Thalia.Uma semana depois...Sentada à beira da cama, deixo meu olhar vagar pelo quarto, perdida em um emaranhado de pensamentos que teimam em assombrar minha mente. Os últimos dias foram como uma montanha-russa emocional, um turbilhão de eventos que viraram minha vida de cabeça para baixo, mas, no fim, tudo acabou bem.Recordo-me do acidente de Marcelo como se tivesse sido ontem. O som ensurdecedor da colisão ecoa em meus ouvidos, enquanto a imagem dele, caído no chão, invade minha mente de forma avassaladora. A sensação de impotência e desespero ainda está fresca em minha memória, como se fosse uma ferida aberta que se recusa a cicatrizar.O desespero vivenciado naquele momento é algo que jamais quero tornar a sentir. Mas o choque não parou por aí. Descobrir que Marcelo era o verdadeiro dono do hotel foi um golpe em meu peito, confesso, uma revelação que sacudiu as estruturas da minha confiança. Tudo o que eu pensava saber sobre ele desmoronou em um instante, deixando-me desorienta
Thalia Meu coração batia descompassado enquanto me aproximava da entrada da clínica de reabilitação. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, carregando o peso de meses de ausência e temor. Eu não sabia o que esperar, não sabia como meu pai reagiria ao me ver depois de tanto tempo, só rezava para que tudo ficasse bem entre nós.Adentrei o prédio com passos hesitantes; os corredores pareciam se estender infinitamente diante de mim, suas paredes brancas e estéreis aumentavam minha ansiedade. As luzes fluorescentes lançavam um brilho frio e impessoal, criando sombras alongadas que dançavam no chão à medida que eu caminhava. O silêncio era interrompido apenas pelo som distante de passos e murmúrios ocasionais.Finalmente, cheguei à porta do quarto onde meu pai estava alojado. Uma mistura de emoções se agitava dentro de mim: uma fervilhante combinação de medo, esperança e amor. Com um suspiro tremido, ergui o braço e girei a maçaneta, abrindo a porta e adentrando o quarto da clínica
Thalia — Quero que o senhor o conheça. — Falei, ainda tomada por emoção. Meu pai me olhou, o sorriso ainda em seus lábios. — Também quero o conhecer. Chame-o, sei que veio com você, não foi? Assenti, sorrindo. — Vou chamá-lo. Levantei-me e segui para fora do quarto, encontrando Marcelo no corredor com seu pai ao seu lado. O senhor Mario quis vir, queria ver o amigo, ansiava por isso. Não neguei; eles estavam há anos sem se ver e precisavam disso. Ao entrar de volta ao quarto, eu segurava a mão de Marcelo enquanto caminhávamos para junto do homem que me deu a vida. Seu pai viria depois. Quando cheguei diante do meu pai, fiz as apresentações. — Senhor Efraim, é muito bom conhecê-lo. — Marcelo estendeu a mão e meu pai a pegou. — O prazer é meu. Vejo que é sortudo, a minha filha é uma menina de ouro. Marcelo sorriu largo e me olhou. — Concordo. Não podia ter recebido presente melhor. Senti-me encabulada com os elogios e os dois riram. Nós sentamos e começamos a conversar. Algu
Thalia.Semanas depois... — É meio constrangedor ter alguém que conheço olhando minha vagina. Tipo... Você é cunhada do meu noivo e vai ficar me dando dedada? Mariah não aguentou e começou a rir. Mas rir muito, rir até a barriga doer. Seus olhos lagrimejaram e ela mal conseguia respirar. — Deus, Thalia, você não existe. — falou após buscar ar e tentar se recuperar da gargalhada. — Não se sinta constrangida. Até a vagina da minha mãe eu já vi e isso sim é constrangimento. — Bom, mas você saiu dela, não é? Não deveria ser tão constrangedor assim. — Pois é, mas é constrangedor. Enfim, essa é minha vida: ver vaginas. Então, não tenha vergonha, é tudo profissional. Soltei um suspiro. — Vou tentar não morrer de vergonha. — Trouxe os exames que pedi? — Sim. Fiz todos os que me pediu e os que já haviam sido recomendados pela doutora Patrícia. Eu tinha mudado de médica não por não me sentir bem com a doutora Patrícia, mas sim porque Mariah havia me revelado seu desejo de acompanhar o
