Simão ajeitou o corpo na cadeira, enquanto seus longos dedos deslizavam levemente pela borda translúcida da taça de vinho. Havia algo em seus movimentos que parecia carregar histórias não contadas e sentimentos nunca resolvidos.
No coração de Rita, surgiu um pressentimento ruim, algo que ela não conseguia afastar. Em seguida, a voz dele soou baixa e suave, quase como um sussurro ao seu ouvido:
— Você deve saber que, nas famílias como as nossas, as decisões sobre casamento geralmente vão além dos sentimentos pessoais. Elas são cercadas pelo peso das responsabilidades e expectativas familiares. Por isso, não importa muito se existe ou não uma mulher que eu ame no fundo do meu coração. O que realmente importa é que a nossa união seja aprovada pelos nossos pais e que, no mínimo, possamos manter um tipo de convivência onde não nos detestemos.
Enquanto Simão falava, seu olhar se perdeu em algum ponto distante, como se atravessasse o espaço em busca de alguém que só ele podia enxergar.