Na minha cabeça toca uma melodia apocalíptica, no rosto dos meus pais se forma uma expressão apocalíptica, e meu apartamento se transformou no próprio inferno. As coisas a partir daqui perdem o rumo. Loren se vira para ver Leonel e Clara; o primeiro que me ocorre é me agarrar às suas costas e me esconder atrás dele.— ¡SARA BROWN! — meu pai grita.— ¡NÃO ESTÁ! — respondo, agarrada tão forte a Loren que meus braços doem.— ¿¡O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ESSE GAROTO!? — meu pai grita.Como só vejo as costas de Loren, vejo sua cabeça girar de um lado para o outro para ver a bagunça de nossas roupas, incluindo até nossa roupa íntima. Então, Lorenzo diz algo terrível.— ¿Isso não é evidente, sogro? — ele menciona.Loren queria ver o mundo queimar, e, consequentemente, meu pai não iria decepcioná-lo. Ele quer se lançar sobre nós, mas minha mãe intervém, segurando-o com força para evitar uma desgraça; eu ainda estou abraçando Loren e escondendo meu corpo com o corpo dele, só que com a cabeça i
— ¿Esquece você que tem um casamento marcado com Emma Bianchi? Eu não esqueço — repreende Leonel.— As mudanças de data devem ter lhe dado uma pista, esse casamento não vai acontecer — afirma ele.— Se não vai acontecer, porque ainda está de pé. Não era mais fácil fazer as coisas em ordem? Não lhe basta os rumores que correm sobre minha filha por sua culpa? Você a transformou em sua amante — acusa Leonel.Loren aqui não pode falar, sente-se bastante envergonhado disso, ficou sem resposta. Tenho que intervir.— Pai… você realmente vai cair na mesma coisa que as pessoas fofoqueiras? Já te disse, aquele casamento com Emma era um acordo entre os pais deles, eles não chegaram a ter um relacionamento real — explico.— Em nenhum momento a tivemos, nem qualquer tipo de contato íntimo ou emocional. Era um acordo comercial a 100% — acrescenta Lorenzo com grande insistência, como para se libertar de sua culpa.Diante disso, minha mãe contém o sorriso, diante desse assunto tão sério. Ela até tem q
Narrado por Emma BianchiAcordo com uma sensação de tranquilidade espantosa. Porque posso estar nesta cama pequena e estranha, mas a paz não tem preço, já que, evidentemente, antes nunca pude comprá-la.Meus dias no apartamento de Lorenzo têm sido amenos e tranquilos. Estou apenas me levantando para tomar café da manhã, vou ao banheiro e, enquanto lavo o rosto, vejo que minha pele melhorou em textura. Depois vou para a cozinha, preparar panquecas e selecionar a fruta já picada na geladeira. Decido desta vez tirar um pote com melão e mamão.Ao tê-lo em minhas mãos, sorrio como uma boba pela origem do mesmo. Pego um pedaço de melão para saboreá-lo, está perfeito. Também tiro aveia, ovos e leite, coloco-os na ilha. Verifico a hora no microondas, acho estranho que minha mãe ainda não tenha se levantado.— ¿Mamãe? — grito em direção ao quarto dela — Você dormiu demais?A cozinha fica perto do quarto dela, por isso grito, mas não recebo nenhuma resposta. Não dou atenção, preparo o café da ma
— Contigo… eu quero tudo.Sorrio como uma boba apaixonada, e mais ainda pela minha fruta. Eu precisava estar muito, muito saudável se houvesse crianças no futuro. Jesus me conta mais coisas sobre sua rotina, eu o escuto enquanto preparo o café da manhã. Mas quando termino de fazê-lo, acho estranho que minha mãe não tenha saído do quarto.— Que estranho, minha mãe ainda não acordou…— ¿Você tentou ver se ela saiu do apartamento? — ele sugere.— ¿Para que ela sairia? Fizemos um acordo de que nenhuma de nós deveria sair… Vou verificar.Bato na porta dela, chamo por ela, ela não me responde. Entro, o quarto está vazio, ela não está. Meu celular toca, estou recebendo outra ligação, justamente da minha mãe. Digo a Jesus o que está acontecendo, que já retorno a ligação e atendo minha mãe.— Mãe… por que você saiu sem me avisar? Em que nós combinamos?— Eu gostaria de saber em que vocês combinaram precisamente, Emma.Meu corpo se desfaz imediatamente, não é minha mãe quem ouço, é Mauro. Verifi
