Lorenzo Narrando...
A tarde avança devagar, densa, como se cada minuto estivesse preso num tipo de viscosidade irritante. Eu trabalho, reviso, assino, confiro projeções, reescrevo trechos de discursos que a equipe de comunicação insiste em tentar deixar “mais acessíveis”. Acessíveis demais, inclusive. A última coisa que eu quero é soar como alguém tentando agradar.
O evento 4 de julho vai acontecer amanhã, na capital Sacramento, no Capitol Mall ( Calçadão do Capitólio), está tudo certo, tudo como planejado. Há um padrão. E eu sigo padrões.
Quase duas horas se passam quando o meu celular toca, e o nome na tela me faz soltar um suspiro fundo.
Atendo.
— Heitor.
— Meu filho. — A voz do meu pai vem firme, carregada — Está tudo preparado para amanhã?
Me encosto na cadeira, ajeitando a postura.
— Está, sim. Todas as apresentações revisadas, números fechados, segurança reforçada. Tudo vai correr como o planejado.
— Espero que sim. — A resposta vem rápida. Ele nunca foi de flo