Capítulo Seis

Isabel Ferreira

Quando cheguei cumprimentei Berta na cozinha, ela logo me sorriu com uma caneca fumegante daquele delicioso café.

— Eu sabia que você não rejeitaria uma xícara dessa maravilha. – Ela sorriu para mim.

— Está brincando? Esse café é maravilhoso.

Terminei de tomar o meu café e como vi que ainda estava cedo, fiquei na cozinha conversando com Berta, uma menina que ajuda na arrumação da casa chegou e ficamos conversando até que Thiago chegou com a cara de quem chupou limão, rapidamente a menina correu e eu permaneci ali, já que não estava fazendo nada de errado. Ele me chamou e eu sabia que lá vinha bomba e estava certa.

Conversei com senhor a respeito dos benefícios da dança, mas ele estava irredutível e ainda veio com uma conversa sobre dança clássica o que me fez perceber que ele não conhece o próprio filho, depois de deixar tudo acordado chamei Pietro que já estava se arrumando, desci novamente e fui pra cozinha pegar seu lache.

— Por que está com essa cara? – Berta me pergunta quando viu o meu semblante.

— Estou um pouco chateada, mas é como diz o ditado: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.” – Dei um longo suspiro e peguei a lancheira de Pietro.

Subi mais uma vez atrás de Pietro, mas antes que eu chegasse ao seu quarto ele já estava descendo o deixei tomando seu café enquanto fui tirar o carro da garagem, não demorou muito ele apareceu e entrou. Durante o trajeto percebi que ele estava quieto e chamei a sua atenção.

— Assim que sair da escola, nós iremos para a consulta no oftalmo – ele olhou para mim e não respondeu — meu amor, o que houve?

— Bebel, eu não quero usar óculos. – Então era isso, dei um sorriso para ele.

— Por que? Você vai ficar lindo e vai aparecer ainda mais inteligente –  Pietro sorriu sem graça, ele é muito acanhado.

— Mas e se eu só ficar com cara de nerd? Todo mundo vai rir da minha cara.

— Eu assisto um canal no youtube chamado Dharman, lá tem muitas histórias legais e uma das frases que eles usam muito é: “Os nerds de hoje, são o maneiros de amanhã.” não me lembro muito bem de cabeça, mas é mais ou menos isso. – Ele sorriu. — E mais uma coisa, as meninas adoram garotos de óculos. 

Estacionei o carro em frente a porta da escola e toquei a ponta do seu nariz o fazendo rir, assim que constatei que ele entrou, voltei para a mansão do pai dele e só de saber que o senhor Thiago não está em casa já é um grande alívio, quando estava subindo para a sala de estudos de Pietro encontrei a menina que estava conversando comigo mais cedo e me lembrei o seu nome, como pude esquecer o nome da menina já que é semelhante ao da minha irmã.

— Você, me parece cansada, está precisando de ajuda? – Perguntei a ela que sorriu  sem jeito.

— A senhora Josefa, não se sentiu bem hoje e precisou se ausentar, mas não se preocupe comigo eu darei conta da limpeza – mesmo ela dizendo que estava tudo bem percebi que ela estava sobrecarregada, então peguei o espanador e perguntei onde ela gostaria que eu espanasse.

Assim que terminei de ajudá-la, estava na hora de buscar Pietro, cheguei a escola e ele perguntou se seus amigos poderiam ir jogar na sua casa, liguei para o meu chefe que atendeu rapidamente.

— Aconteceu alguma coisa com o meu filho? – Ele perguntou e eu neguei, meu chefe é muito emocionado, nem esperou que eu dissesse o motivo da minha ligação, deixei ele se acalmar.

— Pietro pediu permissão para levar alguns amigos para jogar mais tarde. – O senhor Thiago ficou mudo por alguns instantes.

— E as tarefas? – Ele perguntou.

—  Após voltarmos do oftalmo, o ajudarei.

— Tudo bem, mas fique atenta ao tipo de jogos que eles jogarão. – Disse a ele que tudo bem.

