Cap. 5

O navio se aproximava cada vez mais e a euforia dos marujos crescia mais e mais. Nenhuns daqueles homens vieram de outras regiões ou cidade senão Milianas estavam todos de volta a sua casa. O sorriso de cada um, o brilho no olhar, a vontade de pular daquele navio e correr para suas famílias - ou como na maioria, correr para o bordel que não ficava longe - crescia, apenas crescia e transbordava. O Navio foi preso ao píer e minutos depois os motores desligados, deixando todos a mercê do Comandante para que cruzassem a saída e corressem para onde desejavam. Um levantar de mão foi o suficiente para todos começarem seus preparativos para a fuga.

— Lorde Dickson - Eliott chegou ao andar de cima se curvando ao homem que vestia preto, um manto negro cobrindo todo seu corpo e o uniforme de comandante. — Não esqueço que nesta cidade tu ainda és Lorde, é um Lorde importante.

— Nosso Lorde Comandante - outro marinheiro o que ilustrava e direcionava seu navio surgiu de repente trazendo as luvas para o homem de pose forte — Deixarei o navio assim que souber para onde ir.

— Sua casa. Não vai procurar por seus pais? Nossa chegada logo, logo será anunciada.

— Meus pais me jogaram na roda da vergonha quando subi no barco do Comandante Dickson, duvido que queiram ver meu rosto. Sou impuro aos olhos dos deuses, incapaz de desposar uma mulher.

— Que bom que não gosta de mulheres então. - Jasper murmurou terminando de colocar suas luvas, — Que fiquem sabendo seus pais e os deuses, não dei um homem para você, dei mil mulheres e moedas. - Passou pelo homem de cabeleira ruiva e desceu as escadas chegando a saída poucos segundos depois.

O caminho feito por uma tábua larga o levava direto ao píer da cidade, e pisando na madeira barulhenta ele ouvia ao longe o soar de uma música quente, gritos de seus marujos, risadas dos mesmos. O cheiro de terra molhada e cavalos grudaram em si, ele odiava aquele aroma, mas era o cheiro de sua casa.

Não olhou para trás enquanto seguia a frente, arrastando seu manto negro em cada madeira suja até chegar onde os pés o guiavam. Estava de volta em Milianas, de volta a vida na realeza, de volta aos costumes de um Lorde, onde ele estava mais ligando para o fato de que logo voltaria a navegar, política, ficar e ordenar não era do seu conhecimento, as terras eram suas, mas o lucro ia para quem precisava. Ele não era um homem bom de coração, mas era um anjo para as pessoas a quem acreditava nisso.

Olhando ao redor, as poucas pessoas que passavam na rua naquele horário o viram com grandeza e pelo alargar dos olhos e o abri de suas bocas ele ainda era reconhecido, ainda lembravam-se do único herdeiro do clã Dickson, com um sorriso de matar mulheres ele seguiu para o lado mais convidativo da cidade e onde morava uma grande amiga com seios belos e olhos verdadeiros. Apesar de ser o lugar mais gostoso de estar, nada ali era interessante aos olhos do comandante.

Ele encarou as luzes mais coloridas por agora, as mesas mais cheias, o palco repleto de mulheres nuas a qual dançavam para agradar, o barulho de moedas sendo jogadas no piso de madeira era música para seus ouvidos. Seus homens deveriam aproveitar o quanto fosse preciso, não havia data de volta, mas ele sabia que seria em breve, todos sabiam.

— Lorde Dickson... Ou Capitão Dickson, comandante, seja como o Lorde desejar - Uma mulher se aproximou chamando a atenção do homem que retirava as luvas com cuidado, ali era quente, e não apenas pelo clima. Jogando sua echarpe para trás, trouxe um sorriso safado nos lábios, o que não foi correspondido pelo homem de olhos baixos. Ele deu os primeiros passos procurando pela mesa vazia e achou uma perto, sentou-se ali ainda olhando ao redor. — Ainda é arrogante e mal-educado. Ainda é o mesmo Jasper Dickson que conheço desde a adolescência.

— Apenas em aparência, Celestia. - Respondeu rude olhando ao redor. Apesar de ter o coração duro, olhar para seus homens daquela forma, bebendo e se divertindo era até bom.

— É com grande prazer que o recebo primeiro no cantinho preferido da cidade. - Sorriu de canto, ele concordou com um aceno e riu igual a ela.

— Confesso que esse sempre foi o meu lugar preferido da cidade, apesar de haver outro a qual quero chegar amanhã. - Lembrou-se da cabana onde via aquela mulher quase todas as noites. — Mas devo admitir que o lugar onde eu costumava morar está mais bonito.

