RavenaO sol nascia diante de mim, como uma chama sagrada que atravessava o horizonte com sua luz alaranjada e vibrante. A brisa suave soprava do leste, carregando o perfume das rosas rubro silvestres que ainda floriam nas bordas do mirante.Era o mesmo lugar onde Cyrus e eu havíamos nos unido sob a lua de sangue. Dois dias haviam se passado, mas o sabor daquela noite ainda dançava em minha pele, como se estivesse gravado em minha essência.Eu estava nua. De pé. Os pés descalços tocavam as pedras mornas da sacada encharcada de orvalho. O vento brincava com meus cabelos como dedos invisíveis. E eu murmurava.Palavras que não compreendia.Sílabas carregadas de um idioma antigo, místico. Uma melodia surda que saía de minha boca sem minha permissão, como se alguém, ou algo, falasse através de mim.— Et d'lahara'k vos, en'thala riin...— sussurrei, os olhos fixos na linha do sol que se ergueu completamente agora, tingindo o mundo com o dourado dos deuses.— O que está murmurando para o sol,
MercedesA manhã ainda estava fresca quando saí do castelo com Ravena. O vento batia suave contra meu rosto, trazendo o perfume das flores que nasciam ao redor das muralhas de Northshore. Ravena estava estranhamente falante, seus olhos dançavam com aquele brilho novo, esfuziante, como se agora fosse mais que uma lupina, mais que fêmea... como se a profecia já pulsasse dentro dela. E talvez estivesse mesmo.— Dois — murmurei, segurando minhas mãos sobre o ventre ainda liso. Minhas runas brilhavam em azul quando a magia percorreu minhas veias. — Eu sinto dois filhotes. E são fortes, magestade. Como nunca vi.Ela sorriu, surpresa e orgulhosa. Havia um quê de reverência naquele sorriso, como se o universo finalmente a reconhecesse como rainha e mãe do novo tempo. Ravena não se parecia em nada com aquela criatura quebrada e destruída que chegou. A escrava sexual de um beta cruel, e objeto dos demais lobos. Agora ela irradiava força, e...poder. Ela era a verdadeira rainha de uma raça que
ATENÇÃO!!!! ESTE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS!!!PryaQuanto tempo leva para um coração simplesmente desistir de bater? Olhei para mim mesma, o sangue escorrendo no meio das minhas pernas, meus seios mutilados, os mamilos foram arrancados para que eu não amamentasse, e as feridas estavam infeccionadas.Uma lobo como eu, nasceu somente para ser moeda de troca para minha alcateia original. Sou filha da amante do meu alfa, minha mãe o serve desde que descobriram que eram companheiros de destino. Entretanto o meu alfa, da alcateia Sombra Sangrenta, nunca se separou de sua Luna de escolha, ao contrário. Ele dividiu o poder com ela, e colocou minha mãe como uma amante barata. Sou a mais velha da prole do alfa Bahan, nossa alcateia ficava na Índia. Todos eram muito civilizados e não gostavam do isolamento da floresta. Por isso meu alfa construiu uma cidade para os lobos. Meu pai nunca me viu como filha. Eu era para ele uma mercadoria. Uma mercadoria exótica para os outros alfas que faziam ac
ATENÇÃO!!! ESTE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS!!!Me levantei segurando na parede de terra, eu não conseguia enxergar direito porque fiquei muito tempo no escuro. O lobo jogou um pano para mim. Cobri minha nudez, e deixei que ele me tirasse do buraco. Decomposição de carne, infecções, sangue seco, tecidos e ossos sendo devorados por parasitas. O meu odor era tão nauseante, que o lobo tossiu praguejando quando chegamos à superfície. Ele puxou a corda que estava amarrada em meu pescoço, me levando para um rio. - Minha deusa, eu nunca senti um cheiro tão podre como esse! – ele tossiu mais uma vez. – Parece até que estou carregando um cadáver. – ele me jogou no leito do rio. - Limpe essa sujeira, se chegar ao acampamento assim, todos vão vomitar.Entrei na água fria batendo o queixo. Fiz o que ele mandou sem dizer nada. Faz muito tempo que não tenho nada a dizer. Tirei o máximo de parasitas das feridas, e aquela coceira e ardência diminuíram um pouco. Meu cabelo está cheio de sangue empapado
