Magnólia Williams "Bater os pés não vai fazer o tempo passar mais rápido." "Pelo amor de Deus, me deixa em paz Anne."Ela cruza os braços finalmente fechando a boca, enquanto a minha mente parece perder um pouco de sanidade a cada instante que passa esperando pelo resultado desse teste. Quando Anne se mexe pegando o pequeno palito branco soltando um suspiro, ergo o corpo da cama quase em um pulo, um sorriso pequeno e de alivio preenche seus lábios, no pequeno visor um negativo causa uma confusão dentro do meu coração. "Desculpe por ter enlouquecido dessa maneira, Magnolia, você não sabe como é conviver com outras crianças sendo maltratadas por ser um bastardo." Ela suspira amarrando os fios longos antes de passar a mão na barriga. "Pior do que isso só o filho de um traidor, imaginar o meu filho passando por algo assim, me deixa transtornada, tome mais cuidado tá bem?!"Aceno com a cabeça, deixando ela falar mais alguma coisa da qual não presto atenção, enquanto ela sai de dentro do
Gianni Lafaiete "Que porra!" Grito perdendo o último resquício de calma que ainda tinha. Abro a porta do banheiro saindo de dentro do espaço pequeno, completamente claustrofóbico pela primeira vez na vida. Ao lado do espaço em que Magnólia estava deitada quando cheguei, o pacote com jóias dentro está intacto. Retiro a gravata do pescoço sentindo o ar faltando nos pulmões, precisando de espaço para raciocinar quando sinto estar prestes a enlouquecer. Minha pele parece queimar em alguns pontos, quero enfiar as unhas e rasgar a carne tamanha frustração. Olho para os travesseiros na cama, os lençóis, uma mistura de lembranças atordoando os meus pensamentos. Sempre mantenha a calma, tenha pulso, saiba jogar o jogo... lições que usei a vida inteira para lidar com os piores tipos de homens dentro do submundo e desde que Magnólia entrou na minha vida, perderam o sentido. Qualquer outra mulher estaria estirada no chão do banheiro com um corte na garganta, sentiria um prazer intenso ao v
Livia “Madre não podemos fechar o orfanato” Suspiro cansada repetindo mais uma vez a frase.Como sempre ela busca dar-me conforto mesmo que o medo esteja maltratando seu coração tanto quanto o meu, enquanto varremos o pátio vazio.“Não quero que isso aconteça filha, mas entenda que não temos dinheiro para as contas básicas e o banco está cobrando.” Ela repete mais uma vez.Já estamos a mais de um mês e meio sem ter como pagar as contas básicas como água e luz, vivo nesse orfanato desde que fui abandonada em uma cesta com alguns panos e uma corrente de prata que hoje uso como pulseira com meu nome : Lívia.Madre Magnólia é como uma mãe, afinal, foi ela que cuidou e ainda cuida de mim. As crianças que vivem aqui são como irmãos, apesar de nunca ter sido adotada sinto uma felicidade enorme por cada um que encontra uma família. Todos vivemos em busca de cuidar dos menores para que eles se sintam acolhidos.“Por favor querida, vamos receber a visita do gerente do banco e o possível compra
Bruno Lafaiete Observo as costas da baixinha furiosa completamente intrigado pela maneira como ousa se colocar diante de mim fazendo uma ameaça tão ultrajante, se ela ao menos imaginasse o tipo de homem que habita sob essas roupas de grife escondido das lentes dos reporteres jamais ousaria falar dessa forma. Entretanto, sinto certo prazer em saber que terei algo para brincar pelo menos durante algum tempo além de aliviar os pedidos de casamento que venho ignorando nos últimos dois anos. As mulheres de familia bem vestidas com respostas prontas e cabeça baixa não causam nem uma leve ereção quanto mais vontade em casar. Posso muito bem aproveitar essa baixinha quente, dentro de um contrato pré estabelecido talvez até mesmo consiga o divorcio sem receber nenhuma critica do meu pai devido a origem da moça. “Livia por onde você…” A voz da senhora para ao encontrar meu olhar. “Bruno Lafaiete.” A senhora que suponho ser uma das freiras do local ofega. Uma reação bastante comum as mulhe