— Que mais, além de ficar sozinho durante o debate? Esse era o plano, mostrar que nem sua esposa, nem sua filha o acompanharam desde seus escândalos pelo perigo que ele representa — argumenta Lorenzo.— Preciso ir. Sinto muito, mas preciso fazer isso. O que vocês acham? — proponho.No final, chegamos ao consenso de que Lorenzo me acompanharia junto com sua equipe de segurança, Jesus estaria de olho na oportunidade para tirar minha mãe às escondidas, se necessário, e Sara se ofereceu para irritar Mauro com seu apoio a Isabel.Mas estranhamente Lorenzo a repreendeu, disse que ela parasse de inventar, que não era para isso, e que ficasse com os pais naquela tarde. Aconteceu algo mais estranho, Sara obedeceu, ficou quieta com um bico, e usou a mão para acariciar sua barriga de uma forma… interessante.Era impressão minha ou ela estava com uma barriguinha?……Todo o progresso que eu havia feito nestes dias longe de Mauro e de seus abusos parece estar retrocedendo ao chegar ao auditório do d
Narrado por Emma BianchiOs gritos, a multidão correndo e o pânico geral no auditório desencadearam um inferno neste lugar. Meus olhos não conseguem se separar de Mauro desesperado no chão com o rosto manchado de sangue. Também não consigo evitar ficar parada sem saber o que fazer.— Abaixe-se, não fique em pé — diz Lorenzo, fazendo-me abaixar.Ao fazer isso, percebo que não somos os únicos embaixo, alguns também ficaram esperando que os sons acabassem. Eles acabaram, mas a agitação e o medo não. Não consigo ver bem o quanto de dano fizeram ao meu pai. Os de segurança o esconderam atrás do pódio. Os sons dos tiros pararam.— ¿O que foi isso? — pergunto agitada a Lorenzo.— Seja o que for, não foi fatal — responde ele olhando na direção do palco.Lá vejo que Mauro está se levantando apesar de seus guardas lhe dizerem para não se levantar. Também vejo como minha mãe corre ao ver Mauro no palco. Minha expressão é confusa, pesada e dolorosa. Ela se aproxima dele extremamente preocupada par
— Sim, sim, confirmaremos na delegacia — continua o policial.Como se querem levá-lo, coloco-me no caminho, pedem-me algumas vezes que me afaste, não o faço. Justo quando acho que me tirarão do meio, sua voz me inquieta. A de Mauro.— ¿O que está acontecendo aqui? — ele pergunta, soando como um mártir recém-ressuscitado.O policial resume que tiveram que atirar nas costas do atirador, e que estão acusando Jesus de ser seu cúmplice. Olho impotente para Jesus, não sabia o que ele estava fazendo aqui em cima, quando deveria estar em outra posição, tento fazer contato visual com ele, é inútil, ele não quer me ver.— ¿Você o conhece? Sabe por que ele tentaria contra você?— Infelizmente, sim, conheço. Ele ameaçou minha vida várias vezes, e a de minha filha, por uma obsessão doentia por ela — argumenta Mauro.Jesus levanta o rosto para ele, não consegue conter sua fúria desta vez, e tenta ir para cima dele. Não pode porque está sendo segurado agora entre dois.— Levem-no, antes que seja tard
Se eu tivesse o superpoder de andar pelas paredes, acreditem, eu estaria fazendo isso. Como não fazer? Se Lorenzo foi parar naquele debate político, e Jesus, e Emma. Sei que apoiei o plano, mas o apoiava comigo lá dentro, não isolada na casa dos meus pais esperando notícias e a televisão.Atualmente estão passando as fichas dos candidatos ao governo, já que isso seria televisionado. Enquanto faziam um intervalo disso, faziam também, tomadas do auditório com o público se acomodando para isso. Vejo isso na televisão da sala, já sem unhas e ouvindo minha mãe descer as escadas.— Olha tudo o que eu encontrei, querida — ela exclama.Não paro de olhar a televisão, concentro-me nela. Já estão atrasados.— ¿O que você encontrou? — pergunto ainda focada.— Se você se virasse, perceberia o que sua mãe quer te mostrar.Tenho que me virar a pedido dela, para me surpreender e estranhar em partes iguais. Clara desceu várias caixas velhas e está sentada no sofá abrindo-as. Então, tira de uma delas, u