Thayla Narrando
Meu Deus, que ódio dessa Vilma! Mas eu sabia que a amiga da Madeleine não ia me dar paz. Ela fazia questão de lembrar da defunta a cada minuto: no Salmão, na toalha da mesa, na vela, em tudo. Como se fosse um ritual para me lembrar de que Enrico já teve outra mulher antes de mim.
E eu também não tinha engolido aquela pergunta sobre minha idade. Estava claro que ela só perguntou para ressaltar o óbvio, como se ninguém soubesse que sou mais nova que Enrico. Mas a palhaçada já estava indo longe demais.
Olhei para Enrico, séria, deixando bem claro minha insatisfação. Achei que ele tinha percebido, porque seu olhar encontrou o meu por um instante, mas ele permaneceu ali, ouvindo Vilma falar sobre o passado como se Madeleine ainda estivesse sentada naquela mesa.
Não aguentei mais.
Me levantei no exato momento em que estavam falando da sobremesa e, claro, de Madeleine.
— Com licença, vou ao toalete.
Saí antes que alguém questionasse, subindo as escadas com um nó na garganta.