ThaliaDepois da consulta... Não há sensação melhor do que caminhar pelos corredores da loja de artigos para bebês, cercada por aquele universo de fofura e delicadeza. Marcelo segurava minha mão com um sorriso radiante enquanto explorávamos cada prateleira, encantados com o que nos esperava. A menina que eu jamais imaginava ter, de um jeito tão inesperado, já havia conquistado meu coração desde o momento em que ouvi o som do seu pequeno coração batendo.— Olha só esse macacãozinho de ursinho, meu amor. Não é lindo? — exclamou Marcelo, segurando uma peça cor-de-rosa tão pequena que cabia na palma da sua mão.— É, sim. Parece tão macio... Ela vai adorar — respondi, sentindo meu peito se encher de um amor novo, avassalador. Era um sentimento que eu ainda estava aprendendo a compreender, mas que me aquecia.Passamos horas escolhendo o essencial para o enxoval da nossa filha: carrinho de bebê, cadeirinha, berço, chupetas, mamadeiras. Marcelo estava eufórico e queria levar tudo. Até mesmo
Marcelo.Dois dias depois...Estávamos preparando um jantar para nossa família, pois iremos revelar o sexo do bebê. Thalia seguia com sua atenção nos pratos que preparávamos enquanto eu tentada deixar as coisas mais descontraídas.— Marcelo, você pode passar o creme de leite?— Claro, aqui está.Tento passar a pequena caixa, mas acabo derrubando sem querer, criando uma pequena bagunça na bancada da cozinha.— Céus, eu acho que as minhas habilidades de passar de ajudante precisam de um pouco mais de... prática, — brinco. Sou bom na cozinha, mas gosto de pagar de desastrado só para ver Thalia rir. Ela está chegando nas últimas semanas de gestação e tem estado um pouco para baixo, oscilando no humor, mas Mariah disse ser normal. Bem, o que eu puder fazer para que esteja sempre rindo e contente, eu farei.Algumas semanas atrás haviam sido de muita tensão após o sangramento que teve, e sabia que, mesmo tentando levar as coisas sem nos tornarmos reféns do medo, ele ainda pairava sobre nós c
MarceloSaí das minhas conjecturas e voltei minha atenção ao meu irmão. Ele seguia falando sobre como andam as coisas no hospital e que realizou uma cirurgia delicada dias atrás, mas que tudo tinha ocorrido bem e ele tinha conseguido salvar seu paciente.Já eu, falei um pouco sobre a reforma no novo hotel que comprei. Alguns minutos depois, deixamos Thalia finalizar o jantar e vamos para a sala tomar uma cerveja e seguir conversando até o resto da família chegar.— É tão bom ter você aqui. Sinto que não nos reunimos assim há tanto tempo — Falo, dando tapinhas na perna do meu irmão.— Concordo. Esses momentos em família são realmente especiais. — Meu irmão fala.— Com certeza! E com essa linda adição à família, é ainda mais importante estarmos juntos. Serei o melhor tio do mundo.Ele sorriu de lado e piscou. Sorri, negando que meu irmão já tinha comprado tanta coisa para nosso filho, mesmo sem saber qual seria o sexo, que me perguntava onde eu colocaria tudo.Santo Deus, ainda havia co
Thalia.Uma semana e alguns dias depois...Soltei uma risada ao ouvir as palavras de Vivian. A mulher já havia me feito rir tanto que precisei colocar a mão na barriga.— Ai, amiga, me deixe respirar um pouco. — Parei, puxando algumas respirações, tomando cuidado para não derramar o sorvete em minha mão.Havíamos descido do carro para caminhar um pouco e tomar sorvete. Tínhamos ido comprar o restante das coisas para minha casa e o quarto de Helena. Meu motorista não queria nos deixar sozinhas, mas por estarmos em um lugar seguro, com câmeras, e não muito longe do meu condomínio, assegurei que ficaria bem. Ele seguiu rumo à minha casa e fiquei na rua com Vivian. — Mas não estou mentindo! Quem vê Marcelo e Federico no maior Love, não imagina o quanto seu noivo odiava o cachorro. Às vezes que ele saiu correndo e gritando por socorro quando Federico o via, foram incontáveis e uma mais hilária que a outra. Ele queria que o cachorro ficasse eternamente na minha casa, amiga.Seguimos rindo.