— Fale — Mauro move a mão, dão-lhe um copo com uísque.— Seria de péssimo gosto celebrar um casamento tão pouco tempo depois da morte do pai do noivo. Estive discutindo isso com os organizadores e eles concordam que seria prudente voltar à data original de...Minha mãe não consegue terminar de falar. Mauro atira contra a parede atrás de nós o copo de vidro do qual estava bebendo. O barulho que faz e a proximidade com que passa ao nosso lado faz com que soltemos uma exclamação de pavor. Não só nós, os empregados por perto vão se retirando discretamente.Era o que foram instruídos a fazer quando meu pai ficava assim.— Estou pouco me lixando para o péssimo gosto! Esse casamento deve acontecer na data estipulada! — exclama furioso.Ele está caminhando em direção à minha mãe de maneira ameaçadora. Ela continua tremendo, embora não recue. Tenho que intervir.— Mas pai... — gaguejo — Se Lorenzo não quiser se casar comigo nessa data, que culpa temos nós? O pai dele acabou de morrer... não é l
O vaso se quebra, corto meu braço e minha mãe vem correndo até mim, assim como os empregados que saem de seus esconderijos para nos ajudar. Mauro foi embora pelas escadas sem olhar uma única vez para trás.……Como o corte no meu braço precisou de uma atenção especial em casa, não pude chegar com Mauro ao funeral dos Lewis. Cheguei mais tarde com minha mãe, e este lugar está lotado de pessoas. Vejo até um diretor muito famoso e o governador de outro estado. Eu que ingenuamente pensava que Mauro tinha fortuna familiar, percebo que existem até níveis entre os ricos.Não tinha pensado nisso, nunca passei por necessidade econômica, e é estranho que Mauro esteja preocupado com dinheiro. Vendo esta imponente mansão, considero que esta família nunca estará preocupada com isso.Minha mãe ficou comigo nos primeiros minutos, depois fomos nos separando entre as pessoas. Pediu-me que procurasse Lorenzo, eu menti dizendo que o procuraria. Não o procurei ativamente, apenas esperei vê-lo por ali. Niss
Narrado por Emma BianchiEstou com o coração na boca desde que entrei neste carro com Jesus. Estar com ele era um desafio absoluto a Mauro, e eu só esperava que isso não desse errado. Não apenas tinha me esgueirado escondida do funeral do sócio dele, como também não tinha conseguido cumprimentar meu noivo. Meu consolo é que Jesus foi cuidadoso com nossa saída.Ele descobriu como tirar o carro do estacionamento de modo que eu pudesse entrar sem ser vista. Parou na beira da estrada e pôde vir me buscar entre os arbustos. Também tenho olhado para trás constantemente e ninguém parece estar nos seguindo, além disso desliguei meu celular, e vi que ele desligou o dele.Depois de dirigir alguns minutos, ele fez uma parada em uma farmácia, comprou algumas coisas para meu braço e nossa próxima parada não ajuda no ritmo do meu coração. É um... motel afastado de tudo. Aperto nervosamente a borda do meu vestido.— Desculpe por este ser o lugar para onde te trago, mas... é o único em que consigo pen
Deixo de me importar com os medos que tinha em relação a ele e seus sentimentos por outras mulheres. Se cheguei até este ponto, que assim seja, arriscar minha vida por um beijo. Eu o faço, me inclino para ele e uno nossos lábios.Movo meus lábios para que os de Jesus reajam, após alguns segundos eles o fazem. Ele me envolve com sua suavidade e firmeza. Me puxa mais para perto dele, e temo que os anos não fizeram murchar este amor. Se sente como a primeira vez e, ao mesmo tempo, como um belo costume.— Emma... — ele tenta afastar seu rosto do meu, mas não deixo, continuo beijando-o.— Só encontro consolo em seus lábios... não os negue a mim...Apesar do meu pedido, ele consegue virar um pouco o rosto.— Se os rumores forem verdadeiros, não faça isso com você mesma... — pede culpado.— Quais rumores? Tantos já disseram sobre mim que é complicado decifrar o que é real e o que não é...— Dizem... que... você está esperando um filho desse homem, seu noivo — questiona ele completamente devas
