Um coração para chamar de CEO
Um coração para chamar de CEO
Por: Evilyn Sá
Capítulo 1

Já era dia claro quando acordei ao som do meu despertador matinal. Os murmúrios de um choro baixo ressoando da babá eletrônica e me fizeram saltar da cama com destreza. Mesmo com todo o cansaço que me consumia momentos antes, eu já me encontrava totalmente desperta quando adentrei no quarto ao lado do meu. E observei minha pequena neném deitada em seu berço olhando para todos os lados. Quando me aproximei, instantaneamente o choro foi de alto para o tom baixo.

- O que foi meu amor? - Perguntei com a voz mais melodiosa possível.

Arqueei-me sobre o pequeno móvel e peguei Beatriz no colo, seus olhos brilharam em minha direção. Seus murmúrios eram agora mais baixos quando caminhei até a poltrona ao lado do berço. Senti suas mãozinhas pequenas apalparem meu seio em busca de seu alimento matutino. Acabei sorrindo para a minha companheira, ela é uma pequena joia preciosa que me admirava com seus grandes olhos de jabuticaba.

Olhei para o relógio na parede que já eram seis da manhã. Soltei um suspiro e me voltei para minha filha. Há um tempo esse era um horário impossível para me ver acordada, e agora essa era minha rotina. Todos os dias, desde que ela nasceu.

- Sempre pontual, não é mesmo?

Minha voz fez com que Beatriz voltasse a sua atenção para mim e abrisse um genuíno sorriso banguela. Como se tivesse entendido o que eu tinha falado e ainda confirmado do seu jeitinho especial. O que fazia com que eu ficasse ainda mais boba e admirada por ela.

Acariciei seu rostinho de maneira leve enquanto ela sugava meu leite. Sua boca fazia estalinhos e eu não me cansava desses barulhos que ela sempre fazia. Jamais. Tudo ainda era tão novo para mim, o fato de ser mãe tão nova havia me pegado tão desprevenida, porém não havia um dia que não olhasse para a minha filha com tanta admiração.

Eu tinha acabado de terminar a faculdade, e havia saído de um relacionamento longínquo de quatro anos quando descobri minha gravidez. Não foi fácil encarar o choque da surpresa quando tal noticia foi passada para mim através de um médico que eu havia recorrido dias antes para descobrir porque eu andava passando tão mal. Foi ainda mais difícil quando Guilherme virou as costas para o pequeno fruto que havia sido gerado através de nosso relacionamento. Esse choque eu jamais esqueceria. E lutaria até minhas forças esgotarem para suprir a falta que minha pequena teria de um pai no seu dia a dia. Ela era minha força, e saber de sua existência tinha me deixado ainda mais forte para superar qualquer percalço que viria.

Olhei para baixo e vi minha menina quase pegar no sono novamente. Quando por fim ouvi sua respiração leve, coloquei-a em seu berço repetidamente e segui para minha programação do dia.

Caminhei até o banheiro e me despi, aproveitando o pouco de tempo que tinha para poder tomar uma ducha relaxante.

Beatriz tinha completado seus seis meses de vida há poucos dias, e com isso minha licença já estendida que ganhei da empresa em que trabalhava também havia espirado. E hoje regressaria ao meu local de trabalho com um peso grande em meu coração. Não que eu não gostasse de trabalhar lá, mas deixar Bia sozinha depois de passar tanto tempo com ela doía lá na alma.

Nesses dois últimos meses estava trabalhando de casa, fazendo uma aparição ou outra na construtora. Meu único dever era cuidar da agenda da empresa como uma assistente da secretaria, organizar reuniões e quando estava lá, não deixar faltar o sagrado café para Daniel, meu segundo chefe, nas nossas preciosas discussões matinais sobre coisas corriqueiras, era uma das minhas principais funções. No quadro geral eu era muito boa no que fazia. Mas na ultima visita em que fiz ao meu local de trabalho, encontrei o próprio dono da construtora, que me fez uma proposta atrativa para que eu mudasse de função, e virasse assistente do seu filho que chegaria dos Estados Unidos em poucos dias. Era uma oferta tentadora, e para uma garota iniciante no ramo administrativo não teria como dispensa-la, ainda mais com a remuneração que iria ganhar.

Quando por fim terminei minha preciosa ducha, me enrolei em uma toalha. Saí do banheiro indo em direção ao meu quarto, mas antes passei dar uma olhada em Bia, que dormia tranquilamente. Era difícil não me pegar sorrindo toda vez que a olhava. Era impressionante como minha filha sempre capturava minha atenção de maneira tão terna.