— Treze anos se passaram, Lorde Dickson - A mulher sentou-se à mesa trazendo vinho e cerveja, cruzou as pernas mostrando seu decote bonito, era um charme aqueles peitos enormes, Jasper conhecia bem, e nunca quis provar. — Seus homens estão se divertindo, espero que faça o mesmo, posso providenciar a mais bonita do meu bordel, ou voltará ao mar ainda esta noite?

— Pretendo ficar mais que uma noite, até um mês se eu encontrar o que é meu. - Pensou na mulher com seus olhos perolados tentando imaginar como ela estaria nos dias de hoje.

Será que seus olhos ainda carregavam aquele teor erótico que conheceu? Seu corpo ainda era como uma das maravilhas que poucos conheciam? Duvidava muito que ela continuasse intocável. Ele não tinha toda essa sorte do mundo.

Aquela mulher o deixava tão louco, já não podia mais segurar os pensamentos dentro do navio, e agora tão perto na mesma cidade, ele parecia sentir seu cheiro em cada fungada, ver seu rosto em cada mulher que desfilava nua por ali. Assistia cada rebolar daquelas mulheres e imaginava Amice sendo uma delas, uma moça tão bonita em meio a uma cidade aonde o dinheiro não vem fácil a não ser que venda seu corpo, e ela tinha um corpo tão bonito. Irritou-se ao imaginar outros homens tendo-a por completo, mas ele ficaria calado, a deixou para isso, para que se descobrisse sozinha.

— Ah com certeza! Você pode encontrar o que é seu, sempre. Talvez veja alguém que lhe chame atenção, Lorde Dickson, nada aqui é como antes.

Deixou de olhar tudo aquilo, nada ali já não o atraía. Olhou para todo lugar naquele bar. As mulheres no palco, as que serviam seus homens sem vergonha alguma de se exibir, as roupas não pareciam servir para as mesmas e ele adorava aquilo, todos adoravam. Seus homens buscavam mais de uma, mais de duas, mais de três e se tivessem mais ouro, levariam quantas queria para uma cama, se satisfaria com quantas vaginas aguentasse.

Ele olhou novamente para seu copo quase vazio dessa vez. Nenhuma das mulheres lhe atraiu ali. Nenhuma tinha um sorriso perverso, ou estava vestida completamente para ele pensar em levá-la para cama. Sua única solução era ir atrás da sua jovem, da sua donzela, a domadora de seus sonhos, e dona de suas fantasias mais eróticas e deusa da sua alma, dona de seu coração.

Teria seu corpo pela primeira vez, a tomaria como devia ter feito há anos, mas não se arrependia de ter a negado. Essa era sua confusão interna. Ele tinha feito à escolha certa. E todas as suas escolhas o trouxe de volta para Milianas, mais rico, mais experiente, mais bonito, e com uma vontade enorme de ele mesmo tirar as roupas que ela vestia, ele mesmo colocaria seus dedos naquela fenda que sempre estava pronta para recebê-lo.

Levantou da cadeira acenando para Celestia que estava parada no balcão, fiscalizando os homens que subiam para começar sua noite e se certificando se suas meninas estavam bem. Ele deu as costas a toda àquela bagunça, zoeiras, gritos, gemidos e rosnados não negaria sua excitação, mas não ficaria ali parado. Calçando de volta as luvas nas mãos ele cruzou o pequeno caminho e chegou à porta, não esperou mais que segundos para tocar na maçaneta e se ver livre do antro de perversão, mas para seu azar, a porta veio direta contra seu corpo o abatendo e o fazendo dar passos para trás.

Havia uma mulher em sua frente e o manto que cobria sua cabeça com um capuz negro impediu de vir seu rosto. A vela em sua mão clareava atrás do vidro que cercava o fogo, e foi possível ver somente os lábios abrindo e fechando.

— Perdão, Meu Lorde.

"Meu Lorde".

A luz da pequena vela chegou a iluminar metade de seu rosto e aqueles olhos o fizeram perder o ar. Ela passou por si e o cheiro doce que o fazia estremecer ficou no ar o deixando paralisado.

"Meu Lorde".

Ele engoliu a seco vendo a imagem da rua dissipar a medida que a porta se fechava. Lentamente, ele virou procurando o arrastar do manto negro que seguia até Celestia no balcão, algo foi dito, e então o corpo pequeno foi em direção às escadas, o manto cobria a silhueta, mas não o suficiente, ele sabia, ao meio dela, a moça virou em sua direção, o capuz caído revelou o rosto dócil e safado que ele conhecia. O manto caiu ao redor de seu corpo expondo o vestido vermelho tão perfeito quanto à dona dentro deste e com o último sorriso ela seguiu seu caminho para o andar de cima, correndo como uma menininha, a mesma jovem moça virgem que ele conheceu.

— Santa Deusa…

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