36. Floresta
Elena Evans.
A água quente escorria sobre minha pele como um abraço silencioso, mas nem mesmo o calor era capaz de afastar o frio que parecia morar em mim agora. Fechei os olhos e inclinei a testa contra a parede de azulejos brancos, sentindo o vapor subir ao meu redor, enevoando o pequeno espaço. Era como se a realidade inteira estivesse embaçada, tão confusa e fugidia quanto as gotas que escorriam pelo vidro do box.
Calma. Respira.
Desliguei a água com um movimento lento, o som do chuveiro cessando e deixando apenas o zumbido de pensamentos que eu não conseguia organizar.
Minha cabeça estava cheia demais.
Estiquei a mão para pegar a toalha felpuda, seu toque macio contrastando com a aspereza do turbilhão que fervilhava dentro de mim. Enrolei-a ao redor do corpo e encarei meu reflexo no espelho embaçado. A imagem distorcida quase me fez hesitar antes de passar a palma da mão para limpá-lo, revelando os olhos cansados que mal reconheci.
"Senhorita."
Virei-me sobressaltada ao som de um