As conversas ao redor fluíam naturalmente, mas o coração de Amara começou a bater num ritmo fora do compasso. Forte. Quase descompassado.
Era como se as palavras alheias tivessem um poder que ela ainda não compreendia.
"Como essas pessoas percebem que Pitter me olha diferente?" — pensou, caminhando devagar, como se seus passos pudessem disfarçar a inquietação que crescia dentro dela.
E completou, quase num sussurro interior:
"Além disso… com os olhos de um marido apaixonado?"
Antes que pudesse se afundar nesse pensamento, um novo comentário cortou o ar como uma flecha maldosa:
— Talvez os olhos daquela garota não sejam lá muito bons!
Amara mordeu os lábios, buscando compreender. Mas a expressão logo ganhou um tom mais leve, o suficiente para que Pitter notasse e franzisse a testa.
Alguém, numa tentativa de consertar a situação, interveio:
— Não diga isso! São lindos juntos. Um belo casal!
A frase ficou suspensa no ar, como um fio invisível prestes a se romper. E então, veio o golpe