CLARIS:
A forma como me tirou da cozinha foi quase violenta. Seus dedos se cravavam em meu braço com tanta força que tive que morder o lábio para não reclamar. O ar ao nosso redor parecia pesado, carregado de uma tensão que dificultava minha respiração.
—Senhor Kieran... —sussurrei, tentando acompanhar seu passo acelerado—. Você está me machucando.
Ele parou abruptamente, soltando-me como se minha pele o queimasse. Seu olhar, normalmente cinza, agora brilhava com o intenso dourado de seu lobo, e um rosnado baixo e ameaçador brotou de seu peito. Foi então que me veio à mente o nome "Selene". Eu o havia ouvido no dia do ataque dos lobos do norte. Seria sua Lua? Ela era a mãe dos filhotes que eu carregava?
Meu coração acelerou com esse pensamento e senti náuseas que nada tinham a ver com a gravidez. Os filhotes se remexeram inquietos em minha barriga, como se percebessem minha angústia.
—Não —respondeu o senhor Kieran com voz cortante, como se tivesse lido meus pensamentos