NathanielA neblina da noite serpenteava pelas copas das árvores quando meus pés tocaram a margem encharcada do campo inimigo. O cheiro de sangue fresco misturado à magia profana era sufocante. O vento frio cortava meu rosto, mas dentro de mim, a raiva queimava como brasas vivas.Estávamos em plena ofensiva com os Sombras.Descobrimos o acampamento, um dos muitos postos avançados que as bruxas e os alfas renegados ergueram nas profundezas da Floresta Negra. O objetivo era claro, exterminar essa escória antes que seus reforços chegassem. Erradicar até essa praga cheia de corrupção que infestava Northshore. Rápido e eficiente. Nada de prisioneiros.Minhas mãos envolviam a empunhadura de minha espada, e meu espectro, Kael, emergia como uma sombra carmesim sobre meu ombro esquerdo. Ele rugia em silêncio, ansiando por destruição.Corpos jaziam espalhados entre as tendas despedaçadas, membros contorcidos em ângulos irreais, os olhos ainda arregalados em desespero. O ataque foi rápido. Brut
Empregada Antes do dia clarear eu já estava na casa da alcatéia. Precisava ajudar a preparar o café da manhã de todos, e hoje eu sabia que as coisas seriam ainda mais difíceis, por causa dos convidados. A cozinheira gritava com todos, a cozinha estava quente e cheia de fumaça. Alguém tinha queimado alguma coisa. Encarregada de preparar o bacon e os ovos, eu me concentrei no que fazia ignorando todos, como eles faziam comigo. - Ei, você, escrava. – gritou a cozinheira. – Largue isso. O Alfa te convocou ao salão de jogos. Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. Da última vez que estive naquele lugar, Alexander quase não me deixou sair viva. Ele me amarrou nua de cabeça para baixo, e rebateu bolas de beisebol contra o meu corpo, como se isso não bastasse, o alfa chamou Marcel e ordenou que ele me desse uma surra por não ser uma boa diversão. Caminhei na direção da sala de jogos tremendo, eu ainda estava muito machucada do dia anterior. Talvez esse fosse meu fim. Bati e es
Não sei por quanto tempo fiquei amarrada naquela mesa, coberta de esperma, sangue e suor. Marcel mantinha seu olhar sobre mim, pronto para recomeçar aquela tortura.Percebi há muito tempo que ele tinha prazer somente no meu sofrimento, isso o excitava demais. - Eu vou te partir ao meio, minha coisinha safada. – meu companheiro me disse enquanto soltava as cordas que prendiam meus tornozelos. Fui puxada para a beirada da mesa de bilhar. Mas de repente alguém bateu na porta, interrompendo a todos. O alfa vestiu suas calças e caminhou até lá. Marcel se vestiu rapidamente, ligando seu link mental com os guardas. - Estamos sob ataque meu alfa! Alguma coisa está dizimando a alcateia! – um dos guardas gritou. O silêncio pairou sobre a sala, podia sentir que eles estavam se preparando para contra atacar. Afinal de contas, eram todos alfas, os mais poderosos dos territórios vizinhos. Um calafrio percorreu meu corpo febril, senti como se algo gelado tomasse conta da sala. Meu corpo enrij
Minha consciência ia e vinha, se perdendo no que aconteceu e temendo encontrar o monstro de olhos vermelhos. Revivi memórias dos dias anteriores em que eu caminhava em direção ao escritório da alcatéia segurando uma bandeja de bebidas com toda a minha força.Sentia que poderia desabar a qualquer momento, mesmo assim tentava fazer o meu trabalho para que nada desse errado. Por que se isso acontecesse seria o meu fim. - Sirva e saia, sua coisa imunda. – a voz autoritária do alfa Alexander ressoou pela sala. Deixei cada copo de bebida na frente de cada convidado, alguns deles não disfarçavam sua devassidão e me tocavam, enfiando a mão por baixo do meu vestido gasto. O conselho das matilhas começou, e eu saí o mais rápido que pude daquela sala. Quanto mais tempo ficava perto deles, mais chances teria de ser um alvo. Fechei a porta atrás de mim, com um suspiro silencioso. - O que está fazendo aí parada, seu pedaço de merda inútil?! – abaixei a cabeça imediata