Desliguei o celular e disse aos meninos que estava autorizado, falei com a mãe deles e acertamos o horário, antes de partirmos para o oftalmo, almoçamos em uma pensão e fomos para o exame como eu previa ele realmente está com um pequeno problema que poderá ser corrigido com a ajuda de óculos, Pietro escolheu a sua armação ele estava com vergonha, então para ajudá-lo, retirei as minhas lentes e peguei o meu óculos, ele olhou para mim sem entender e expliquei que uso óculos desde pequena.

— Nossa, tia! Seus óculos são maneiros. – Agradeci a ele com um sorriso.

— Se você me prometer que usará seu óculos direitinho, eu usarei os meus – ele concordou e me ensinou o seu toque secreto.

Já em casa preparei tudo o que precisava para que os meninos estivessem confortáveis durante o jogo, antes que eles pudessem começar a jogar os adverti a respeito de algumas regras e depois dei liberdade para eles ficarem em paz.

Antes que eu chegasse a cozinha minha irmã Camila ligou me convidando para jantar com a sua namorada, tentei recusar, mas ela disse que não aceitava não como resposta.

— Tudo bem Cami, eu vou, agora me deixe trabalhar.

— Te espero as oito irmãzinha, beijos minha linda. – Desliguei o celular e fui para a cozinha pegar o lanche das crianças.

Cheguei a cozinha e Roberta me entregou uma bandeja repleta de guloseimas e a agradeci, levei as comidinhas para eles e me sentei para observar os três jogando, minha amiga Aly iria adorar, já eu sou uma negação com jogos, eles usavam uns termos estranhos que não entendo absolutamente nada, um tempo depois olhei para o relógio e  vi que estava perto da mãe deles chegarem, então ficamos na sala conversando até que a campainha tocou e os levei até a porta.

— Obrigado Bebel, o meu pai não gosta que eu traga amigos para casa e hoje foi muito legal. – Pietro estava muito animado e eu acabei sorrindo.

— Que bom que está contente agora, vá tomar banho, em breve seu pai chegará.

— Estou indo agora. – Ele subiu e eu me aprontei para ir para casa.

Lembrei que preciso lavar roupas, pois estou quase sem roupas, tenho certeza que se Luana visse a minha bagunça ela iria ficar possessa, Lua tem obsessão por limpeza, ela inclusive começou um tratamento psicológico, para tentar amenizar a sua mania. Senhor Thiago chega e eu vou para casa, no meio do caminho o pneu de Moniquete resolveu estourar, estava prestes a ligar para o meu cunhado que é meu salvador quando meu celular tocou.

— Alô! Quem fala? – Atendi sem verificar o visor.

— Isabel é o Thiago, desculpa te ligar assim, mas eu preciso muito de você. – Acho engraçado isso, quando a pessoa precisa da outra até o timbre de voz modifica.

— Senhor Thiago, infelizmente não terei como atendê-lo estou no meio da estrada com a Moniquete, ela furou o pneu e vou ligar para o meu cunhado, mas diga o que precisa se for algo que eu possa fazer a distância para o senhor eu farei.  – O telefone ficou mudo por alguns instantes.

— Na verdade eu preciso muito da sua ajuda, meu amigo me convidou para darmos uma saída e eu não tenho ninguém para poder ficar com Pietro, será que você não poderia me fazer esse favor, como será fora do seu expediente eu te pago a hora extra. – Quando ele diz isso eu fico pensativa, não pelo dinheiro em si, mas porque as meninas me contaram que ele vive recluso em casa e a sua única diversão é jantar de negócios o que deve ser uma coisa muito entediante.

— Olha senhor, vou tentar resolver meu problema aqui e retorno, tudo bem?

— Eu irei ajudá- la, me dê a sua localização – assim que o informei onde estava e desligamos, entrei em meu carro e fiquei esperando por ele.

'Você está esquecendo de algo' meu subconsciente meio que ralhava comigo e eu não sabia o motivo.

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