A tarde estava quente, e o ventilador girava preguiçosamente no canto da sala enquanto Matteo empurrava mais uma caixa para o centro do apartamento. O pequeno espaço, que eu havia chamado de lar por tanto tempo, agora parecia diferente, quase irreconhecível com as paredes nuas e os móveis desmontados. Era estranho pensar que, em breve, ele não seria mais meu.
— Você tem certeza que quer mandar esse móvel para o seu vizinho? — Matteo perguntou, apontando para o rack que já estava encostado perto da porta. Ele me observava com aquela expressão meio desconfiada que fazia sempre que achava que eu estava escondendo algo.
— Tenho. — respondi, tentando parecer decidida. — Ele estava precisando de um e... bem, eu não vou levar isso para a Itália. Faz sentido que fique com ele.
Matteo apenas assentiu, mas não parecia convencido. Ele voltou a se concentrar na caixa de livros à sua frente, deixando o ar carregado de uma pergunta não feita.
Suspirei e me sentei no chão, passando as mãos pelo cabel