Ao pensar nisso, Teresa não teve outra escolha a não ser sair da cama para pegar o celular do chão. Por sorte, o aparelho não havia quebrado e ainda funcionava. Depois de hesitar por alguns segundos, ela digitou o número de Callum. Callum atendeu praticamente no primeiro toque. — Teresa, a essa hora? Aconteceu alguma coisa? — A voz dele carregava uma leve preocupação. — Eu só não consigo dormir e queria conversar um pouco. Você está ocupado? — Teresa suavizou a voz de propósito, quase como um sussurro. — O que poderia me impedir de falar com você? — Callum respondeu com um tom quase de reprovação. — Teresa, por que você ainda fala comigo como se fôssemos estranhos? — Eu lembro que você comentou que sua mãe estava tentando arranjar um casamento para você. Achei que vocês já estivessem morando juntos. Não queria atrapalhar. — A voz de Teresa carregava um tom de brincadeira, mas, por dentro, ela fervia de raiva. Ela amava um homem que nunca foi dela, enquanto outro a amava,
— Eu sei que o Sterling não está aí com você, porque ele acabou de vir me procurar. Neste exato momento, ele está no banho! — A voz de Teresa carregava um tom de provocação e, mesmo pelo celular, era possível sentir a satisfação que ela exalava. Clarice arqueou as sobrancelhas, um sorriso frio surgindo em seus lábios. — Sterling acabou de voltar para casa. Como é que ele pode estar aí com você? Teresa, admita logo: o homem que ele ama sou eu, não você! Era apenas um jogo de palavras provocadoras, e Clarice sabia que Teresa não resistiria. Quanto ao paradeiro de Sterling, ela realmente não se importava mais. O rosto de Teresa ficou sombrio de raiva. Suas unhas cravaram na palma da mão com tanta força que quase machucaram a pele. Não era amanhã que Sterling e Clarice deveriam se divorciar? Como poderiam ainda estar na mesma casa? Será que Callum havia mentido para ela? Será que eles nunca chegaram a discutir o divórcio de verdade? — Se ele não me ama, por que ele trocou todas
— Meu amor, você já saiu do banho? Tudo bem, eu já vou! — Clarice disse repentinamente, antes de desligar o telefone na cara de Teresa. Teresa ficou segurando o celular, tremendo de raiva. Clarice, aquela desgraçada, estava tentando seduzir Sterling de novo! Não, isso ela não podia permitir. Pensando nisso, Teresa imediatamente discou o número de Sterling. O celular dele tocou por um longo tempo, mas ninguém atendeu. Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Será que eles já estavam na cama juntos? Não! Ela não podia deixar Clarice ficar com ele de jeito nenhum. Desesperada, Teresa apertou o botão de rediscagem. Quando estava prestes a desistir, finalmente ouviu a voz grave e hipnotizante de Sterling do outro lado da linha: — O que foi? A voz dele possuía uma intensidade que fazia Teresa perder o foco por alguns segundos. Ela imaginou como seria ouvir Sterling sussurrando o nome dela com aquele mesmo tom sedutor enquanto estavam na cama. Se isso acontecesse, ela morrer
— Ótimo! Vou trocar de roupa agora mesmo! — Teresa respondeu, animada, com um brilho nos olhos. Sterling estava indo encontrá-la. Isso significava que Clarice não teria chance de seduzi-lo! Teresa quase podia imaginar o rosto de Clarice transtornado de raiva e não conseguiu evitar um sorriso de satisfação. Depois de encerrar a ligação, Sterling começou a arrumar os documentos espalhados na mesa. Só depois de organizar tudo, ele se levantou e saiu do escritório. Quando chegou à porta, Isaac entrou apressado com uma sacola nas mãos. — Sr. Sterling, eu trouxe a comida que o senhor pediu. Está quente, melhor comer agora! Isaac tinha recebido a ligação de Sterling há cerca de meia hora, pedindo que ele preparasse e levasse a refeição até lá. Sem entender o motivo, ele correu para atender o pedido o mais rápido possível. — Deixe aí. Eu preciso sair agora. — Sterling respondeu, com a voz fria. Ele tinha sentido fome antes, mas agora o apetite havia desaparecido completamente. I
Clarice não conseguiu evitar pensar que Simão talvez tivesse alguma coisa, por menor que fosse, por Jaqueline. Caso contrário... Antes que pudesse concluir o pensamento, o toque do celular a trouxe de volta à realidade. Clarice olhou para a tela e viu o nome que aparecia. Suas sobrancelhas se uniram em um leve franzir de preocupação. Asher? Por que ele estava ligando? Embora surpresa, ela atendeu rapidamente. — Asher! Durante o período em que sua avó estava doente e depois que faleceu, Asher a ajudou muito. Clarice sabia que lhe devia um grande favor. — Desculpe incomodar tão tarde. — A voz de Asher era calma e gentil, quase como um bálsamo, e Clarice podia imaginar aquele sorriso reconfortante no rosto dele. — O que houve? Aconteceu alguma coisa? — Clarice perguntou, sentindo uma pontada de apreensão. — Não, nada grave. — Ele hesitou por um momento antes de continuar. — Só queria saber se você está ciente de que Sterling, Simão e Valentino saíram para beber hoje à noite.