Estou em uma nuvem de conforto da qual não quero sair, mas meu corpo dá um pulo involuntário de susto que me obriga a acabar de despertar. Ao abrir os olhos, percebo que meu apartamento está mergulhado nas sombras da noite. Tudo está apagado e escuro, eu havia ficado completamente adormecida.Confirmo que Loren ainda está no meu colo, ele ficou ainda mais nocauteado do que eu. Está descansando como se fosse um bebê, por isso não quero imaginar o quão cansado ele devia estar. Nem sei que horas são, pisco muito para poder focar minha visão, então estendo meu braço para tatear e pegar meu celular que havia deixado por ali.Pego-o e me surpreendo com a hora que indica, já passa das 12:00 AM. Também verifico que tenho muitas mensagens não lidas desde cedo, muitas, incluindo uma de Jesus. Ele tinha me escrito há cerca de uma hora, pedindo desculpas, mas surgiu uma emergência, que amanhã me devolveria o carro.Ergo minha sobrancelha e sorrio porque já imaginava qual era a "emergência", deixo
— Você não precisa se desculpar por nada, Sara. Também não é como se eu tivesse sofrido ao seu lado todo esse tempo, e mesmo assim não confessei por medo que você se afastasse de mim... o problema foi meu. Não seu, nunca foi... Mas paguei com você me afastando, inventando todas essas desculpas para não te ter por perto.Meu coração mal me deixa continuar ouvindo outra coisa que não seja ele. Com uma verdade em meus lábios.— Se você sabe... por que continua inventando-as? — digo, ele se surpreende muito — Estou aqui, Loren. Posso estar aqui a vida toda se você parar com isso.— Sara... eu... — ele menciona em um grande conflito.Coloco minha mão perto de sua boca e fecho meus olhos, me acomodando melhor para dormir.— Só pense nisso. Só pense nisso.Com isso, caio rendida ao sono mais rápido do que esperava. Lorenzo era quem devia tomar uma decisão, eu já havia tomado a minha......Volto a acordar no meu sofá, mas desta vez estou sozinha e com a luz do sol iluminando meu apartamento.
Odeio vomitar, é uma das coisas mais desagradáveis do mundo, mas aqui estou eu vomitando líquido transparente com sabor amargo. Loren está comigo há um tempo ao lado do vaso sanitário, segurando meu cabelo e dando tapinhas nas costas. Me sinto horrível.Embora com os últimos movimentos meu nível de mal-estar melhore um décimo. Apenas um décimo.— Quero morrer. Me sinto muito mal... — reclamo levantando a cabeça.— Por que você está vomitando? Levantou na madrugada para comer alguma coisa? — questiona Lorenzo.Ele pega papel higiênico, enrola e começa a limpar minha boca. Deve ser a situação mais romântica em que estivemos.— Nãoo, mas foi aquele bacon. Cheirava e parecia ruim. Estava estragado... — explico com o estômago revirado.— Estragado? Mas eu o provei, não estava estragado...Eu não deveria imaginar comendo-o, mas é o que imagino, aquela coisa gordurosa e terrível. Volto a querer vomitar, são apenas ânsia desta vez.— Algum membro da sua família ou amigo está doente? Poderiam t
Loren está olhando para o teste com uma expressão que não consigo decifrar. É como de incredulidade. Sinto como se estivesse caindo de uma montanha-russa quando ele vira o teste. Na telinha pode-se ler..."Grávida 3+"Minhas mãos vão novamente à minha cabeça e meus olhos se enchem de lágrimas. Me agacho no chão para chorar.— Meu bebezinho já vai para o jardim de infância... e eu nem sabia — gemo em um ataque de histeria impressionante.Ouço as risadas de Loren, ele tenta contê-las, mas continuam. Está rindo e chorando ao mesmo tempo, e quem sabe, também me dá muita risada. Começo a rir. Ele se agacha ao meu nível, seca meu rosto com sua mão com muita doçura.— Você é maluca... já te disse isso? — ele menciona.— Também estou psicologicamente grávida. Tudo é um sonho, depois... depois acordaremos numa cama sem pernas talvez ou numa simulação — dou uma teoria insana.— Essas possibilidades são melhores do que estar grávida de... um filho meu? — ele pergunta fazendo uma brincadeira que n