Sem nem saber como reagiria ao meu primeiro dia de trabalho, torci para que as energias mais positivas do universo se centralizassem ali. Então precisaria continuar passando minha postura mais profissional. Coloquei uma saia justa preta, e uma regata de cetim azul escuro, seguido de um blazer. Me olhei no espelho aprovando a escolha.

Antes mesmo que Beatriz acordasse estava tomando um café que revigorava em meu corpo. Finalmente terminando minha rotina matinal de tempos atrás. Meu celular tocou ao meu lado e apressadamente o peguei com medo de que fosse Daniel, meu segundo chefe e meu precioso amigo que estivesse me ligando. Mas não era, e sim o nome Suzana aparecia na tela. Atendi minha mãe rapidamente.

- Oi, mãe. - Falei assim que levei o celular em meu ouvido.

- Está preparada para deixar nossa Bia sozinha por um dia inteiro? - sua voz soava um pouco distante, sinal que ela estava fazendo alguma coisa.

Soltei um suspiro. Já estava me sentindo um pouco melancólica em ficar tanto tempo longe de minha pequena. Passei duas semanas inteiras deixando Beatriz com sua babá nos pedaços de dia, para que ela se acostumasse a sua nova rotina. Mesmo sendo completamente dócil, na primeira semana ela ficava irritada e chorava quando eu não estava presente por um longo tempo. Contudo, depois desses dias de treinamento, ela simplesmente se acostumou. E quem mais sofria agora, era eu.

Depois dessa longa pausa para analisar os fatos tive que confessar a minha mãe:

- Não! - minha voz já estava embargada. - é muito difícil assimilar que não vou dedicar vinte quatro horas do meu dia a ela. Sei lá, é meio complicado ficar pensando nisso.

- Mas você me disse que ela estaria em boas mãos.

- E está. - lembrei-me de ontem, das gargalhadas que ela dava no colo de Mariana. - Mariana é ótima, é só o fato de ficar longe da minha filha que me incomoda.

- Isso também me incomoda todos os dias. - Minha mãe confessou.

Comecei a sorrir. Minha mãe sempre reclamava da minha ausência, por mais que fizesse pouco tempo em que a tinha visto.

- Eu sei sussurrei.

- Agora sabe o que eu passo, todos os dias.

Agora eu conseguia entender claramente, e não a julgava em nenhum momento, pois sentia em minha própria pele o que era pensar em ficar longe da minha filha por tanto tempo.

Fiz mais uma pausa dramática e olhei para o relógio:

- Mãe, preciso ir. - me levantei e levei minha caneca até a pia. - conversamos mais tarde?

Houve uma breve pausa, e ouvi a voz baixa do meu pai em um murmúrio quase inaudível. Fazia apenas uma semana que eu os tinha visto e já estava com saudade.

Depois de um tempo, ouvi por fim minha mãe falar:

- Tudo bem querida. Seu pai mandou um beijo para você e outro para a neta. Tenha um bom dia de trabalho.

- Obrigada mãe. Eu amo vocês.

Dito isso, encerrei a chamada. Estava melhor agora que ouvi a voz de minha mãe. Mesmo a distancia, ela tinha o dom de acalmar meu coração, nos momentos mais precisos. Eu só queria me espelhar nela e ter o mesmo efeito em Beatriz, ser o seu porto seguro em todos os momentos de sua vida.

Olhei para a minha pequena bagunça e já com certo cansaço a arrumei, deixando a casa em ordem antes que saísse. Caminhei até o quarto de Bia e a admirei por uns segundos sua calmaria. Dava-me medo de mexer em seu frágil corpo, e que ela acordasse. Teria um grande trabalho de deixa-la assim com outra se estivesse chorando. Então com a maior calma do mundo eu a arrumei.

Beatriz já estava pronta quando abriu seus olhinhos e me encarou com um sorriso banguela.

- Hey, amor vamos para a casa de titia?

Falei com a voz mais melodiosa existente no planeta. Beatriz mexia os bracinhos implorando que eu a pegasse. Quando por fim a levei em meu colo, peguei sua bolsa. E reuni o resto das minhas coisas, e saí do apartamento fechando a porta. E segui para o elevador.

