Sarah
O jardineiro, um senhor atarracado e de olhos castanhos claros, que agora sei se chamar Sandro, me olha como se eu tivesse acabado de criar chifres.
— A senhora quer o que? — ele guincha, os olhos se desviando para a terra pronta que ele estava para mexer.
— Jogar as cinzas, no canteiro que está preparando. Eu pesquisei, é possível. — Digo, tentando não soar desesperada.
Rui ao meu lado se remexe, um pouco impaciente.
— Senhora... tem certeza? — ele me indaga, o sotaque mal trabalhado do que acredito ser um italiano bem enraizado.
— Deixe de ter teimoso homem! — Rui brada com o outro, me assustando — A casa é dela e se ela quiser pôr fogo nessas flores, ela vai fazer.
O rosto de Sandro vai ficando vermelho de um jeito preocupante e eu me sinto um pouco mal por ele.
Não é justo eu ficar me intrometendo em seu serviço.
— Minha mãe era uma amante das flores e teve pouquíssimas chances ou nenhuma, para ser bem sincera, de apreciar as coisas belas da vida. — Pauso, controla