Teresa engasgou com a resposta de Clarice, sentindo-se um tanto constrangida. — Se você realmente pode decidir por ele, eu te falo agora. Mas, se não tem essa autoridade, chame-o logo para atender. Caso contrário, quem vai se arrepender é você! — Clarice respondeu com frieza. Clarice sabia muito bem quais eram as intenções de Teresa, mas naquele momento ela não tinha paciência para jogos. Seu único objetivo era terminar aquele casamento o mais rápido possível. — Por que está sendo tão grossa comigo? — Teresa mudou o tom de voz de repente, soando quase como se estivesse prestes a chorar, sua fragilidade forçada transparecendo. Clarice imediatamente percebeu o motivo. Sterling havia chegado. Ela não conseguiu evitar um sorriso irônico antes de responder: — Só para constar, eu gravei toda a nossa conversa. Então, nem tente me acusar de algo que eu não fiz. Ela sabia que o divórcio estava próximo e, por isso, não tinha mais receio de expor a verdadeira face da rival. Não havia
O rosto de Teresa ficou rígido, revelando um desconforto evidente. Por que Sterling, de repente, estava tão apressado em traçar uma linha tão clara entre eles? — Sterling... Eu... — Teresa tentou se explicar, mas as palavras simplesmente não saíram. Sterling lançou a ela um último olhar frio antes de virar as costas e sair do quarto. Ao atravessar as portas do hospital, ele pegou o celular e ligou para Isaac. — Sr. Sterling. — Descobriu alguma coisa? — Seu celular tem um registro de bloqueio de chamadas. Na verdade... O número da pessoa foi colocado na lista de bloqueio. — Isaac explicou, hesitante. — Cuide da alta da Teresa. — Sterling disse em um tom gélido, encerrando a ligação imediatamente. Durante os dias em que esteve em Cidade F, trabalhando enquanto a avó de Clarice falecia, ele não percebeu que alguém havia mexido em seu celular. Por causa disso, ele não recebeu as ligações de Túlio. Quanto a Clarice, ele sabia que ela o odiava o suficiente para não ligar para e
— Quem te ligou agora? — Clarice desviou a pergunta com outra. — Foi a mãe do Sterling. — Túlio respondeu, o tom de voz claramente carregado de desagrado. — Ela sabe sobre o meu divórcio com Sterling? — Clarice perguntou, lembrando-se de como Virgínia havia tentado prejudicar a gravidez dela. Para Clarice, aquela mulher não tinha a menor dignidade para ser chamada de mãe. — Eu não contei, nem pretendo contar. Clarice achou aquilo estranho. — Por quê? Ela era a mãe de Sterling. Por que esconder algo assim dela? — Sterling nunca te falou sobre a relação dele com Virgínia? — Túlio retrucou com outra pergunta. Clarice ficou em silêncio por alguns instantes antes de balançar a cabeça. Sterling a desprezava. Como ele poderia contar coisas tão pessoais a ela? — Na verdade, ela não é a mãe biológica do Sterling. — Túlio suspirou profundamente. Ele olhou para o rosto de Clarice e, após uma breve hesitação, continuou. — A mãe dele morreu quando ele ainda era muito pequeno. Depoi