Um ano antes achava impossível carregar uma bebê, pastas do trabalho, bolsa com os itens da minha neném. E ainda a segurar no colo com a maior naturalidade. Quando eu pensava nisso eu chorava com desespero com medo de não dar conta do recado, e agora contenho um imenso sorriso em meu rosto. Se todos os dias fossem calmos assim, eu voltaria ao trabalho com o pé direito.

Cheia de objetos em minhas mãos aos tropeços, saí do elevador e caminhei até meu carro. Já abrindo a porta malas e deixando ali o que carregava do trabalho. Com Beatriz no colo, dei a volta e abri a porta, e a coloquei em sua cadeirinha. Já estava virando mestre em me virar sozinha.

O trajeto até a casa de Mariana foi rápido, apenas cinco minutos. Olhei para o relógio, era apenas sete e meia, ainda tinha meia hora para me apresentar na empresa. Respirei aliviada, pois a pontualidade sempre foi o meu forte. Segui direto para seu apartamento, com a passagem já liberada pelo porteiro. Um toque na campainha bastou para ver o vislumbre de cabelos volumosos e um imenso sorriso, de uma morena excepcional mãe de dois filhos a minha frente.

- Oi! Bem na hora...

- Nem me fale. Morri de medo de me atrasar.

Falei já passando pela porta e vendo minha filha esticar os bracinhos para sua babá. Beatriz gostava tanto de Mariana que no segundo dia que a deixei aqui, fiquei enciumada. Mas já havia passado.

Talvez nem tanto assim.

- Imagino que tenha acordado cedo. - Falou ela encostando-se à bancada. - Café?

- Não obrigada. - Olhei ao redor e vi Pedro entretido em um desenho, sentado no sofá. Não era apenas eu que acordava cedo por causa de uma criança. - Acordei o horário de sempre. Beatriz nunca me deixa passar das seis.

Nós duas acabamos rindo disso, pois minha amiga conhecia muito bem essa minha rotina. Que ela mesma enfrentou, e ainda enfrenta todos os dias.

- Tenho que ir já. - Dei um beijo em minha filha e a entreguei para a Mari. - Tchau meu amor.

Ás mãozinhas de Beatriz passaram pelo meu rosto, e ela sorriu para mim. Seus olhos brilharam quando dei mais um beijo em seu rostinho pequeno. E me despedi de minha amiga, pedindo que ela me ligasse em qualquer circunstância.

Eu conheci Mariana através da minha melhor amiga da faculdade. Talvez se não fosse por Ana eu não teria dado conta de ser mãe. As duas irmãs me deram um suporte inigualável em toda a minha gravidez. Ensinaram-me tudo o que é preciso para a maternidade.

Mariana tinha dois filhos, um de dois anos e outro de sete. Era nova com apenas trinta e dois anos, e casada. Como ela trabalhava de casa, se ofereceu prontamente de ficar com Bia para mim, e não tinha como eu recusar. Afinal teria que procurar alguém para ficar com minha filha, e sua proposta caiu em uma excelente hora. Mesmo ela não querendo cobrar nada por isso, eu a convenci do contrario. O que era justo.

Avistei a fachada da empresa, e uma sensação de medo percorreu a meu corpo, em uma espécie de suor gelado. Mesmo que fosse o mesmo trabalho, e a mesma função, ás coisas seriam um pouco diferentes, afinal agora eu trabalharia ao lado de outra pessoa. E eu não sabia como o meu novo chefe se portaria ao lado de sua nova assessora. Tudo era novidade novamente.

Desliguei o carro, e reuni meu material de trabalho. Os seguranças do saguão de entrada com a recepcionista me receberam com um sorriso largo. Embora eu visitasse meu serviço com frequência, eu não havia de fato voltado a trabalhar presencialmente. E agora estava aqui novamente, sendo recebida por todos com um imenso carinho. Entrei no elevador, e apertei o botão para subir para o ultimo andar. Quando as portas se abriram avistei Victoria sobre seu balcão, vendo algo em seu computador. Seus olhos brilharam ao me ver novamente.

- Você voltou! - disse ela correndo ao meu encontro. - Nem acredito que esse dia chegou!

- Nem me fale, não sei como você se virou sem mim. - disse brincando. Ela sorriu em concordância.

- É uma pena que não vamos mais trabalhar juntas. - Victoria parecia até melancólica. Sabia que ela não gostava de sua colega, mas não sabia até que ponto elas não se acertavam. - Já conheceu seu chefe novo?

- Ainda não. Por quê? Ele já está aqui?

