Diogo Lima
O som abafado da televisão ecoava pelo pequeno apartamento alugado em São Paulo. As paredes descascadas e o cheiro de mofo eram um lembrete constante de como as coisas tinham desandado na minha vida. Mas agora... agora tudo estava prestes a mudar.
Estava jogado no sofá puído, uma lata de cerveja gelada na mão e os pés apoiados na mesa de centro que balançava a cada movimento. Ao meu lado, Coiote roía as unhas, seus olhos fixos na tela da TV.
— Diogo, você podia arrumar um lugar melhor. — Ele cuspiu um pedaço de unha no chão, sem cerimônia.
— Tu tem mais grana que eu e não é procurado. Por que não arrumou um lugar melhor, então? — Respondi, sem tirar os olhos da televisão.
— Porque eu tô aqui pra te fazer um favor, não pra bancar o filantropo. Tira o escorpião do bolso.
— Já te mandei se foder hoje? — Retruquei com um sorriso cínico.
Coiote soltou uma gargalhada alta, mas sua risada foi interrompida quando uma notícia chamou nossa atenção.
— Cala a boca! — Ordenei, endireit