Os jornalistas continuaram bombardeando Teresa com perguntas, uma atrás da outra. O rosto dela mudou de expressão em segundos, e, em seguida, ela se inclinou para trás, desmaiando. O local virou um caos. Gritos ecoaram por todos os lados: — Chamem uma ambulância! — Desliguem a transmissão! Clarice apertou os lábios com força, e uma expressão de escárnio passou rapidamente por seus olhos. As artimanhas de Teresa continuavam sendo tão óbvias quanto antes. Sem pensar muito, Clarice apertou o botão do controle remoto com força, e a tela da TV escureceu de repente, deixando a sala mergulhada em silêncio. Mesmo assim, Clarice continuou com os olhos fixos na televisão apagada, como se ainda pudesse enxergar as imagens que tinham acabado de desaparecer. Sua mente estava cheia de pensamentos confusos, e uma mistura de emoções brotava em seu peito. Teresa havia acabado de encenar, diante das câmeras, o papel de protagonista em um romance doce ao lado de Sterling. Sua atuação era im
— Você vai saber quando chegar lá! Mas tenho certeza de que vai gostar! — Asher disse com uma confiança inabalável. Ele conhecia bem Clarice. Sabia o que ela gostava e o que ela não suportava. — Então… — Clarice começou a responder, mas foi interrompida pelo toque do celular. Ela olhou para o nome piscando na tela e suspirou levemente antes de dizer. — Asher, posso atender essa ligação primeiro? Depois eu te dou a resposta, tudo bem? Apesar de já estar divorciada de Sterling, Clarice sabia que as chamadas de Túlio precisavam ser atendidas. Nunca se sabia se era algo importante. — Claro, atenda. Eu espero! — Asher respondeu com a mesma calma de sempre, mantendo o tom gentil e educado que parecia ser sua marca registrada. Clarice deslizou os dedos pelo celular e rapidamente atendeu a ligação. — Clarice, hoje à noite você precisa vir jantar em casa. Eu mesmo fui ao mercado comprar os ingredientes. — A voz de Túlio soou firme, quase autoritária, mas havia nela uma nota sutil de
O clima ficou instantaneamente tenso e carregado de uma sutileza desconfortável. Sterling ergueu uma sobrancelha, o sorriso em seus lábios se alargando, carregado de provocação. Ele se inclinou ligeiramente para perto de Clarice, diminuindo ainda mais a distância entre eles, e murmurou: — Demorou só algumas horas para mudar de ideia? Veio atrás de mim tão rápido assim? Já pensou que isso pode parecer falta de princípios? Se isso se espalhar, quem vai querer te contratar como advogada? Enquanto falava, o olhar dele era afiado como uma lâmina, penetrando diretamente no coração de Clarice, como se quisesse expor todas as suas fraquezas. Clarice apertou os punhos com força. Suas unhas quase perfuraram a palma das mãos, mas seu rosto permaneceu inabalável, mantido em uma frieza quase sufocante. Ela inclinou levemente o corpo, afastando-se de Sterling e evitando o contato próximo. Com uma voz clara e decidida, respondeu: — Sr. Sterling, o senhor está enganado. Eu não tenho qualquer
O olhar cheio de raiva de Clarice parecia divertir Sterling. Ele sorriu de canto, um sorriso que trazia uma mistura de provocação e charme premeditado. Enquanto isso, seu dedo desenhava círculos preguiçosos na perna dela, e sua voz, rouca e carregada de malícia, ecoou: — Por que está me olhando assim, Clarice? Acha que eu sou bonito? Era uma provocação descarada, típica de alguém sem vergonha. Clarice, furiosa, cerrou os punhos com força e, sem pensar duas vezes, agarrou a mão dele e deu um beliscão firme, deixando suas unhas afundarem na pele. "Já somos ex-marido e ex-mulher, e ele ainda tem coragem de me provocar desse jeito? Como eu nunca percebi antes que esse homem era tão sem noção?", Clarice pensou, os olhos faiscando de irritação. Sterling estreitou os olhos ao sentir a dor. A força que Clarice colocou na mão era suficiente para deixar marcas, e ele não pôde evitar uma careta. — Você belisca forte, hein! — Ele murmurou, mas, mesmo com a dor, não retirou a mão da perna