Perguntei alarmada, nem tinha arrumado as coisas da minha nova mesa, que ficava na antessala, que dava para o escritório de Fernando. E haviam me falado que ele só chegaria depois das nove horas.

Corri meus olhos para o corredor a direita, já pensando em correr até lá. Era muita falta de profissionalismo de minha parte. Isso passaria uma péssima impressão da minha e...

Senti um par de mãos me chacoalharem de leve. Minha vista entrou novamente em foco e observei Victoria rindo.

- Hey, ele ainda não chegou. Se acalme, por favor, não precisa ficar preocupada.

- Quem está preocupada?

Uma voz grave veio do corredor que eu estava olhando momentos antes. Victoria e eu demos um pulo, com o susto que nos pegou desprevenida. Olhei na direção em que tinha tomado minha atenção há momentos antes, e olhei para o homem ali encostado. Seus olhos brilharam ao me olhar, e eu sorri para ele.

- Estava escutando nossa conversa Daniel? - De soslaio olhei para minha colega de trabalho, que estava um pouco corada e sem graça. Ela deu a volta e se sentou em seu lugar. Mas ainda nos encarava, dava para notar. - Sabe que isso é feio e antiético da sua parte.

- Feio e antiético é vocês de fofoca no corredor. - ironizou ele.

- Não estávamos de fofoca! - Defendeu-se Victoria, com um sorriso sarcástico no rosto.

- Eu ouvi. - Seus olhos se voltaram para mim e eu desviei os meus.

Com um aceno rápido de cabeça ele me chamou para acompanha-lo.

Daniel era o filho mais velho de Anthony o dono da construtora, era quem mais seguia os passos do pai. E quem me arrumou o emprego aqui. Havíamos nos conhecido logo quando me mudei para Curitiba, e logo que entrei para a UFPR nós acabamos tendo um certo envolvimento, que foi interrompido assim que conheci Guilherme. Não foi nada sério o tempo em que passamos juntos, eu o via mais como um amigo, do que qualquer outra coisa. E ele entendeu, pois afirmou que também nutria sentimentos assim por mim. Que eu era como sua irmã mais nova.

Sei que por mais que tivesse sido estranho pensar que um dia dormi com ele. No final pensar que ele não tinha se apaixonado por mim me deixou aliviada. Até mesmo grata. assim mantivemos um laço ainda mais forte de amizade. Daniel era um dos poucos amigos que sabia quem era o pai da Beatriz, e o quanto o nome Guilherme Duarte era impactante na sociedade brasileira. Eu sabia bem disso, pois sofri as consequências jamais imagináveis.

Caminhei lado a lado do meu amigo, até avistar uma porta aberta, que eu já conhecia muito bem como meu novo local de trabalho.

Entrei logo após ele, e observei os mimos sobre a minha nova mesa. Doces, balões e até mesmo um bolo. Ali também tinha alguns cartões e até um porta retrato com a minha equipe antiga.

- Eu não acredito no que meus olhos estão vendo. - falei já sentindo as lagrimas surgirem, a emoção já tomava conta do meu peito. - Você que fez tudo isso?

Virei-me para o homem ao meu lado que era incrivelmente alto, seus olhos azuis me encararam com certa intensidade que decidi ignorar. Ele parecia querer dizer algo, mas se conteve. Daniel apenas negou com a cabeça e apontou para as coisas.

- Não. Eu ajudei com os mimos é claro, mas foram seus colegas de serviço. Todo mundo do prédio estava morrendo de saudade de você.

- Fico feliz em saber. - confessei ainda sentimental.

Caminhei até a mesa e olhei tudo de perto, soltei minhas coisas e guardei a minha bolsa, encarei meu computador já ligado, observei cada mínimo detalhe ao meu redor. Eu amava demais o local em que trabalhava, uma grande parte de mim ficava triste em deixar minha filha, mas uma pequena parte ficou exultante em estar a ativa novamente.

- Como está a Bia? - tornei a encarar Daniel. Ele tinha um carinho muito grande pela minha filha, não era a toa que ele era seu padrinho.

- Bem! Está adorando ficar com a babá, sinto que já a perdi para Mariana.

Levei as mãos até meu rosto para salientar e demonstrar meu drama e ciúme materno. Queria minha filha só para mim, porém, isso era muito difícil. E era bom ver o quanto as pessoas a amavam.

