o altar, reorganizando as anotações, ajustando instrumentos e verificando, uma vez mais, as marcas na esfera.
— Há algo aqui… — murmurou, apontando para uma sequência de símbolos que eu não havia notado antes, meio ocultos sob uma camada de musgo ressecado e poeira.
Aproximei-me, enquanto ele, com delicadeza, limpava a superfície.
— O que é? — perguntei, com a respiração suspensa.
Leriam arqueou as sobrancelhas, surpreso.
— Não são apenas inscrições… são coordenadas.