— Você já deu 1% das ações do Grupo Davis para ela, então qual é o problema dela cuidar de você por um tempo? — Sterling rebateu, com a maior cara de razão. Para ele, dinheiro era a solução para tudo. Se Clarice tinha recebido uma compensação generosa, nada mais justo do que ela retribuir de alguma forma! — Eu dei as ações para ela sem esperar nada em troca! — Túlio respondeu, com a paciência já no limite. Ele sentiu uma vontade absurda de dar um tapa no neto. Na verdade, achava que da última vez tinha pegado leve demais. Talvez um tapa mais forte fosse necessário para ensinar Sterling a ter respeito. Clarice olhou para Sterling e deu um leve sorriso. — Nós já estamos divorciados. Agora você pode casar com quem quiser e trazer sua nova esposa para cuidar do seu avô. Antes, só de pensar na possibilidade de um divórcio, Clarice sentia que o mundo ia desabar. Mas agora, depois de tudo, ela descobriu que era possível se sentir aliviada. Não havia tristeza, só paz. E, para sua pró
Ao ouvir a voz de Túlio, Clarice congelou por um instante. Em seguida, entendeu o que ele queria dizer e imediatamente abaixou a cabeça para olhar embaixo da mesa. O pé de Túlio estava preso sob o dela. Naquele momento, ela percebeu que, tomada pela raiva, havia pisado sem pensar, sem sequer prestar atenção na direção. — Desculpa, vovô… — Clarice disse rapidamente, com as bochechas coradas, tentando se justificar. — A culpa é sua! — Túlio rebateu, bufando. Ele entendeu muito bem o que havia acontecido. Afinal, ele também já fora jovem. Mas, por não querer incentivar a reaproximação entre os dois, decidiu descontar a irritação em Sterling. — Isso é tudo culpa sua! — Vovô, você está sendo injusto! — Sterling protestou, claramente incomodado. Ele sabia que, no passado, Túlio sempre tentava unir os dois, mas naquela noite parecia que o avô estava contra ele. — Comam logo! — Túlio ordenou, lançando um olhar exasperado para os dois antes de soltar um suspiro cansado. Mesmo as
Enquanto Teresa experimentava e descartava uma peça de roupa após a outra, o tempo passava sem que ela percebesse. Mas, em seu coração, havia uma sensação de plenitude que ela jamais havia sentido antes. Naquele momento, tudo o que ela queria era encontrar Sterling o mais rápido possível. No escritório, a luz amarelada do abajur projetava sombras irregulares sobre os móveis antigos, impregnando o ambiente com um ar de história e mistério. O cheiro de madeira envelhecida pairava no ar, denso e carregado de memórias. Clarice estava parada diante da ampla mesa de madeira maciça, com as mãos entrelaçadas de forma nervosa. Seus olhos, cheios de incerteza e tensão, buscavam respostas nas paredes silenciosas. Túlio se levantou lentamente de sua cadeira. Ele caminhou até um armário de madeira escura, cujo aspecto antigo sugeria que ele havia visto mais décadas do que qualquer um naquela casa. Com cuidado, ele abriu a porta e retirou de lá uma pequena caixa delicada. A superfície da ca
— Clarice, eu sei que isso não é justo com você, mas... — Túlio fez uma pausa, e seus olhos começaram a marejar. — Eu já estou velho, minha saúde não é boa. Talvez um dia eu durma e não acorde mais. Clarice sentiu um aperto no peito ao ouvir aquelas palavras. Instintivamente, apertou a pequena caixa em suas mãos. — Vovô, não fale assim! Você vai viver muitos e muitos anos! Túlio sorriu de forma suave, como quem já havia aceitado as voltas da vida. — Já vivi muito, Clarice. Já não tenho medo da morte. Se eu partir, não quero que você fique triste. Apenas viva a sua vida da melhor forma. Ele sabia que devia muito a Clarice, que, em sua tentativa de protegê-la, acabava pedindo demais. Agora, tudo o que ele queria era que ela tivesse alguém para amá-la e cuidar dela. Clarice olhou para o sorriso tranquilo de Túlio e sentiu uma inquietação no coração. Por um momento, teve a impressão de que ele estava se despedindo. — Vovô... — Ela começou a falar, mas foi interrompida pelo to