- Acho meio difícil, já que ela é tão apegada a você. - Daniel olhou para o relógio e soltou o ar irritado. Sinal que ele tinha uma reunião não desejada nesse momento. - Preciso ir. - confessou, e caminhou em rumo à porta. Mas antes de sair ele se virou em minha direção. - É bom ter você na empresa novamente, você trás mais alegria a esse ambiente.

E então ele saiu. Eu também estava feliz em estar de volta, era uma das coisas que mais senti falta nesses seis meses. Ver as pessoas que enriqueciam os meus dias e me traziam sorrisos sinceros. Era maravilhoso estar aqui novamente.

Girei em minha cadeira, não acreditando o que faria a seguir. Meu trabalho era mais árduo cuidando dos assuntos da empresa, contudo, agora eu estaria cuidando dos próprios passos de um dos empresários de maior sucesso dos últimos anos. E isso não era qualquer coisa, ter um emprego desses, na minha idade, era um sonho para todos os jovens que almejavam fazer suas carreiras aos vinte e cinco anos.

Com todo amor e carinho arrumei todas aquelas coisas, ajeitei com toda a determinação a antessala, e a sala do meu chefe. Tudo da maneira mais minuciosa possível. Sempre fui muito detalhista em tudo o que fazia essa era uma das minhas principais qualidades, por isso é que sempre me destacava em todos os meus empregos.

Estava dando uma revisada para o cronograma da semana, quando ouvi o barulho distante do elevador abrindo. Olhei para o relógio, ainda faltavam dez minutos para ás nove, quando ouvi passos pelo corredor, dirigi minha atenção para a porta, para poder recepcionar meu novo chefe. Entretanto nem para isso tive tempo, pois a chefe do RH Camilla e mais outros dois executivos, estavam entrando com Fernando no ambiente.

Sabia que beleza era hereditária dos Murbeck, só que não estava preparada para ver o homem a minha frente. Ele era alto como seu irmão mais velho, e seu pai. Seus ombros largos, o corpo ficava bem marcado em seu paletó azul que se ajustava ao seu redor. E seu rosto era tão belo quanto qualquer um da família. Sei que fiquei sem ar, o que não era nada profissional da minha parte. O bom é que ele estava virado pra Camilla, então não tinha reparado em minha reação. Ela mesma estava corada.

Fiquei em pé, e saí do interior de minha mesa. Os olhos de Fernando se voltaram para mim, me avaliando com toda a indiferença do mundo. Depois retirando sua mão do bolso, com certa reprovação olhou para a mulher ao seu lado.

- Quem é essa? - Sua voz era ainda mais grave e firme do que a do seu irmão.

Camilla correu os olhos em minha direção já um pouco nervosa. Eu já não estava gostando muito do meu novo chefe.

Ela abriu a boca para falar com certa hesitação:

- Sua nova secretaria...

Fernando se virou para mim novamente, seus olhos me encararam de cima a baixo me deixando um pouco constrangida. Ele se demorou em meu rosto, e eu nunca me senti tão exposta em toda a minha vida, me senti muito mal com toda essa avaliação. Queria conseguir falar algo, mas as palavras sumiram da minha cabeça.

Eu nem tive tempo para falar qualquer coisa. Quando com toda a sua arrogância ele se virou para sua sala e saiu caminhando, soltando uma única pergunta no ar. Alta o suficiente para que eu ouvisse:

- Ela foi a melhor candidata que conseguiram?

E com isso ele sumiu do meu campo de visão, os outros ficaram em silêncio, e entraram atrás de Fernando em sua sala, porém, não antes de me olharem com certo pesar.

Senti meu rosto esquentar instantaneamente, e meu sangue fervilhar em meu corpo com toda a raiva que senti nesse momento, quem ele pensava que era? O rei da Inglaterra?

Eu mal o tinha visto e o detestava com todas as forças. Isso que respirei o mesmo ar que ele por apenas três segundos. Fernando nem me deu tempo para me apresentar, ou falar qualquer coisa, fez com me sentisse humilhada, e questionasse meu próprio trabalho. E ninguém me questionava profissionalmente porque eu era muito boa no que fazia, e ia mostrar a ele. Fazer ele se arrepender.

Não adiantava ter um rosto bonito, se a sua personalidade era abominável.

Procurei o meu currículo e todo o histórico do meu trabalho aqui. E aguardei até que todos saíssem de sua sala um por um, até ele ficar sozinho.

Eu mostraria a Fernando a minha competência, e o faria pagar com a sua própria língua.

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