Livia Preciso de um autocontrole horrível para manter os olhos tranquilos quando a Madre aprova a fala desse homem.Sei que ela não deve estar acreditando muito nessa história mas diante de todos esses problemas precisamos disso. O olhar de Lia chega a ser engraçado, abaixo a cabeça e solto um suspiro abrindo um sorriso amarelo.“Então, senhor Lafaiete aqui não precisamos que mantenha nenhum tipo de imagem, então o primeiro pare de aparecer em manchetes com mulheres. - Ela faz uma pausa esperando o aceno dele. - Segundo o aniversário de dezessete anos da Livia é amanhã, desse dia até o próximo ano vocês estarão noivos assim, terão tempo suficiente para se conhecer melhor.”Abro a boca prestes a protestar , o orfanato não tem esse tempo todo para se manter.“É um prazo justo Madre.” Escuto a voz firme.Viro o rosto encontrando com o perfil angulado, um meio sorriso exibindo a ponta do dente. Ao olhar para Madre, vejo as suas bochechas avermelhadas, Bruno Lafaiete definitivamente tem o
Livia “Feliz aniversário!!” Acordo com as vozes gritando e pequenas crianças pulando em cima de mim.Não consigo esconder o sorriso diante da felicidade deles, Lia está com as mãos cruzadas enquanto a Madre nos observa com um sorriso estampado nos lábios.Distribuo beijos nas cabeças deles, sentindo um peso a menos pela compreensão de que terão mais tempo pra encontrar uma família disposta a adotar e cuidar bem com muito amor.“Vamos, vamos crianças precisamos nos arrumar para a missa.” Madre Magnólia bate com as mãos fazendo os pequenos resmungarem. Rapidamente eles vão atender o pedido e saem de dentro do meu quarto junto com Lia para tomarem seus banhos.Ela se aproxima e posso ver a maneira condescendente na qual parece buscar as palavras para falar comigo, quando se senta na ponta da cama puxa minhas mãos beijando com calma. Sinto os olhos queimando diante das lágrimas, busco manter a calma para guardar o segredo, mas de algum modo tenho a sensação de que ela sabe ou imagina o
Lívia Depois de ficar plantada como uma árvore no meio do pátio enquanto ele ia embora, precisei refazer cada pedacinho do aniversário mais estranho que já tive na vida. A presença de Bruno Lafaiete sendo o ápice, um bilionário sentado à mesa com várias crianças órfãs e mantendo uma conversa amena com a madre. Na hora de dormir preciso manter a postura diante de Lia que a todo momento parece farejar as minhas mentiras e mesmo com a necessidade de desabafar sobre esse acordo achei melhor ficar calada. Agora, virando de um lado para o outro sem conseguir encontrar o sono, relembro a maneira feroz na qual seus olhos brilharam diante da voz irônica do amigo. O autoritarismo na voz grave e os músculos tensos, totalmente diferente como se dois homens distintos habitassem o mesmo corpo, um deles na frente das pessoas e outro escondido da luz. Suspiro com as pálpebras finalmente pesando o suficiente para cair no sono cheio de sonhos com os olhos verdes analisando meu corpo fazendo minha pe
Lívia Bruno estaciona o carro na lateral do colégio próximo a uma das entradas, tenho uma noção completa dos vidros escuros fechados e dos dois carros que fazem a nossa segurança. Um estacionado à frente e outro atrás. Mordo a parte interna da bochecha nervosa, que tipo de jogo esse homem está fazendo? Puxo uma respiração profunda quase gritando em frustração ao ser tomada pelo perfume amadeirado que gruda em cada pedacinho da minha mente, mas orgulhosa consigo forças o suficiente para falar."Não estamos na frente de ninguém Bruno,não precisa fingir." Falo apertando os dedos em volta da mochila."O que te faz acreditar que fico fingindo qualquer coisa com você?" A voz grave preenche o espaço pequeno. Viro o corpo para observar suas feições com o sorriso cafajeste no canto dos lábios, os olhos verdes brilhando em um desafio silencioso."Como você consegue ser tão cínico?" Cruzo os braços irritada. "Já não basta ter me obrigado a assinar aquele contrato..""Você não foi obrigada a n